Quando o vereador Erico Velten (PDT) usou a tribuna da Câmara há algumas semanas para sugerir que a Guarda Municipal, em parceria com a Polícia Rodoviária Estadual, realize bloqueios na RSC-287 para facilitar a travessia pelos estudantes nos horários de pico, muita gente criticou. Na hora, seus colegas Talis Ferreira (PR) e Rose Almeida (PSB) atacaram a proposta, lembrando que os agentes devem atuar apenas na segurança patrimonial dos prédios da Prefeitura. Se, durante uma dessas operações ocorresse um acidente, o Município seria responsabilizado por submetê-los a risco de vida.
Dias depois, os guardas fizeram uma experiência, Talis viu e cobrou o prefeito, que determinou a suspensão da atividade. Desde então, o assunto vem provocando trocas de acusações. O fato é que atravessar a rodovia é uma tarefa perigosa, principalmente para as crianças, e a Polícia Rodoviária não tem efetivo para fazer os bloqueios. Até por que teriam de ocorrer em pelo menos dois locais, no começo e no fim de cada turno escolar, nos momentos de fluxo mais intenso de carros, ônibus e caminhões.
Falta de pessoal
Semana passada, o secretário Edar Borges Machado, ex-comandante da Brigada Militar e uma das maiores autoridades em trânsito do Estado, esclareceu a situação. Em entrevista ao Jornal Ibiá, ele disse que os agentes da Guarda podem, sim, realizar este trabalho em parceria com a PRE, já que a Prefeitura assinou o convênio do Sistema Integrado de Segurança com os Municípios (SIM). Por outro lado, explica que faltam agentes para realizar as operações.
Tragédia anunciada
As principais vítimas são os filhos de moradores do bairro Panorama que estudam nas escolas Dr Valter Belian e AJ Renner. Diante dos riscos, o presidente da União Montenegrina de Associações Comunitárias, Airton de Quadros, que mora no bairro, tem colocado a própria vida em risco para freiar os carros e caminhões e tornar a travessia menos arriscada. Por mais bem intencionado que seja, hora dessas, ele vai acabar provocando um engavetamento no local, pois não é uma tarefa que possa ser feita sozinho, sem a ajuda de cones de sinalização, por exemplo, e mais pessoas devidamente identificadas.
Bem pagos
O fato é que, até agora, Quadros é o único que está fazendo algo para minimizar os riscos, ainda que o efeito de suas intervenções possa ter o efeito contrário. Enquanto nossos políticos ficam trocando farpas e as crianças arriscando suas vidas, é ele que, solitário, vem agindo. Os guardas municipais são hoje uma das categorias mais bem remuneradas da estrutura da Prefeitura e suas funções se limitam basicamente a de porteiros. Será mesmo que são tão indispensáveis nesse papel que não podem ser empregados em “serviços de verdade”, que pelo menos justifiquem seus salários superiores a R$ 5 mil? Muitos adorariam ajudar mais.
Transporte escolar
A Prefeitura tem, assim como o governo do Estado, o DEVER de garantir a segurança destes alunos. Se os dois entes não possuem agentes em número suficiente para promover bloqueios, precisam pensar num plano B. O transporte escolar seria uma boa alternativa. A lei determina que o benefício só seja alcançado a quem reside a mais de um quilômetro da escola que frequenta. Provavelmente a distância entre as casas e as duas instituições é menor, mas também é verdade que estes alunos estão correndo um risco potencialmente muito maior que todos aqueles que usam os ônibus. Bom senso, por favor! Ou vão esperar que alguém morra?
O futuro do Parque e do Baixio
O vereador Cristiano Braatz (MDB), presidente da Câmara, acompanhou a votação da lei que entrega à iniciativa privada a conservação de parques, praças e outros espaços públicos de Porto Alegre. Ele voltou de lá convencido de que o mesmo pode ser feito em Montenegro, com o Parque Centenário e o Balneário Municipal. Os recursos que hoje são investidos nestes espaços poderiam ser aplicados em outros setores, como a Saúde e a Educação. Para manter tudo funcionando, os vencedores das concorrências seriam autorizados a cobrar pelo uso dos ginásios e dos demais espaços e a organizar eventos, como grandes shows. Braatz defende um debate sobre o assunto, para resolver os problemas com “responsabilidade” e “pés no chão”.
Mau exemplo – A proposta é polêmica e certamente vai render críticas ao autor. A simples concessão do espaço não costuma funcionar muito bem e o próprio Balneário Municipal é um exemplo disso. A Prefeitura não consegue achar pessoas dispostas a explorá-lo em troca do pagamento das contas de água e luz. Como a cobrança de ingressos é proibida, possivelmente o negócio não seja lá muito rentável, já que o uso se concentra mesmo nos três meses do verão.
Pensar muito – Quanto ao Parque, ele é a única opção de lazer ao alcance da maioria dos montenegrinos. Entregá-lo à iniciativa privada poderia reduzir seu uso pela população diante da necessidade do pagamento de ingressos. Como disse o vereador, é tema para um debate e não para decisões levianas. Em Porto Alegre, a discussão levou quase dez anos.
RAPIDINHAS
– As eleições do Conselho Tutelar, marcadas para outubro, devem ser uma prévia da disputa à Câmara de Vereadores, que ocorrerá exatamente um ano depois. Para muitos candidatos, será um aquecimento e um teste para voos – e salários – mais altos.
– O vereador Felipe Kinn da Silva (MDB), que há meses vem articulando a reabertura do posto de identificação, não vê a hora de vê-lo funcionando novamente. Tem colegas dele, que trabalharam bem menos por isso, prontinhos para “batizar a criança”.
– Nos últimos dias, dois dos três senadores gaúchos anunciaram a destinação de verbas do orçamento da União ao Hospital Montenegro. Lasier Martins (Podemos) e Luiz Carlos Henize (Progressistas) já contribuíram. Só falta Paulo Paim, do PT.
– Aliás, na noite em que abonou a ficha do prefeito Kadu Müller, Heinze disse que está à disposição do Vale do Caí, mas ainda é pouco procurado pelas lideranças da região em Brasília.
– A Prefeitura de Montenegro precisa dar uma atualizada em seu portal. Até ontem de manhã, não havia sequer um link na capa para levar os internautas direto à guia para pagamento do IPTU. A cota única vence dia 30 e os carnês não foram entregues.
– É grande a expectativa para o depoimento do farmacêutico Alexander Ostroga amanhã na CPI do Plano de Carreira. Dizem que ele tem informações sobre a época da implantação do projeto com potencial para “estragar” o dia de muita gente.
– Lideranças do Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico querem saber onde anda a lei de incentivos a quem conservar seus prédios antigos. O prefeito recolheu a matéria da Câmara em março para avaliar o impacto das isenções de IPTU e não deu mais satisfações.
– A sala de reuniões da Câmara terá o nome de Janete Hoerlle Zirbes. A iniciativa do presidente Cristiano visa homenagear a ex-funcionária, falecida recentemente, por seus mais de 20 anos de competente dedicação ao legislativo montenegrino.
– Parem de reclamar das melhorias que estão ocorrendo nas esquinas da Ramiro Barcelos. Toda obra gera algum nível de transtorno.