As nuvens cúmulo-nimbus são típicas de tempestades. Por possuírem grande desenvolvimento vertical – até 15 quilômetros de altura – de longe, seu formato assemelha-se ao de uma gigantesca bigorna. Este tipo de formação normalmente é caracterizado por fenômenos meteorológicos extremos, como vendavais com muitos raios e chuva volumosa, além de granizo. Temperaturas elevadas e umidade alta são seus principais ingredientes e, embora sua formação seja rápida, já dá perceber a aproximação no cenário político montenegrino. Antes mesmo das eleições, em outubro – que deveriam ser o fato mais importante do ano – os ventos irão soprar forte. Partidos e lideranças com telhado de vidro e outros “materiais” menos resistentes sentirão seus efeitos primeiro.
Cumprimento da lei
A intempérie deve começar já no mês de fevereiro, com o fim do recesso na Câmara Municipal. Na primeira sessão do ano, suas excelências irão votar a admissibilidade de mais um pedido de Impeachment contra o prefeito Kadu Müller. Subscrito pelo líder comunitário João Santos, o documento acusa o chefe do Executivo de improbidade por não ter feito as atualizações do Plano Diretor. Embora o requerimento esteja bem formatado, há dúvidas consistentes sobre a viabilidade de cassar um prefeito pela inobservância de uma lei. 99,9% dos gestores estariam com seus mandatos ameaçados e, em Montenegro, nenhum governante chegaria ao fim da gestão.
Pela janela
Antes das chuvas mais pesadas, o prefeito Kadu terá uma chance de reforçar seu “telhado”. É que, no dia 5 de março, será aberta a chamada “janela partidária”, período de 30 dias em que os atuais vereadores poderão trocar de partidos sem o risco de perderem os mandatos. Como, em ano eleitoral, quem não tem o apoio da “máquina” larga em desvantagem…
Custo-benefício
O horizonte não é tempestuoso só para o prefeito. Também alguns vereadores precisam mostrar trabalho para merecerem novo mandato. Considerando os valores gastos nos salários de cada parlamentar e de seu assessor, cada um alivia o contribuinte em cerca de R$ 120 mil por ano. Na relação custo-benefício, é provável que muitos eleitores não estejam satisfeitos. Basta analisar as poucas leis que suas excelências propuseram nestes três primeiros anos de mandato.
Devargar, quase…
E por falar em serviço, a Câmara está em dívida com a população. Instalada em março de 2019, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Plano de Carreira não foi concluída ainda. Se caminhar no mesmo ritmo, a CPI da Coleta do Lixo, a ser iniciada em fevereiro, será concluída só na próxima legislatura. Aceleeeeeera…
Exercício de imaginação
Como na política tudo é possível e algumas lideranças ligadas aos ex-prefeitos Paulo Azeredo e Luiz Américo Aldana – ambos cassados – sonham desde sempre em apear também Kadu Müller do cargo, é providencial fazer um exercício de imaginação. Supondo que o processo de Impeachment seja instalado, a Câmara terá três meses para fazer as apurações e elaborar um relatório. Na hipótese de a cassação ser recomendada e aprovada, em maio, quem estará no governo será o atual presidente da Câmara, Neri de Mello Pena. Ele exercerá o mandato por até 30 dias, período no qual deverá convocar eleições indiretas.
Poucos votos
Avançando um pouco mais, é importante explicar que, na eleição indireta, só quem vota são os dez vereadores. Os candidatos deverão ser apresentados pelos partidos legalmente constituídos e podem ou não ser integrantes do próprio legislativo. Havendo mais de um nome, vence aquele que tiver mais votos entre os dez legisladores. Na prática, significa que o prefeito da cidade entre junho e dezembro pode ser escolhido por apenas seis pessoas ou até menos, dependendo da configuração do pleito e do apetite das legendas.
Múltiplos interesses
Em meio a tudo isso, os partidos estarão envolvidos com a escolha de seus candidatos a prefeito para as eleições marcadas para o dia 4 de outubro. O limite para a realização das convenções é 5 de agosto. Obviamente que, na primeira disputa, indireta, as legendas tentarão emplacar alguém que pode ajudar a eleger seu candidato logo à frente. Em caso de cassação, o atual prefeito estaria automaticamente fora da disputa.
Perdas e danos
É natural que as pessoas estejam preocupadas. As nuvens negras que já podem ser avistadas deixam a certeza de que, ao final de tudo isso, a cidade terá sido fortemente danificada, especialmente em sua imagem, o que pode afugentar investidores e varrer empregos. Alguém se importa?
Vingança?
É muito difícil afirmar com segurança se as irregularidades de que o prefeito e seu grupo são acusados fazem sentido ou não. O que se sabe, porém, é que os últimos requerimentos de cassação foram apresentados por pessoas que haviam tentado emprego no governo e não conseguiram.
Ao trabalho
Até os opositores reconhecem o fôlego do ex-prefeito Percival de Oliveira para o trabalho. Enquanto alguns pré-candidatos se limitam a dar as caras às vésperas do pleito, ele segue com suas visitas ao eleitor, mesmo quando não está exercendo mandato algum. Se Deus ajuda a quem madruga, Percival parece disposto a garantir o máximo de apoio divino.
Aquecimento – Sexta-feira passada, Percival e a delegada regional do Trabalho, Diandra Lopes, uma das lideranças do PRB na cidade, compartilharam uma foto nas redes sociais. “Ano Novo, não podemos desperdiçar tempo. Temos objetivos e metas a serem alcançados”, diz a legenda.
RAPIDINHAS
Vereador Cristiano Braatz (MDB) anda um pouco decepcionado com a política partidária em Montenegro. A ponto de estar repensando sua disposição de buscar um segundo mandato na Câmara.
Até o fim do recesso parlamentar, dia 31 de janeiro, a Câmara opera em turno único, das 7h às 13h. Em relação à escala normal (das 8h às 12h e das 13h30 às 16h30), é uma hora a menos por dia, sem redução propocional de salários.
A demarcação das vagas de estacionamento do Centro, visando a cobrança pelo uso do espaço, está deixando alguns motoristas apreensivos. A partir de fevereiro, quem deixar o carro “de qualquer jeito” na rua terá o veículo guinchado. Está na lei há muito tempo, mas finalmente haverá fiscalização. E punição.
Alguns internautas criticam quando a Prefeitura publica fotos nas redes sociais mostrando os serviços que realiza. Alegam que não é preciso fazer propaganda de algo que é sua obrigação. São os mesmos que vivem dizendo que a cidade está abandonada. Parece até que reclamar se tornou um fetiche.
O PR (Partido da República) mudou o nome e voltou a se chamar PL (Partido Liberal). Seu principal expoente em Montenegro é, por pouco tempo, o vereador Talis Ferreira.