Não convidem o vereador Valdeci Alves de Castro, do PSB, e o secretário municipal de Viação e Serviços Urbanos, Jackson Oliveira dos Santos, para um churrasco. Ou, por medida de segurança, escondam primeiro os espetos e as facas. O ar fica tão pesado quando estão no mesmo ambiente que é quase possível fatiá-lo, como se fosse um pedaço de manteiga fresca. As rusgas entre os dois não são novas, mas a temperatura dessa relação vem subindo rapidamente nas últimas semanas. Valdeci acredita que está sendo preterido no atendimento aos seus pedidos de providências e resolveu eleger o secretário como Cristo. Se pudesse, já o teria açoitado e pendurado na cruz.
Exagerado – De acordo com outros vereadores, Valdeci exagera nas críticas. O fato é que ele apresenta tantos pedidos que seria impossível atendê-los mesmo que toda a estrutura da Secretaria estivesse à sua disposição. Semana passada, os dois chegaram a discutir durante uma reunião no Legislativo, a tal ponto que foram aconselhados por Rose Almeida, também do PSB, a “almoçarem juntos” para se entenderem. Felizmente, não atenderam a sugestão, pois as facas do restaurante poderiam ter outro uso.
Ex-queridinho – Um antigo ditado popular ensina que, “na casa onde falta o pão, todos brigam e ninguém tem razão”. É o que está acontecendo. A comunidade inteira vem reclamando da má conservação das ruas e das estradas do interior e muitos recorrem aos vereadores em busca de soluções. Como a Prefeitura não consegue atender a todos os pedidos, a gritaria daqueles que ficam para trás aumenta. Valdeci, que já teve o parque de máquinas a seus pés, parece que deixou de ser o “queridinho” do governo e tem dificuldade de assimilar esta nova condição.
Parceria – O que os vereadores precisam entender é que as demandas do interior e da zona urbana não podem ser atendidas com base na gritaria que fazem. Devem obedecer a um planejamento que leve em conta as necessidades mais urgentes da população. Semana passada, por exemplo, moradores de Lajeadinho foram ao prefeito e se colocaram à disposição para ajudar as equipes de servidores. As chances crescem quando é possível firmar parcerias. A estrada de lá está em obras.
Gestão – Óbvio que também há problemas de gestão. O prefeito Kadu já está há mais de um ano no poder e continuam os problemas de máquinas paradas e de falta de materiais. Quinta-feira, durante a entrega do troféu Jacob Renner, pela ACI, o chefe do Executivo fez um discurso em que citou a burocracia e a herança dos governos anteriores como obstáculos. A rapadura é doce, mas não é mole!
Oportunismo – Que as pessoas sérias estão em extinção na política, todos sabem. No entanto, os fatos insistem em comprovar a tese. Quinta, Josi Paz (PSB) foi à tribuna para falar sobre uma conquista. Por mais de um ano, ela gastou sola atrás da cedência de máquinas pelo governo do Estado para a realização de melhorias na estrada que leva ao Assentamento 22 de Novembro, próximo ao Morro Montenegro. Bastou chegarem para um colega fotografá-las e publicar no Facebook como se fosse uma conquista sua. Total falta de ética.
Parasita – Este tipo de comportamento lembra o do chupim, uma pequena ave que coloca seus ovos nos ninhos de outras para não precisar chocá-los. Muitos o conhecem como “vira-bosta”.
Rapidinhas
* “Pronto projeto do Rotativo Pago”. Sério! É manchete de jornal, só que de Cachoeira do Sul, na região central do Estado. De acordo com a publicação, a implantação do serviço de cobrança deve ocorrer ainda este ano. Dá uma “invejinha”.
* A denúncia de que empresários estão pagando a distribuição de mensagens falsas na internet, como forma de apoiar o candidato Bolsonaro, fez muito petista vir a público denunciar o suposto caixa 2. Para quem sempre disse que caixa 2 não é crime, até que andam bem incomodados. Nada como um dia após o outro.
* Nesta segunda-feira, o prefeito Kadu vai sancionar a lei que permitirá a adesão do Município ao Susaf. A partir de agora, a própria Prefeitura poderá autorizar a venda, a consumidores de outras cidades, de produtos de origem animal fabricados no Município. Será às 14h, na Secretaria de Desenvolvimento Rural.
* Na Secretaria de Desenvolvimento Rural, está em estudo ainda a possibilidade de terceirizar a emissão dos Certificados Fitossanitários de Origem. O documento é necessário para a comercialização de citros em outros estados e o custo hoje fica por conta de cada produtor rural. É um pedido que vem sendo feito há mais de dez anos.
* De cima da tribuna, o vereador Juarez da Silva (PTB) solicitou que os colegas tentem enxergar também as coisas boas do governo. Faz coro a um apelo do próprio prefeito, incomodado com o fato de a imprensa, a oposição, os montenegrinos enfim, não verem a maravilha em que a cidade se encontra.
* Na próxima quinta-feira, dia 25 de outubro, a Câmara Municipal de Vereadores promoverá uma sessão solene para comemorar os 60 anos de atividades da Comauto, a revenda Volkswagen de Montenegro. Será às 19h, na Usina Maurício Cardoso, sede do Legislativo. O evento é aberto à comunidade.
Chacall desabafa
Insatisfeito com seu desempenho nas urnas, o empresário Adairto da Rosa, o Chacall, publicou um vídeo nas redes sociais anunciando que resolveu deixar a política. Candidato a deputado estadual pelo PV neste ano, ele terminou o pleito com 3.266 votos, mas esperava bem mais. Acreditava que sua proposta de construção de uma central de abastecimento na região, semelhante à Ceasa, seria capaz de convencer a população de Montenegro e das cidades próximas a votar nele. Não foi o que aconteceu.
Cachaça e drogas – No vídeo, em tom de desabafo, Chacall quebra um porrete que carregou durante a campanha, onde estava escrito “educa político”, e diz que quem precisa ser educado é o eleitor. Chamou de “trouxa” a pessoa que pega dinheiro de um candidato de fora da cidade para fazer campanha e sugeriu que talvez teria sido eleito se tivesse prometido “praças com cachaça e droga” para as pessoas.
Malas prontas – Esta foi a quarta eleição de que Chacall participou. Ele estreou nas urnas em 2008, concorrendo a vereador. Nas duas disputas seguintes, em 2012 e em 2016, tentou se eleger prefeito de Montenegro, mas não teve êxito. A tristeza com o eleitor é tão grande que, inclusive, o político está deixando a cidade. Vai morar com a família em Imbé, no Litoral.
De volta à Praça
Merecem aplausos a direção da Biblioteca Pública Municipal, a Diretoria de Cultura e os demais setores envolvidos na volta da Feira do Livro à Praça Rui Barbosa. Certamente gostariam de oferecer ao público uma programação ainda mais intensa, como novas atrações, mas no cenário de penúria em que os cofres públicos se encontram, a simples realização do evento é uma vitória. Se o público não é maior, grande parte da responsabilidade é da população, que já não dá aos livros a importância que deveriam ter.