A falta de efetivo da Brigada Militar sempre foi um problema em Montenegro e no Vale do Caí como um todo. Apesar de sediarmos o comando regional e um Batalhão, além de uma escola de formação de soldados, a quantidade de PMs disponível para o policiamento ostensivo é insuficiente para enfrentar a criminalidade. Os índices de furtos, assaltos e até homicídios são turbinados pelo tráfico de drogas, o que deixa a população apavorada. Semana passada, a Câmara de Vereadores liderou mais uma iniciativa para enfrentar o problema. Em audiência com o secretário adjunto da Segurança Pública, Jorge Luiz Soares, solicitou que pelo menos alguns dos 420 alunos em formação na Esfes sejam mantidos na região quando terminarem o curso. Soares não assumiu nenhum compromisso, mas pareceu convencido de que a necessidade é real. Embora devesse ser tomada com base em critérios técnicos, a decisão é política e, nesta hora, quem chora mais tem maiores chances. Ponto para os vereadores, sobretudo para o petebista Juarez da Silva, idealizador do movimento.
Migração – Embora as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública indiquem que 85% dos crimes ocorrem na Região Metropolitana de Porto Alegre, a migração da violência para o interior é uma realidade incontestável. Até porque, como resposta, é em Porto Alegre que estão os maiores efetivos e para onde são escalados os agentes da Força Nacional de Segurança Pública. Por outro lado, com a guerra de facções transformando a capital em um terreno mais perigoso para os próprios bandidos, é natural que eles procurem outros “mercados”.
Incentivo – Durante a reunião com o secretário adjunto, o presidente da Câmara, Neri Pena (PTB), lembrou que não existem montenegrinos entre os 420 agentes em formação. É compreensível que, uma vez aptos ao trabalho nas ruas, os novos soldados busquem lotação nas regiões onde estão seus familiares. Nossas lideranças precisam pensar no assunto e, talvez, estabelecer incentivos para que os jovens voltem a se interessar pela farda.
Omissão – Por mais importante que tenha sido a iniciativa das nossas lideranças, não há como ignorar a realidade. O Estado vive uma de suas piores crises e a quantidade de PMs que deixa a corporação por aposentadoria é maior que a reposição. Não é algo que será resolvido rapidamente. O que não quer dizer que não se deva fazer algo. Aliás, se as comunidades do Vale tivessem se mobilizado antes, a situação não teria chegado a este ponto. Antes tarde…
Ambiente favorável – As causas do aumento da violência são muitas, mas o Vale do Caí, formado hegemonicamente por pequenas cidades, possui características que despertam a cobiça dos bandidos.
– O poder aquisitivo das famílias é elevado, estimulando, entre outros crimes, os assaltos e os roubos de carros;
– apesar de deficitária, a insfraestrutura é boa. A região é cortada por várias rodovias, o que facilita as fugas e dificulta as operações policiais, por exigirem grande número de agentes;
– como a maioria das cidades ainda tem muitas propriedades rurais, não é difícil encontrar bovinos prontos para o abate, o que torna o Vale um cenário propício ao abigeato;
– em grande parte dos municípios, o efetivo da Brigada Militar é mínimo. Há turnos em que não existe sequer um policial em serviço.
Rapidinhas
* Eram verdadeiras as denúncias de que André Ferreira vinha exercendo irregularmente a função de assessor da Câmara sem ter sido nomeado. Tanto que já foi afastado. O que emperrou a admissão, por enquanto, não foi esclarecido.
* A Secretaria Municipal da Educação comprou briga com seus servidores ao determinar a abertura das escolas na manhã da Quarta-feira de Cinzas, quando os demais funcionários públicos estarão se recuperando da folia. Desta vez, a Smec pensou nos pais que não teriam com quem deixar as crianças.
* O contrato de exploração do transporte coletivo mantido entre a Prefeitura e a Viação Montenegro, vencido em janeiro, foi renovado por mais um ano. É o tempo que o governo terá para realizar nova licitação, que deveria ter sido feita em 2016. Ou seja, melhorias, só daqui a 12 meses. I-na-cre-di-tá-vel!
* Comerciantes, moradores e motoristas vão precisar de muita paciência esta semana. A Corsan fará a troca da rede da Ramiro Barcelos, entre a Santos Dumont e a Osvaldo Aranha, o que deve acabar definitivamente com os vazamentos. Como diz aquele velho ditado, “há males que vêm para o bem”.
* Vereador Talis Ferreira (PR) propôs a criação de uma CPI para investigar a construção do Loteamento Bela Vista, no bairro Estação. A maioria das casas se deteriorou rapidamente e várias obras de infraestrutura não foram realizadas. A execução ocorreu na segunda gestão do ex-prefeito Percival de Oliveira (2009-2012).
* Se alguém ainda tinha dúvidas de que um pedágio na BR-386 será um problema e não acabará com os congestionamentos, preste atenção: pelo plano em estudo no Dnit, a empresa que instalar as cancelas terá 12 – isso mesmo, 12 anos – para iniciar as obras de duplicação. Por 144 meses, só vai arrecadar.
Descaso com os doentes
A suspensão dos atendimentos pelos fisioterapeutas que prestavam serviços à Prefeitura provocou uma reação emocionada do presidente da Câmara, Neri Pena, o “Cabelo”. Os profissionais pararam porque, desde setembro, não são pagos. Na tribuna, o vereador criticou todos os governos (Estado, União e Município), falou alto e se emocionou.
Lembrou do seu próprio drama para conseguir atendimentos para a filha deficiente e que faleceu no ano passado. Cabelo disse que a menina nunca chorou ou reclamou, mas sofreu pelo descaso dos governos com as crianças. “Peguei essa bandeira das crianças e vou levar ela até o fim. Falo também como pai”, desabafou.
Poder – O discurso do vereador foi realmente emocionante, mas não basta apenas falar. Como presidente do Legislativo, Cabelo tem de usar o seu poder para pressionar o governo a pagar os profissionais e, desta forma, assegurar a volta do serviço. Em outros tempos, diante de situações tão graves, a Câmara chegou a boicotar a votação de projetos da Administração.
Taxistas X Uber
Vereador Talis Ferreira (PR) pretende realizar reuniões na Câmara para discutir os conflitos
existentes entre taxistas e motoristas do Uber. Separadamente, pois nem podem se ver que a situação descamba para a agressão. Segundo Talis, vai acabar ocorrendo uma tragédia em Montenegro durante as emboscadas que alguns taxistas vêm realizando para agredir os concorrentes. Ele também alega que a operação do Uber não traz qualquer retorno ao Município, uma vez que não pagam impostos e “levam nosso dinheiro embora”.
Mais ação – Também aí, não basta criticar. O vereador deve agir no sentido de resolver o problema. E isso só ocorrerá efetivamente quando houver uma regulamentação das atividades do Uber na cidade, tarefa da qual, inclusive, o próprio Talis pode/deve se incumbir. Verdade que dá mais trabalho, mas…
Agressões – Ainda que o Uber faça uma competição desleal com os taxistas, a comunidade deve ficar atenta. Promover emboscadas, depredar carros e agredir outros condutores é coisa de bandido e caso de Polícia. Este tipo de comportamente só denigre a imagem da categoria e sabota a confiança da população.