A situação em que se encontram espaços como o Parque Centenário, o Balneário Municipal, o acesso ao Morro São João e o Cais do Porto está deixando os montenegrinos irritados. Em todos eles, existem graves problemas de infraestrutura, que limitam seu uso e sonegam à comunidade as poucas opções de lazer de que ainda dispõe. E, neste contexto, é fácil procurar – e encontrar – culpados. Via de regra, é a Prefeitura que deve responder por isso, mas não apenas o atual governo, já que os problemas, a maioria deles, começaram muito antes do prefeito Kadu Müller ganhar poder de verdade, em 25 de setembro do ano passado. Basta puxar pela memória para compreender.
O Morro – A interdição da estrada Cláudio Kranz, que dá acesso ao topo do Morro São João, ocorreu em abril de 2011, após uma das maiores enxurradas já registradas em Montenegro. Na época, quem governava a cidade era Percival de Oliveira, que não resolveu o problema nos quase dois anos de mandato que lhe restavam. Depois vieram Paulo Azeredo e Luiz Américo Aldana, que também não deram a devida atenção ao principal símbolo da cidade.
O Parque – No Parque Centenário, o problema mais grave é a interdição do ginásio Domingos dos Santos e o sucateamento da rede de energia elétrica. O Domingão foi fechado para reformas em 2005, ainda no começo da primeira gestão Percival. Temporais e obras mal feitas, que resultaram em ações judiciais, mantêm o espaço fechado há – pasmem!!! – 13 anos. Nem Azeredo e nem Aldana deram um jeito. E ano passado, para piorar, a rede elétrica entrou em colapso por falta de manutenção e melhorias, mesmas razões que levaram ao fechamento do ginásio Azulão.
O Balneário – Já o Balneário Municipal Afonso Kunrath está sem ecônomo desde o ano passado porque o antigo, segundo a Prefeitura, não cumpria suas obrigações com o poder público e acabou sendo removido de lá via ação judicial. Contudo, quase um ano se passou e não houve abertura de um novo processo de cessão de uso do espaço. O Município alega que não tem recursos para as reformas necessárias. Ou seja, os mais humildes, que não vão para o litoral, não terão esta opção no verão.
O Cais – Em 2015, na gestão Paulo Azeredo, a Administração fez uma “limpeza radical” no talude. Toda a vegetação, que segurava as pedras, foi removida e os ambientalistas previram que a erosão causaria desmoronamentos. Demorou três anos e aconteceu. Esta semana, também a ponte sobre o Arroio Montenegro, que fica no local, cedeu. As duas situações eram previsíveis, mas o poder público não agiu a tempo. Falta de dinheiro ou de prioridade?
Aliás, com a impossibilidade de uso da ponte, a reabertura do Balneário se tornou ainda mais difícil, pela simples falta de acesso.
Corresponsável – Mas se a maioria dos problemas iniciou antes de Kadu Müller assumir efetivamente o cargo de prefeito de Montenegro, significa que ele não tem responsabilidade sobre eles? Nada disso! Na gestão Paulo Azeredo, Kadu foi secretário municipal de Indústria, Comércio e TURISMO. Logo, tanto o Cais do Porto quanto o Morro São João, o Parque Centenário e o Balneário Municipal estavam em sua esfera de atuação. Deveria ter pressionado por soluções. E se o fez, mas sem resultado, o melhor teria sido deixar a Administração. Pelo menos não teria de se explicar agora.
Rapidinhas
* Os apoiadores da candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência realizaram uma carreata em Montenegro no último domingo. Segundo as manifestações nas redes sociais, a atividade reuniu mais de 200 veículos. Neste sábado, dia 29, são os adversários dele, especialmente as mulheres, que prometem uma grande mobilização.
* A investigação sobre a acusação de extorsão e assédio feita por uma ex-assessora contra o presidente da Câmara de Vereadores, Erico Velten (PDT), avançou. A Polícia Civil já ouviu oito pessoas sobre o caso. Agora, falta apenas a versão do parlamentar, que será chamado para prestar depoimento nos próximos dias.
* Vereador Felipe Kinn da Silva (MDB) vai promover uma reunião na Câmara Municipal sobre o fechamento do posto de identificação de Montenegro. O governo do Estado realmente não cumpriu a promessa que fez ao parlamentar, de voltar a emitir as carteiras de identidade em 30 dias no Município.
* Embora tenham sido convidados, os partidos políticos não mandaram representantes para acompanhar a programação das urnas eletrônicas, esta semana. Provavelmente acharam melhor não ir para depois, em caso de derrota, poder questionar a confiabilidade do sistema.
Parindo fake news
O leitor já parou para pensar sobre como se produz uma Fake News? A concepção é simples e costuma levar em conta a falta de informação das pessoas e o desejo quase patológico que alguns têm de se sentirem “importantes”. O sujeito inventa uma mentira – por exemplo, a de que determinada entidade vai pedir o impeachment de um político – e começa a dizer aos conhecidos que “ouviu falar” a respeito. Se perguntarem a origem da informação, basta dizer que “viu nas redes”. A maioria acredita, sem maiores questionamentos ou checagem.
Verniz – Depois de uma rápida gestação, não mais do que alguns minutos, a mentira passa a ser compartilhada entre os contatos daqueles que a receberam primeiro, e viraliza. De repente, chega ao conhecimento de alguém com credibilidade, mas preguiçoso demais para conferir a autencidade. Esta pessoa repassa também e a informação adquire um verniz de verdade. Nasceu o monstrinho!
Arena – Infelizmente, a falta de escrúpulos vem se tornando regra na política e muita gente parece disposta a fazer qualquer coisa para prejudicar seus desafetos. As redes sociais, nas mãos destes manipuladores, viraram uma gigantesca arena, onde o campeão costuma ser aquele que mente mais.
PS – Qualquer semelhança com fatos que ocorreram no cenário político montenegrino esta semana não é mera coincidência.
O que menos importa
A campanha eleitoral deste ano tem sido muito mais pautada pelas trocas de ofensas e agressões gratuitas do que sobre a discussão dos planos de governo. Quando o assunto é violência, tudo parece girar em torno da liberação ou não da venda de armas. E o tráfico? E o contrabando? E as agressões que ocorrem dentro de casa? Será que a sociedade realmente acredita que tudo pode ser resolvido na bala?
E aí, candidatos? – Sem falar em outros temas, tão importantes quanto a segurança, como a manutenção do Sistema Único de Saúde, a qualificação do ensino, a geração de empregos, a alta carga tributária e o combate à corrupção. Sobre este último assunto, por sinal, é difícil ver os candidatos se comprometendo, por exemplo, com a autonomia do Ministério Público e a continuidade da Lava Jato. Sabemos por quê.
Estratégia – Levando em conta as tendências apontadas pelas últimas pesquisas eleitorais, não é difícil compreender o que está acontecendo. Os primeiros colocados e seus apoiadores brigam entre si por temas secundários e não precisam se manifestar sobre o que realmente importa. Já vimos esse filme antes.
Paternidade
Na últimas semanas, muita gente cobrou ações efetivas dos políticos da região por melhorias na ERS 411, a estrada que liga Montenegro a Brochier. Pois esta semana o Departamento de Estradas de Rodagem, atendendo aos apelos, iniciou uma operação tapa-buracos na rodovia. E não é que agora tem gente reclamando porque apareceram alguns eleitos assumindo a paternidade das obras? Afinal, o que importa mais: as melhorias ou quem as conseguiu?