Não teve padre, madrinhas chorando, roupas sociais e nem troca de alianças. Os noivos iniciaram o namoro no ano passado, mas havia restrições aos chamegos em ambas as “famílias”. Inclusive, a relação andava tão discreta que o enlace pegou muita gente de surpresa. Fofoqueiras até já diziam, nas redes sociais, que daquele “mato” não sairia “coelho”. Foi assim, sem pompa e circunstância, o casamento entre o prefeito Kadu Müller e o Progressistas, em jantar improvisado num restaurante da cidade, do qual participaram apenas “padrinhos” e os mais chegados. Numa cerimônia tradicional, o sacerdote teria encerrado a celebração com uma sentença, proferida em tom solene: “o que Deus uniu, não separe o homem, jamais!”. Na Política, contudo, são raras as uniões que duram “até que a morte” os separe.
Interesses – A adesão de Kadu ao Progressistas, na semana passada, é muito mais uma união por interesses do que relação de “amor”. O prefeito quer buscar a reeleição em 2020 e sabe que seu antigo partido, o Solidariedade, não possui a mínima estrutura para viabilizar a candidatura com chances de vitória. Como ele conhece muita gente ligada ao PP e a legenda pode lhe dar o apoio de que precisa, a filiação foi uma decisão natural.
Cargos – De outro lado, os progressistas têm seu apetite por poder aguçado por um longo jejum de seis anos. A legenda não manda em nada desde 2012, quando perdeu a eleição por 56 votos para Paulo Azeredo. Em 2016, com Gustavo Zanatta, terminou o pleito em terceiro lugar. Com Kadu filiado, certamente o partido vai retomar seu protagonismo na política local e ocupar alguns cargos na Administração.
Queimado – Ao levar Kadu para a legenda, os filiados do Progressistas podem estar “queimando” uma liderança em ascensão dentro da legenda. Ex-vereador, Gustavo Zanatta terminou o pleito de 2016 com 6.555 votos e sempre disse que gostaria de concorrer novamente ao comando do Executivo. Com a filiação do prefeito, as chances de conseguir o apoio do grupo diminuem bastante. Entre aceitar a condição subalterna de ser vice de Kadu e trocar de partido, a segunda opção deve prevalecer.
Traições – O ano de 2019 e o começo de 2020 serão de mudanças importantes na Política local. Também há vereadores dispostos a trocar de partido e só não o farão porque correm o risco de perder seus mandatos. Vão esperar a abertura da chamada “janela partidária”, um período de 30 dias, possivelmente em fevereiro do ano que vem, em que as “traições” serão liberadas. Talis Ferreira, por exemplo, já anunciou que sairá do PR para acompanhar o prefeito no Progressistas.
Apoio – Para a comunidade, a troca de legenda pelo prefeito pode ser positiva. O Progressistas tem vários representantes de peso em Brasília, como o senador Luiz Carlos Heinze e alguns deputados, que serão procurados para intermediar a liberação de verbas. Com a redução dos recursos próprios para investir, o Município precisa dessa ajuda. Só em ações de prevenção a tragédias, a Prefeitura encaminhou projetos no valor de R$ 5,4 milhões junto ao governo federal. A cidade tem pressa.
Devagar – Como a Política é muito dinâmica, nada garante que o quadro permaneça dessa forma por muito tempo. A convivência entre o Kadu e os progressistas – especialmente se não tomarem a Administração de assalto – pode ser tranquila e frutífera. Já se a pressão por cargos for grande demais, o “divórcio” sempre é uma alternativa.
A responsabilidade deveria ser do poder público
Apesar da gritaria nas redes sociais, a demolição do antigo Armazém Griebeler, na esquina das ruas Ramiro Barcelos e São João, no Centro, não é propriamente uma novidade. Há anos que o prédio estava semidestruído, com algumas paredes “penduradas” apenas numa ação judicial que a Prefeitura agora perdeu. Por mais importante que seja a preservação do patrimônio histórico, não há como repassar essa responsabilidade aos donos dos imóveis. O governo precisa reservar verbas ou buscá-las em Brasília e junto à iniciativa privada para adquirir os prédios mais importantes e recuperá-los. E a manutenção, depois da reforma, só ocorrerá se tiverem uso, por exemplo, sediando serviços públicos.
Cada caso é um caso – O fato de haver uma lista com mais de 160 prédios com valor histórico, nem de longe, significa que estão protegidos. Melhor seria se fosse reduzida para apenas 20 ou 30 e o poder público chamasse cada proprietário para negociar, dentro da sua realidade e necessidades. Simplesmente impedir que sejam demolidos só serve para penalizar os donos e entregá-los à ação implacável do tempo e dos cupins.
Mesma coisa – Quanto ao antigo Armazém Griebeler, agora, muito pouco podia ser feito. O poder público falhou há 20 anos, quando a estrutura começou a ruir e foi parcialmente interditada. E isso ocorrerá com vários outros prédios, pois os escombros não foram capazes de sensibilizar os governantes a adotarem uma nova linha de ação. Não há como esperar resultados diferentes agindo sempre da mesma forma. Ou melhor, não fazendo nada.
Extinguindo cargo
Eleito presidente com a promessa de revolucionar a Câmara de Vereadores, Cristiano Braatz (MDB) está propondo a estinção de um cargo de assessor especial, cujo salário, se estivesse ocupado, custaria R$ 6 mil aos contribuintes todos os meses. A ideia é usar parte do valor para criar duas Funções Gratificadas (FGs) para premiar servidores do quadro de carreira do Legislativo. A expectativa é que a aprovação do texto seja unânime no plenário.
Rapidinhas
* Agora que as obras estão indo para a reta final, há quem diga que os operários responsáveis pela reforma da Biblioteca Pública receberam uma missão especial: encontrar o “sapo” enterrado no local, que teria impedido a realização dos trabalhos nos últimos seis anos.
* Depois que as obras estiverem prontas e as portas reabertas, será preciso ensinar a comunidade a fazer uso novamente do espaço cultural. Nesses seis anos longe de todos, somados à popularização dos celulares e das redes sociais, muita gente mal sabe para que serve uma Biblioteca Pública.
* Na ida a Brasília, segunda-feira, o prefeito Kadu não irá transmitir o cargo ao substituto legal, o presidente da Câmara, Cristiano Braatz (MDB). Serão apenas quatro dias e como ele vai assinar documentos em nome do Município, precisa estar legalmente empossado. Em caso de férias, a situação seria outra e Braatz Filho assumiria.
* Ex-vereador Dorivaldo da Silva, o Dorinho, que já passou por mais partidos do que a memória permite recordar, agora é filiado ao MDB.
* Entre Prefeitura e Hospital Montenegro, o Governo do Estado ficou devendo mais de R$ 10 milhões para o Município em 2018, somente na área da Saúde. E a expectativa de resgatar estes valores está muito próxima do zero.
* Prefeito Kadu praticamente descartou a ideia de terceirizar a limpeza e a varrição das ruas do perímetro urbano em 2019. Empresários do segmento já salivavam em torno da expectativa de um “suculento” e lucrativo contrato.
* Com a volta às aulas na Educação Infantil, a Administração Municipal precisará de muita energia e jogo de cintura para reduzir o déficit de quase 500 vagas nas creches. As próximas semanas serão de choro e ranger de dentes na Smec.