Em algum momento da vida, nos damos conta sobre a importância real que temos na vida das pessoas, ou ao menos assim entendemos.
Acreditamos que nossa importância vai desaparecendo na medida em nossos filhos crescem, relações se acomodam, as pessoas que faziam parte entusiasmada de nossa vida, em algum momento, encontram a evidente calma e a paz do tempo. Na medida em que não somos mais peças fundamentais nas batalhas do outro achamos que deixamos de existir.
Temos a sensação de que, aos poucos, vamos nos desintegrando do mundo físico e, cada vez mais, nos fundindo a uma outra esfera existencial.
Nesses momentos, alguma tristeza pode se abater sobre nós e o mundo pode passar a ser uma carga que o tempo se encarrega, como tudo na vida, de conduzir da melhor forma em nossa jornada terrena.
Como sempre, temos todas as certezas do mundo, baseado nas verdades absolutas que carregamos em nosso íntimo e que não devem, de nenhuma maneira, serem confrontadas pela verdade do outro, ou pela verdade do mundo.
Como sempre, não contemplamos o todo e não percebemos os sutis detalhes da existência que, uma vez percebidos, dariam nova perspectiva para esse momento ou para essa experiência.
Começamos com a necessidade de entender que o foco não é em quão importante somos na vida do outro, mas quão importante somos em nossa vida. Como nossas ações respeitam nossa intimidade, como nossas atitudes estão em linha com nossos sentimentos ou o quanto do que pensamos e expressamos, de fato, fazem parte de nossa constituição espiritual.
Seguimos com a realidade de que não são as pessoas que se afastam, são os interesses que mudam, são as necessidades que transfiguram. Nossa presença na vida do outro deixa de ser uma questão de dependência ou de ensinamento, de batalha conjunta ou de básico suporte naquelas batalhas individuais, mas sim, no estágio da contemplação de uma obra, onde o que tinha que ter sido ensinado ou transferido aconteceu. As relações se acomodam em uma mudança evolutiva, para um amor puro e verdadeiro, onde paixões são importantes, mas não imprescindíveis, onde a presença está muito além do físico, fundida na existência do outro, dando a certeza do estar presente, do estar ali.
Não nos desintegramos do mundo físico, mas percebemos muito mais o mundo espiritual, intangível em sua essência, mas repleto da mais pura e palpável energia cósmica. Passamos a perceber nossa coexistência nas diferentes esferas e essa percepção pode chocar, pois o que vive dentro de nós pode não estar integralmente alinhado com o que mostramos no dia a dia.
Finalmente, entendemos que não são as certezas que nos fazem caminhar, nem as verdades que nos tornam sábios, mas as dúvidas que nos fazem procurar e a ingênua ignorância das verdades universais que nos fazem buscar a certezas existenciais e, nessa busca, nos desenvolvemos e aprendemos, sempre.
Quando percebermos que não sabemos, estamos definitivamente prontos a aprender.
Isso é assim para todos, mas somente alguns percebem isso. A maioria de nós continua no imaginário de que a importância de nossa existência é medida pelo impacto na vida do outro, quando a real importância está no entendimento da necessidade de vermos nossa importância, pelo prisma do impacto que causamos em nossa passagem por esse mundo, no que apreendemos dos ensinamentos divinos e na contínua busca de nosso eu interior.