Música boa

Sou cria dos anos 80, onde até a música ruim era boa!
Cresci ouvindo músicas de todos os estilos. De gauchesca a rock pesado. O que chama minha atenção é que, naquela época, até o que não era de meu gosto poderia ser escutado quando estava de “intruso” no meio de uma turma que não era a minha. Atualmente, se não estamos entre semelhantes, no que diz respeito ao gosto musical, que fique claro, muitas vezes é impossível permanecer à vontade ou sem querer sair correndo. Os ditos artistas de hoje não têm, na grande maioria, algo simples, que nos anos 70, 80 e 90 havia de sobra: talento.
Na época em que eu desenvolvia meus gostos pela música, uma guitarra, um baixo, uma bateria, alguém para cantar e boa vontade acabavam virando música. Festas em garagens e vizinhos bravos pelo barulho faziam parte do “pacote”.
Entramos no século 21 e grandes talentos da música prevaleceram, mas surgiram poucas “novas estrelas”. O que temos hoje são modismos. Tem sorte aquele que consegue lançar moda, que geralmente dura um verão. A temporada obviamente enche os bolsos do sortudo, que talvez no próximo verão esteja apenas vivendo de lembranças. Não há um verdadeiro ídolo.
Antes que me chamem de preconceituoso, digo que sempre gostei de escutar sertanejo e modas de viola, porém, o sertanejo que falava da vida no campo, com dois artistas esbanjando seus talentos tocando uma viola e um violão ou até duas violas. Coisa mais linda escutar as duplas do verdadeiro sertanejo. Hoje, uma dupla sertaneja não é dupla, já que conta com uma banda com 89 músicos, backing vocals e só cantam as desilusões, ora deles, ora de um terceiro.
O samba virou pagode e praticamente morreu assassinado com um tiro à queima roupa. Alguns pagodeiros de raiz ainda salvam a pátria, mas perdem-se entre tantas ou tantos grupos que, como o sertanejo, adoram cantar sobre desilusões amorosas ou “pegação”, em duas ou três frases que se repetem por três longos minutos.
O funk americano foi “abrasileirado” e virou algo tão vulgar quanto assistir a um filme pornô. O pior é que viraliza entre crianças que sequer sabem o que estão fazendo, reproduzindo danças obscenas e imorais, bizarramente incentivadas pelos pais ou familiares.
O rock, que é o pai de tudo, segundo alguns, hoje é uma choradeira digna de novelas mexicanas. Os roqueiros usam roupas coloridas, criam terminologias cheias de “mimimi” e choram pior que criancinhas se ouvem um “não”. Foi-se o tempo de usar preto, roupas velhas e o bom e velho All-Star. Nem o rock, tão simples, está sobrevivendo às modernidades.
Às vezes, o progresso não é tão valoroso como deveria!

Carlos Eduardo Vogt
Enfermeiro

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