Princesinha moderna

Toda mulher sonha ser princesa.
Toda.
Mulher.
Sonha.
Ser.
PRINCESA!
Toda mulher sonha ser princesa?
Toda princesa sonha ser mulher!

Quem é mulher, sonha ser princesa? E quem é princesa?
Se for dessas que andam no salto o tempo todo, maquiagem feita, cabelo bem escovado e agem sempre de acordo com o que é esperado, portando-se com garbo, elegância e segundo valores socialmente pré-determinados, eu dispenso.

As princesas clássicas, retratadas pelos contos de fadas e pelas quais as meninas são ensinadas – desde muito novas, por sinal – a derreterem-se em suspiros, passam a vida a esperar. Esperam pelo príncipe encantado; pela solução mágica dos seus problemas; pela bondade das pessoas e, mais do que isso, esperam a própria vida passar diante dos seus olhos, marejados de esperança do alto de uma torre. Elas penteiam seus longos e sedosos cabelos, agem sempre com delicadeza e nunca tomam as rédeas da sua existência. Afinal, a proatividade não é coisa da realeza fantástica.

Sou mais o tipo de princesa que anda de chinelo Havaianas, cabelo preso num coque bem prático. Daquelas que empunham uma furadeira ou uma caneta com a destreza necessária, mas às vezes respondo questionamentos de forma atravessada e pouco cortês. Parece falta de educação, mas é o costume de agir de maneira prática, adquirido com os anos em que precisei ser resolutiva e prática. Não me sobrou muito tempo, desde a pré-adolescência, para treinar as sutilezas sociais que fazem de (quase) toda mulher, uma princesa. Não tenho tempo para observar minha vida passar e nem paciência para esperar um príncipe que resolverá meus problemas.

Gosto das princesas modernas. Dessas que empunham a própria espada, saltam nos seus cavalos e vão à luta. Ok, essa parte foi um pouco “Disney” demais. Pode ser também a princesa que empunha uma pá de coragem, sobre em sua bicicleta ou entra no seu carro (mas pode ir à pé também) e luta diariamente por seus objetivos.

Sabe princesa bem moderna mesmo? Daquelas que sabem o que querem (ou não. E tudo bem. Não precisamos saber tudo o tempo todo). Trabalham, estudam, têm família, vão para a balada. Tudo isso ou nada disso. Mas fazem o que querem – e também o que está ao alcance da sua realidade. Daquelas que, como diria a cantora Pitty, “Vira a mesa, assume o jogo e faz questão de se cuidar”. Essas mulheres que, independente da idade, da condição social ou das expectativas sociais construídas, preocupam-se em protagonizar as próprias batalhas. Princesas modernas são essas, que buscam ser a melhor versão de si mesmas, aos 18, aos 30 ou aos 80. E que, a despeito de Balzac, são como o vinho, que apenas melhora com o tempo.

Essas são princesas.
Agora, sim.
Toda mulher pode ser princesa.

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