Na última sexta-feira acordamos com a notícia da trágica morte da fisiculturista e personal Debora Michels Rodrigues da Silva, conhecida por Debby, uma educadora física bastante conhecida e prestigiada aqui na nossa cidade, a qual foi encontrada morta na frente da casa dos seus pais.
De imediato a suspeita da morte de Debby recaiu sobre o companheiro, pelo fato do corpo da jovem mulher, de 30 anos, ter sido deixado justamente em frente à residência dos pais, o que já demonstrou que quem conduzira o corpo da mulher até aquela rua e aquele exato ponto, sabia que ali residiriam os familiares da vítima.
E foi mesmo o companheiro de Debby o autor do feminicídio, tendo ele confessado o crime e posteriormente sido preso.
Em decorrência dessa tragédia a comunidade se manifestou mostrando a sua tristeza e indignação, diante da facilidade com a qual esse tipo de crime se repete.
Até quando teremos de seguir expostas e suscetíveis, desprotegidas e submissas, apavoradas e em pânico, porque simplesmente, quando um homem quer matar uma de nós, ele mata? Simples assim!
Afinal, que mundo é esse? Que tempo é esse no qual tantas vezes parece que ainda estamos no período anterior ao das cavernas?
Eu fiquei estarrecida, profundamente abalada e triste por mais esse absurdo e insano feminicídio. Mais um. Outro, na soma de incontáveis outros. Milhares de mulheres no Brasil já foram e continuam diariamente sendo mortas com brutalidade, queimadas, esfaqueadas, baleadas, jogadas de janelas de prédios, enforcadas, afogadas, atropeladas, estupradas. E muitas delas, quando sobrevivem resultam com lesões, cicatrizes, fraturas e sinais de que o que sofreram se configurou em casos de natureza grave. E há um sem número de vítimas com abalos físicos e emocionais irrecuperáveis.
Quais são os limites das condições cruelmente absurdas e extremamente injustas e degradantes pelas quais nós mulheres ainda teremos de enfrentar, para conseguirmos alcançar um outro estado das coisas, onde tenhamos respeito, consideração e carinho, afeto sem posse, amor sem imposição de submissão ou humilhação, companheirismo sem violência física ou moral, namoros, casamentos e relacionamentos sem pânico?
Chega disso! É tristeza demais pra uma família enterrar uma jovem filha morta dessa maneira!
Chega! Não aguentamos mais! Nós mulheres não viemos pra vida para apanharmos e termos nossos corpos violados, feridos ou mutilados por quem quer que seja!
Basta da estupidez de homens covardes, que não aceitam finais de relacionamentos e decretam as suas sentenças punitivas àquelas companheiras que com eles não mais desejem viver e conviver.
É imprescindível que as mulheres se unam e fortaleçam as suas malhas de proteção, exigindo cada vez mais respostas do poder público na busca por efetiva proteção.
Toda a minha solidariedade aos familiares e amigos da Debby, mais uma mulher jovem e com um futuro promissor que teve a sua trajetória ceifada pelas mãos do seu companheiro. Que consiga a família da Debby encontrar algum tipo de conforto, diante de tamanha barbárie.
E que as instituições do poder público constituído deem exemplo de resposta e reprimenda a esse e a todos os demais delitos dessa natureza, pois de fato, não suportamos mais isso!