Essa semana, eu tive um sonho que me marcou. Era um sonho corriqueiro, nada de muito especial, mas houve um momento em que uma mãe repreendeu o filho menor por questioná-la e eu, por impulso, disse: “Se você repreender a criança sempre que ela questionar, vai criar um adulto que não faz nada além de obedecer”. Não sei por que eu disse isso, mas depois que acordei refleti sobre o que havia acontecido.
Quando somos pequenos, somos moldados fortemente pelo ambiente no qual estamos inseridos. É durante a infância que criamos nossas crenças e desenvolvemos nossos valores. É, sem dúvida, o momento mais delicado para o ensino, para dar o exemplo. Tudo o que a criança vê ela absorve como aprendizado, pois ela ainda não tem um senso crítico plenamente desenvolvido. Então, o que ocorre quando, no momento em que ela começa a desenvolver seu senso crítico, ela passa a ser podada pelos pais porque é “desrespeitoso” ficar questionando? Já diziam os filósofos antigos: “Não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas”. Questionar é parte do autoconhecimento, pois estamos pondo à prova aquilo que tínhamos por verdade e nem sempre essa verdade se mantém. Isso é progresso.
Um adulto que apenas obedece foi formado, durante a infância, por alguém que não lhe permitia pensar, questionar ou inferir nada. Esse adulto é hoje apenas uma máquina e só serve aos desígnios do sistema para obedecer, produzir, consumir e se reproduzir. É um ser senciente totalmente inconsciente. Um desperdício de potencial, pois o ser humano é um complexo de criatividade ilimitada que pode alcançar qualquer coisa e prendê-lo dessa forma, dentro da ilusão de suas limitações, é um crime hediondo contra a humanidade.
Permita que seu filho questione, que duvide, que desafie você a provar que está certo. Crie um ser humano que construa um futuro melhor, que enfrente o destino, que transforme o mundo. Um ser humano para quem o único limite seja aquele pautado pela compaixão e pelo amor. Crie um uma pessoa que pegará esse mundo que deixaremos aos pedaços e fará dele um lugar melhor para as gerações futuras. Está em suas mãos, enquanto pais, preparar seus pequenos heróis para mudarem o mundo de amanhã.