Há muitos anos, ouvi a história de um vendedor de maçãs, que possuía mais de mil pés de maçãs e as vendia toda a semana na feira. Os clientes tinham uma variedade enorme de qualidades de maçãs para comprar. Todos estavam felizes, pois podiam escolher a dedo as melhores.
Um dia, um dos clientes, de má índole, esperando descobrir onde era a plantação do vendedor, seguiu-o escondido com a intenção de roubar algumas maçãs. Porém, o que ele descobriu foi uma peculiaridade do vendedor: as frutas que eles compravam na feira eram as piores da colheita. As melhores eram reservadas para fazer doces e geléias.
O cliente, indignado com aquilo, peitou o vendedor e inquiriu:
– Por que você separa as boas maçãs para si e vende somente as piores?
Ao que o vendedor respondeu:
– Porque são o suficiente para alimentar vocês. Vocês têm diversas maçãs e podem escolher as melhores delas.
Ainda indignado, o cliente retrucou:
– As melhores das piores!
O vendedor, rindo, finalizou:
– Mas, ainda assim, as melhores delas.
Essa historinha, por mais boba que seja, faz-me recordar o processo da democracia no qual estamos inseridos. Não quero aqui dizer que os políticos são ruins. Não, longe de mim dizer isso; mas lembrar que escolhemos dentre aqueles que são definidos pelos partidos para concorrer. Não temos a liberdade verdadeira de escolhermos quem quisermos. Escolhemos dentre aqueles que nos são permitidos e, assim, de fato, não escolhemos nada.
Não quero dizer aqui também que existe regime melhor que a democracia (viva o império!), mas apenas lembrar que a decisão, a escolha, é uma ilusão. E, estando nós dentro dessa ilusão, sobra-nos apenas o poder de cobrar os eleitos, exercendo esse livre direito que, felizmente, ainda possuímos de verdade. A cobrança então se torna a ferramenta mais importante da democracia, não o voto, como dizem. O voto é a feira de maçãs, não é uma escolha plena e real, mas assistida. Não é livre, de fato.
Lembre-se de que, de agora em diante, você tem todo o poder nas mãos para remover o político, quando esse está agindo contra os interesses dos cidadãos que o elegeram, ou então aclamá-lo, quando está agindo em prol do povo, que é o que esperamos e torcemos. Você agora possui a ferramenta mais poderosa da democracia e também a sua maior aliada: a imprensa. Use-a! Ela sempre será sua voz, seu megafone, enquanto dentro dos direitos constitucionais.
Escrevo esse artigo na manhã de domingo, então, a quem se elegeu: Parabéns! Desejo uma administração produtiva e feliz! Nossa cidade é a sua casa e o nosso povo são os seus irmãos. Vamos nos ajudar e fazer desse pedaço de chão um lar a se orgulhar.