A. G. Olyver I, O Vândalo!

Quando minha sobrinha me disse que estava trabalhando na nossa árvore genealógica, achei que saberia no máximo quem seria meu trisavô, talvez, mas não; o serviço de que ela falava faz intrincadas conexões de documentos, registros, famílias e consegue construir a árvore até o limite desses registros pelo mundo.

De um modo geral, a maioria esmagadora de meus ancestrais tem registros até por volta de 1600. Porém, o que eu não esperava, é que de uma única ancestral, viria dois ramos que descendem de reis e imperadores que vão até o século II d.C. Ah, ok, é tão longe que o sangue deles já se diluiu tanto que sequer devem existir no meu DNA, mas é muito curioso saber essas coisas. E, em certo momento, vejo que, através dessa ancestral minha, chamada Marianna de Jesus, nascida em 1748, nossos ancestrais vêm de uma longa linhagem de reis, rainhas e imperadores. Sim. Isso é muito louco e imaginem minha cabeça com essas informações. Reis Vândalos, Ostrogodos e Visigodos, como Theodoric I e Flávio Leovigildo I dos Visigodos, Athanagild I, Alaric I, Hunneric dos Vândalos; reis Francos e Merovíngios, como Childeric I, Clodius I dos Francos, Meroveu, Clóvis I da Bélgica, Childerbert II dos Merovíngios; imperadores romanos como Valerius Lucianus II, Flavius Theodosius “O Grande”, reis espanhóis como Rey Alfonso I, o Católico das Astúrias; fora tantos outros que fiquei chocado ao descobrir.

Agora, como essas linhagens de reis, rainhas e imperadores tão diferentes, terminaram chegando a mim, sem me deixar um tostão, nem um ducado, nem um condadinho, eu não sei dizer. Como são as coisas. Famílias tão importantes em suas épocas, tão poderosas, cheia de nobreza, hoje estão diluídas em pessoas do povo, pessoas que, naquela época, jamais seriam aptas a se casarem com eles. O mundo dá voltas.

Onde antes haviam Sir, Dom, Lordes e afins, hoje tem o “seu João”, meu finado avô, descendente do Imperador Romano Flavius Theodosius, descendente também de Amgrim, o Berserker, da Escandinávia, e tantos outros nobres de sangues reais. O seu João, que tudo o que deixou foi o exemplo de família, de garra e dedicação aos que amava. Talvez esse seja o único e verdadeiro resquício de nobreza que realmente importava herdar.

Mas, dentre todos os ancestrais que descobri ter, talvez os mais intrigantes são os Merovíngios. Saber que tenho DNA Merovíngio é muito esquisito. Pois, para quem estuda história, e correntes de pensamentos paralelas, sabe o quanto essa dinastia é cheia de mistérios e lendas. Saber que meu sangue vem também deles é um chamado a aprender mais sobre eles, sobre o “Sang Real”, ou “San Graal”, o Santo Graal, das hipóteses históricas que dizem serem eles descendentes de Maria Magdalena.

Enfim, conhecer a árvore genealógica da família dá uma sensação estranha, de ter uma história tão longa que, se parasse para estudá-la, talvez só faria isso da vida. Tornar-me-ia um Doutor em História da Família. Mas não tenho tempo para isso, pois preciso me dedicar a retomar o meu trono por direito!

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