Não teremos carros e motos a Diesel

Brasil. Questões ambientais, técnicas e econômicas inviabilizam esta alternativa

Se você é daqueles brasileiros que sonham em ter um automóvel ou motocicleta movida a Diesel, infelizmente o Motores terá que frustrar sua expectativa. O preço mais baixo deste combustível é a única justificativa para manter o sonho, que tem em oposição uma série de desvantagens. E uma das principais é que motores Ciclo Diesel são mais caros que motores de Ciclo Otto (Gasolina e Álcool Anidro); o que deixa os veículos com esta motorização mais caros.

Especialmente na Europa é histórico carros de passeio e motos a Diesel. Todavia, o professor de Tecnologia Automotiva da Ulbra, doutor Luiz Carlos Gertz, alerta que no “velho continente” estes motores já estão sendo banidos de veículos de pequeno porte devido ao elevado nível de emissão de gazes nocivos ao Meio Ambiente. Inclusive, empresas como Nissan e Toyota já estipularam até data para tirar do mercado seus modelos, inclusive SUV’s.

“E motocicletas têm o agravante de necessitarem de motores leves com baixo nível de vibração. Assim, é praticamente inviável seu uso em veículo de duas rodas”, alertou. Em geral, tal motor apresenta baixa relação peso-potência sendo, portanto, inadequado para uso em motocicletas que exigem baixo peso, tamanho compacto, RPM elevado e aceleração rápida. Sua presença nas ruas provém de projetos especiais, como um criado pela Marinha Norte Americana.

Holandesa Track Diesel desenvolveu
a T-800 maxitrail com propulsor turbodiesel. Foto: Internet/ Divulgação

Diesel vem primeiro na produção
No Brasil, o que define a produção de combustível é justamente o óleo Diesel, em processo de destilação a partir do petróleo cru. Uma determinada quantidade do produto fóssil permite que seja possível produzir uma determinada quantidade de Gasolina e outra de Diesel; sendo que a produção é regulada por este segundo devido ao fato dele movimentar o principal meio de transporte de cargas e pessoas do Brasil.

“Então, se produz Diesel e a produção de Gasolina é decorrente desta necessidade de produção de Diesel”, explica o professor. Ele ressalta ainda que então, neste momento, não é uma boa opção estratégica substituir motores de Ciclo Otto por de Ciclo Diesel, pois para isso a produção de Diesel deveria ser aumentada.

Até 2017 o Brasil apresentava forte tendência de ser autossuficiente, mas o professor Gertz não sabe como está esta situação no momento. Mas, ele garante que o Brasil ainda necessita importar Petróleo leve para ser utilizado na produção de combustíveis. “Somos autossuficientes na produção de asfalto. Há poucos anos não éramos na produção de combustível”, comenta.

Foto: Internet/ Divulgação

Você sabia
O Brasil é o único país do mundo que tem uma lei que proíbe a comercialização de carros de passeio com motor Diesel. Ela vem desde novembro de 1976, após a crise do petróleo, quando 98% do transporte nacional de passageiros e cargas era movido a derivados de petróleo e o País precisava importar 78% do petróleo consumido. Hoje, somente caminhões, ônibus, picapes com carga útil superior a 1.000 kg e utilitários com tração 4×4 e reduzida (ou primeira marcha mais curta) podem usar esses motores.

Questão ambiental
Países da União Europeia já seguem a Normativa EURO 6 desde 2014. Essa regulamentação – iniciada pela EURO 1 em 1988 – prevê limites mais rígidos no controle da emissão de poluentes por parte de veículos automotores de combustão interna, o que acarreta em uma série de adaptações, tanto por parte das montadoras quanto dos motoristas. Ela influencia especialmente na fabricação de veículos pesados, o que teria sido um dos motivadores para o fechamento da fábrica da Ford no Brasil. Isso porque o país corre atrás, sendo que ainda usa a EURO 5 como base para a regulamentação brasileira, oficialmente chamada de PROCONVE P7 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Em relação a esta, a EURO 6 prevê uma redução de 72% na emissão de hidrocarbonetos, fixando o limite em 0,09 gramas para cada cavalo de potência, por hora de funcionamento do motor. Quanto a emissão de enxofre, o limite passa de 0,02 ppm para 0,01 ppm (partes por milhão), e o óxido de nitrogênio (NOx) não deve ser emitido em quantidade maior do que 0,29 g/cv — isso é 80% menos do que a norma seguida pelo Brasil hoje. Outra exigência é o uso de um combustível mais limpo, como o Diesel S-10.

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