Um Carnaval de boas lembranças

Boas lembranças das vestimentas e bailes tradicionais refrescam a memória da aposentada Sondi Lutz da Silva

O Carnaval, tradicional festejo no Brasil, é na próxima terça-feira, 13. E muitos montenegrinos fizeram parte da história carnavalesca da cidade e trazem boas recordações dos desfiles, fantasias, clima e bailes tradicionais. Sondi Lutz da Silva, 81 anos, lembra como se fosse hoje da época em que começou a participar da festa, ainda na década de 50. A professora aposentada conta que, antecedendo a data, era costume ligar o rádio, ficar por dentro das marchinhas e sambas do ano e decorá-los para os festejos.

“Isso entre 1955 até por volta de 1965. O entusiasmo era grande. Saíamos pelas lojas procurando tecidos alegres e vistosos para as fantasias ou vestidos. Minha mãe que costurava as peças”, descreve.

Os rapazes, segundo ela, cortavam calças, porque ainda não existiam os shorts masculinos, e usavam camisetas regatas ou procuravam fantasias de piratas. E em uma época em que as mulheres recém começavam a ter liberdade, mostrar braços e joelhos já era permitido. Adereços na cabeça, principalmente combinando com a vestimenta, também eram tendência na festa, conforme Sondi. “Era uma diversão saudável. E não havia desfile de rua, e sim dentro dos clubes, como o Comércio e o Riograndense. Mas tenho uma lembrança de quando era criança: a Sociedade Floresta desfilava pela rua, recordo da batucada da banda, era tudo muito bonito”, declara.

O marido, com quem completaria 60 anos de casada neste ano caso estivesse vivo, Sondi conheceu na festividade. “Atualmente é bem diferente, tanto na vestimenta quanto no consumo de bebidas alcoólicas. Há menos controle. Um exemplo é de que há décadas atrás não havia incidência de gravidez após o Carnaval. A evolução dos tempos contribuiu para essa transformação. Mas nutro boas lembranças dos antigos carnavais”, termina.

Escola Bateria Independente, uma história de sucesso de oito anos

Airton Schuster de Oliveira conta seu amor pelo Carnaval

Airton Schuster de Oliveira, 62 anos, iniciou em 1975 suas experiências de Carnaval, na Escola de Samba Primeira do Vale. À época com 18 anos, foi a curiosidade que o levou até os ensaios. Porém, foi a paixão o principal combustível para que permanecesse por tantos anos nos grupos e escolas carnavalescas. Entre escolha de rainhas, desfiles, concursos, ensaios e muito amor por manter a tradição viva, ele conta com carinho dos anos de envolvimento na atividade.

“Em 23 de maio de 1977, fundamos a escola de samba Bateria Independente. Usávamos, na época, o espaço da Sociedade Cultural União Operária para as reuniões e preparo do material. Contudo, não podíamos ensaiar no local por conta do barulho, já que era muito próximo ao Hospital Montenegro, na esquina”, explica Schuster. Isso ocorria na rua Capitão Cruz, onde hoje fica o Imec, e no terreno onde funcionava a loja Léo Hans, na esquina da Osvaldo Aranha com a Bento Gonçalves.

Entre as mudanças positivas que foram acontecendo com o passar dos anos, Airton destaca uma parceria fixada em 1978 com o Clube Riograndense, que facilitou os ensaios da Bateria Independente. “Era um bom período. Todas às sextas-feiras havia o ‘sambão’ onde atualmente é o estacionamento da sede social. Vendíamos bebidas para arrecadar fundos para as atividades da Escola”, relembra sorrindo.

No ano de 1985, último do grupo e auge das atividades, 120 pessoas compunham a bateria e havia um total de 400 integrantes. “Nesse ano, fomos os campeões de um desfile em Campo Bom, passando por cima de uma escola renomada de Novo Hamburgo. Encerramos com chave de ouro. E é engraçado, pois um dia antes tivemos prejuízo em um desfile carnavalesco em São Leopoldo. Chegamos atrasados, choveu e ainda tivemos carros alegóricos quebrados.” salienta.

Após esse período, a Bateria Independente infelizmente parou, já que o aporte financeiro não era suficiente para acompanhar o crescimento do grupo. “Eu gosto do Carnaval. A nossa reivindicação, de todos os carnavalescos, é a de apoio municipal com a concessão de lugares para ensaio dentro de cada comunidade. Sem essa parceria, a tradição infelizmente não continuará”, conclui.

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