“Quero vê-la sorrir, quero vê-la cantar
Quero ver o seu corpo dançar sem parar
Quero vê-la sorrir, quero vê-la cantar
Quero ver o seu corpo dançar sem parar”
A cigana Sandra Rosa Madalena habitou, por muito tempo, o imaginário dos fãs do cantor Sidney Magal. Com letra escrita no fim da década de 70, a canção tornou-se hino de uma geração, embalando festas e romances. E muitas “Sandras” da nova geração provavelmente carregam o nome por conta da música – e da idolatria de pais ou mães pelo artista.
E neste mês, dia 19, o cantor que encantou com seu charme jovens das décadas de 80/90, comemora 67 anos – e 50 de carreira. Geminiano, Sidney Magal também se arriscou nas carreiras de dançarino, ator e dublador.
Tendo charme para dar e vender, com camisa aberta, muitos anéis, pulseiras e brilhos nas apresentações, o galã de voz grave apareceu na mídia ainda nos anos 70, com aparições em programas infantis. Posteriormente, trabalhou em apresentações de casas noturnas. Mas muito antes disso, em sua adolescência, surgiu como Sid Sonny.
Filho de uma cantora de rádio, Sidney também é dono de hits famosos como O meu Sangue ferve por você e Amante Latino (como é conhecido até hoje). Misterioso, gerou inúmeras teorias sobre sua verdadeira idade. Uma biografia lançada em novembro passado pela pesquisadora Bruna Ramos da Fonte tem como uma das questões centrais os anos de vida do cantor (e a resistência dele em revelar a verdade).
Também a curiosidade sobre sua sexualidade, que muitos acreditam ser gay, rondou sua trajetória como artista sempre. A montenegrina Maria Clarenice Nunes, 59 anos, afirma que há muito tempo é fã do trabalho do cantor. Maria recorda que, com aproximadamente 15 anos, começou a escutar as canções e ainda hoje considera o ícone de sua geração um galã; charmoso. “Minha música preferida, sem dúvida, é Sandra Rosa Madalena. Já fui a muitas festas embaladas pelas músicas do Magal e ele era muito conhecido por todos na época. E, mesmo depois de tanto tempo, continuo fã”, pontua.
Uma lenda viva
Para o artista montenegrino Marcos Guarani, Sidney Magal é uma lenda viva. Marcos é integrante da Banda Latin Lovers, que faz performances, dublagens e toca algumas músicas de Magal. “Ele representa a personificação de uma figura latino-brasileira, misturando elementos da cultura cigana, da cultura latina. O artista tem um estilo muito particular, por ser cantor e ter um desempenho de palco que é muito carismático tanto para mulheres quanto para homens e crianças”, relata.
Marcos, que destaca que mesmo tendo músicas criticadas pela letras machistas, como Se te pego te Mato”, Sidney não representa uma figura substancialmente machista ou preconceituosa.
“A obra musical tem alcance incalculável em todos os nichos. O estilo irreverente de se vestir é característico de um cigano estilizado (se é que existe essa expressão), pois assume o título de uma espécie de Gipsy King brasileiro. Sempre usando cabelos compridos, anéis, colares e abusando de camisas, casacos e calças em tons dourados brilhosos”, pontua.
Guarani também destaca que, apesar de todas as peculiaridades, o cantor não inventou o estilo. “Mas influencia gerações, embora possam negar, com um modo de se portar no palco. Esse modo o levou, inclusive, para a TV e o Cinema. E o mais lindo de tudo isso é que está vivo e segue nos encantando e sendo um artista que faz apologia à arte sem ou quase sem preconceitos ou desvios de caráter. Ainda por cima, sem comparar a obra, Magal é tão talentoso e muito mais divertido que o seu bem conhecido tio Vinicius de Moraes”, conclui.