Estamos entrando no último trimestre do ano letivo, momento em que crianças e adolescentes estão fechando mais um ciclo. Em alguns pais, surgem dúvidas sobre se trocar de escola é uma opção viável. Mas, você sabe qual o modelo de ensino praticado pela escola do seu filho? Convidamos o professor Felipe Gustsack, do Departamento de Educação da Unisc, para esclarecer os diferentes métodos e o que deve ser avaliado antes de definir a instituição.
O especialista aponta que se deve avaliar diferentes aspectos. “Lembre que seu filho é um ser único e que, mesmo na mais tenra idade, apresenta características físicas, condições de saúde e comportamentos sociais que podem ajudar a fazer essa escolha”, defende Gustsack. Outro aspecto é conhecer os profissionais, considerando sua formação e condições ou características de acolhimento e cuidado. “Neste caso, o melhor é levar a criança junto na hora em que for visitar a escola. A proposta pedagógica, Projeto Político Pedagógico (PPP) precisa ser considerado. Caso a escola não tenha, há que se desconfiar. Além disso, é importante observar se e como esta proposta é realizada no dia a dia”, afirma o educador.
Felipe Gustsack recomenda que as trocas ocorram nos inícios de ano ou de semestres letivos, não apenas pelo cuidado quanto ao percurso de aprendizagem, mas também pelas próprias questões de administração dos processos pedagógicos. “Essa mudança deve ser cuidadosamente conversada com a criança. Afinal, não se quer que uma criança se adapte integralmente à escola de maneira forçada, e tampouco que uma escola se adapte à criança. O que se busca, no caso, é que os traços fundamentais da identidade da criança possam ser aceitos e, sobretudo, acolhidos na escola”, diz Gustsack.
A participação dos pais ou responsáveis nas rotinas escolares garante melhores resultados. E as razões vão do aspecto psicológico até a ajuda com as agendas de estudos e demais compromissos que o frequentar uma escola implicam. “Não é recomendável que os pais exagerem no controle a ponto de inibir a autonomia, seja de seu filho, seja da própria escola ou dos professores”, destaca Gustsack.
Os métodos
A pedido da reportagem, o professor Felipe Gustsack detalhou algumas das características dos principais métodos de ensino. Porém, ele destaca que hoje já existem várias escolas que funcionam com múltiplas abordagens. Ou seja, em alguns casos, os PPPs já são elaborados segundo propostas mais abertas, flexíveis e onde os professores atuam com a metodologia de projetos, ou outras metodologias ativas. Conheça melhor esses métodos:
Pedagogia Waldorf
Priorizam o desenvolvimento físico, espiritual, intelectual e artístico das crianças. Buscam formar indivíduos livres, porém integrados ao contexto, devendo ser social e moralmente competentes e responsáveis. Uma criança, ao crescer, aprenderá a compreender a função dela no mundo sem imposições da sociedade, da escola ou dos pais. Busca-se seguir princípios como o amor pelas artes e a natureza, a valorização das atividades artesanais e dos exemplos.
Escola tradicional
O foco da ação pedagógica está centrado no ensino e no controle, comportamental e de aprendizagem. Faz isso através de aulas e avaliações pautadas em normas rígidas de rendimento. As relações se caracterizam como o professor sendo aquele que detém o conhecimento e o aluno quem deve assimilar tudo. Isso faz com que as crianças tenham pouco tempo e espaço para questionar e/ou problematizar os assuntos.
Escola construtivista
Compreende a aprendizagem como realizada pela criança a partir de interações – com e no mundo – e que a mesma segue determinadas etapas ou estágios. A função dos educadores é propor situações de aprendizagens e provocar o interesse das crianças. O estudante tem papel ativo no processo pedagógico. As avaliações são menos rígidas, pois se considera que errar é estar em processo de testar hipóteses.
Escola montessoriana
Prioriza a organização dos espaços e tempos de aprendizagem que buscam valorizar a liberdade, a atividade e a individualidade das crianças. A elaboração prévia de materiais didáticos atenta para um objetivo maior: que as crianças utilizem seus conhecimentos prévios para assimilar novos conceitos. Os estudantes precisam alcançar os objetivos de cada módulo, que são obrigatórios, para poderem avançar nos próximos passos.
Escolas militares
Não apresentam, a princípio, nenhuma abordagem pedagógica diferente das tradicionais. Priorizam a disciplina e a ordem como estratégias “instrucionais” para levar seus alunos a aprenderem conteúdos previamente selecionados. Os alunos têm poucos espaços e tempos para manifestarem opiniões e posições. Há informações sobre melhores índices de desempenho. Porém, isso se deve ao fato destas escolas fazerem uma pré-seleção dos estudantes.