Giovana de Oliveira Camargo é uma aluna de violino e violoncelo de 10 anos. Há cerca de um ano e meio, ela faz curso sobre o instrumento composto por quatro cordas: lá, ré, sol e dó. O violoncelo. E um pouco mais de tempo com o violino — classificado como o de quatro cordas friccionadas, com afinação da mais aguda à mais grave: Mi4, Lá3, Ré3 e Sol2. As aulas acontecem na Fundação Municipal de Artes de Montenegro (Fundarte). A iniciativa de aprender sobre música partiu da própria garotinha, sublinha a mãe, Pâmela Rodrigues de Oliveira, 28 anos, depois de assistir ao filme “Se Eu ficar”, que a inspirou. O drama é uma reflexão que a jovem musicista Mia Hall faz sobre sua própria vida. O auge da adolescência, ela se encarrega de gerar dúvidas: ter uma brilhante carreira pela frente e dedicar-se integralmente a ela, na famosa escola Julliard, em Nova Iorque, ou a Adam, seu amor.
Porém, a vida, para ela, torna-se uma caixinha de surpresas. Mia sofre um grave acidente de carro, perde a família e fica à beira da morte. Em coma, ela reflete sobre o passado e o futuro que pode ter, caso sobreviva. Além das características de amor à família, persistência nos sonhos e valor à vida, o filme ainda engloba a música, sobretudo o violoncelo, instrumento que tocava.
“Eu gosto de estudar algo que, no futuro, as pessoas possam admirar meu talento”, afirma Giovana. Entre um momento e outro que abandona a timidez, ela afirma que o violoncelo exige não só o conhecimento sobre as notas e atenção em inúmeras peculiaridades, como a posição dele no corpo de quem o toca, mas, também, aptidão com as mãos. Josemir Dias Valverde, 39 anos, seu professor, concorda com a dificuldade. “Ele demanda habilidade da mão direita, a que segura o arco. E é isso que, inicialmente, tento trabalhar com meus alunos”, conta. “Depois, vem a familiarização. Afinal, eles têm de saber sobre o que estão aprendendo”, assegura.
Josemir dá aula de música há cerca de 20 anos. Abandonou outras carreiras para seguir no sonho de lecionar e hoje se sente realizado ao ver a evolução dos futuros músicos que, agora, se perdem entre um acorde e outro, o que é bastante natural. Ele atende a alunos acima de 10 anos até a terceira idade, mas a faixa etária não quer dizer muita coisa no quesito encontrar mais dificuldades, porque, na verdade, isso Josemir tira de letra. “Quando vejo que algo foge da normalidade, pesquiso meios pedagógicos para tentar solucionar. Ou até faço contato com meu professor para saber qual era a técnica dele, enquanto eu era o aluno”, enfatiza.
Segundo Pâmela, a mãe de Giovana, a música é uma linguagem universal que, além de um hobby, ainda pode tornar-se uma profissão. “Ela quer fazer também vestibular da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul para seguir carreira”, conclui a mãe.
Josemir, o professor, por um lado admite ser bastante exigente nas questões de fazer a lição de casa e se atentar ao que é pedido em sala de aula, mas, por outro, acredita que “pegação no pé” será válida no futuro, pois formará profissionais competentes no ramo da música.