CUIDADO ao enviar “nudes”

Imagine a seguinte situação: você está num grupo de amigos e recebe uma foto no SnapChat, aplicativo que a disponibiliza por um período. De primeira, parece não ser nada. Mas daí você abre e o que aparece? Aquele nude – fotos explícitas do corpo seminu ou nu. Outra: você vai mandar para alguém e clica no nome errado. Ou ainda: sua foto vazou e a galera está tirando onda com você.

Esses são alguns exemplos do que acontece em relacionamentos longos ou, até mesmo, recentes. Aqueles rolinhos de verão são típicos: mal se conhecem, ficam uma, duas vezes e já trocam imagens picantes. Receber em casa, num momento propício, com um clima adequado, pode não ser ruim. Mas no trabalho, na roda de amigos ou numa reunião pode ser um problema. Nesse momento, o jeito é rezar para que ninguém tenha visto o que passou pela tela do seu Smartphone ou que seu celular tenha dado um “pane” e não envie para a pessoa que você selecionou por engano.

Na pesquisa “Solteiros na América”, o site de relacionamentos “Match.com” entrevistou mais de 5.500 pessoas em 2016 e, entre os resultados, revelou que enquanto 47% dos homens admitem enviar fotos de suas genitálias, 53% das mulheres receberam, mas 49% delas afirmam não ter solicitado as fotos que chegaram.

Tanto à menina quanto ao menino, as situações são as mesmas: mandar e errar o nome, receber na hora errada ou ser publicado nas redes. Diante disso, você sabe como agir? Como evitar ou consertar um erro? A gente te dá umas dicas.

Dialogue
Mande um oi, pergunte como a pessoa está. Não envie uma foto sensual ou íntima antes mesmo de conhecê-la.

Não envie do nada
No meio de um papo picante, uma fotinho para deixar com uma vontadezinha pode cair bem. Mas em uma conversa sobre trabalho, não vai funcionar e pode incomodar.

Pergunte a localização
Vai que ela ou ele está no trabalho, num ambiente rodeado(a) de pessoas, vai passar por uma situação constrangedora ao abrir sua foto.

Cheque duas vezes para quem
Imagine enviar para seus pais ou seu chefe a foto que era para seu parceiro(a). Antes de clicar no “ok”, confira se o número ou contato está certo.

Escolha a rede certa
Cada tipo de aplicativo ou ferramenta de comunicação tem suas características. O Snapchat apaga as fotos depois de 24h, então é bom para não deixar registro. Já o Facebook muita gente usa no computador do trabalho, pode não ser legal. O WhatsApp armazena todas as fotos na galeria do dispositivo. E, o Instagram as dispõe por 24h também, ou ficam salvas no perfil do usuário.

Não insista no erro
Mandou a foto e foi ignorado? Provavelmente a pessoa não gostou. Não insista enviando outra logo depois. Ou melhor, nunca.

Proteja sua identidade
Por mais que você confie na pessoa, as fotos podem vazar e virar uma dor de cabeça. Evite aquelas em que seu rosto esteja visível. Ou aquelas em que apareça tatuagem e piercing. Qualquer coisa que identifique.

A opinião da galera
Para Amanda Schneider Wilhelm, 18 anos, mandar nudes é uma atitude errada. “A pessoa a quem estamos mandando pode divulgar essas fotos e elas são muito pessoais”, afirma. Ela mesma confessa já ter recebido nudes e ter ficado super constrangida com a situação. Além do mais, não é novidade para ninguém que os homens espalham para os amigos tudo que compõe a galeria de fotos do seu celular.

“Acho que o objetivo é se mostrar para amigos ou até mesmo prejudicar a mulher, quando o relacionamento acaba e a parte afetada não aceita a rejeição”, diz. “Nesse caso, o ideal é que a mulher procure seus direitos e tente tirar do modo público suas particularidades, embora não pareça muito viável”, frisa.

Manuela Plentz
FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Manuela Plentz, 18 anos, diz que não há um certo ou errado. “A pessoa decide o que vai fazer, pois, afinal, tem total direito sobre o seu corpo”, opina. “É uma questão de escolha, não de julgamento”, complementa. De acordo com ela, se mandar fotos de nudez fizer a pessoa mais feliz, melhorar a autoestima, se vai se sentir à vontade para se expor, não há problema. “Sobre o compartilhamento delas, acho que encaram como algo engraçado. No entanto, tem a invasão de um corpo, psicológico, às vezes de uma família”, alerta. “Reenviá-las oferece inúmeros riscos à pessoa agredida”, conclui.

Diogo Pinheiro
FOTO: ARQUIVO PESSOAL

“Isso vai do desejo da pessoa. Têm casais que acham normal e enviam por prazer”, afirma Diogo Pinheiro, 19 anos. Para ele, é relativo. “Inclusive, eu já recebi. Então se eu definisse alguma posição, estaria mentindo”, acrescenta.

Distribuição será crime
A Câmara dos Deputados aprovou projeto que criminaliza distribuição de nude sem o consentimento de quem está exposto na imagem, no dia 21 de fevereiro deste ano.
O texto, do deputado João Arruda (PMDB), reconhece como violência doméstica a distribuição “de imagens, informações, dados pessoais, vídeos, áudios, montagens ou fotocomposições da mulher, obtidos no âmbito de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.”

A matéria, que aumenta o combate à violência contra a mulher, da Lei Maria da Penha, prevê punição de três meses até um ano de cadeia, além de multa para os envolvidos. A pena de reclusão aumenta caso a vítima tenha algum tipo de deficiência ou se a distribuição ocorrer por motivos de fim de relacionamento rejeitado. Agora, o texto segue para aprovação no Senado e, depois, para sanção presidencial.

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