“Garçom, aqui nessa mesa de bar, você já cansou de escutar, centenas de casos de amor…”, eternizou a voz do cantor Reginaldo Rossi.
Consagrado, campeão, mestre, brother, camarada, chefia, amigão, desce mais uma rodada… Neste sábado, 11, é o Dia do Garçom. Dia daquele que deixa a mesa e o salão prontos para sua festa, atende aos seus pedidos, indica refeições e escuta as lamúrias de quem passou da conta com a bebida.
Marcelo Mello, 37 anos, trabalha há 18 anos no ramo. Atualmente com dois empregos fixos, na Bari e no ChinaTchê, destaca que se apaixonou quase por acaso pela profissão. “Eu voltei do Rio de Janeiro, à época, e tive meu primeiro emprego na área. E eu me apaixonei pela função, em servir as pessoas”, relata.
Com tanto tempo executando a função, o profissional já presenciou brigas de casais, gente que bebeu demais e buscou consolo, gente que bebeu de mais, apagou e precisou ser levado para casa… Mesmo assim, ele encontra, diariamente, nas amizades que faz e nas pessoas que conhece, a inspiração para o ofício. “Por um período, eu tentei fazer outras coisas. Trabalhei com vendedor, trabalhei na John Deere, mas sempre acabei como garçom”, afirma.
Trabalhando de domingo a domingo, seja nos locais fixos ou em eventos extras, Marcelo não se importa em não ter folga durante a semana. “É reflexo de me sentir realizado no que faço. Em gostar de desempenhar essa função. Mesmo estando um pouco difíceis as relações com as pessoas, ainda me completo”, pontua.
Sem redes sociais, o profissional confessa que é do tempo em que as relações entre as pessoas aconteciam presencialmente. E é isso que tanto o encanta na ocupação que escolheu. “Mas é uma profissão que vem diminuindo a cada ano. As pessoas que procuram este tipo de trabalho, geralmente na faixa etária dos 16 aos 18 anos, querem apenas fazer “bico” mesmo, quebrar galho”, destaca.
Profissão digna que proporciona conquistas
Orgulhoso, Marcelo conta que o salário que ganha como garçom proporciona uma vida confortável. Todas as conquistas, que incluem carro e viagens, foram alcançadas com o suor do seu trabalho.
Com toda a dignidade do ofício, entristece-se com a arrogância e a falta de educação e reconhecimento que por vezes encontra pelo caminho. “Mas tem o ponto positivo. Faço muitas amizades, conheço bastantes pessoas. E, em minhas experiências pessoais, como profissional, sempre fui valorizado, mesmo a profissão não tendo tanto prestígio”, comenta.
Sem ter buscado nenhuma qualificação para exercer a função, o profissional declara que foi com o tempo, dicas de bons colegas e muita atenção que foi aprendendo as atribuições que lhe cabem. O mais difícil, de acordo com ele, foi conseguir equilibrar com maestria a bandeja cheia de copos, bebidas e refeições na mão.
“Desde a limpeza do salão até o polimento e recolhimento da louça, tudo compete ao garçom. E o bom profissional é aquele responsável, que leva a sério, cumpre horário”, diz. Os apelidos? Não há como fugir deles. E são inúmeros, principalmente depois que as pessoas bebem. “Não sei fazer, ou não faria tão bem outra coisa na vida. O conselho que dou para quem está iniciando é de que não desista”, informa.
Agenda lotada, rotina diferente, trocando muitas vezes o dia pela noite, nervosismo a cada evento para que saia conforme o esperado. Marcelo conta que, com a crise desse ano, as procuras por trabalhos extras baixaram um pouco, mas nada que comprometa a animação. “Mas em agosto, já tem uma recuperação. Em épocas boas, chego a fazer 15 eventos extras por mês. E, geralmente, as contratações acontecem com antecedência, porque eu sou muito bom. Sem dúvida, a minha dedicação e o gostar refletem no sucesso da carreira, que já está bem consolidada”, termina.