Trânsito divide os moradores e os comerciantes da rua

Cedo da manhã, já começa a circulação de carros, os comércios vão abrindo e os montenegrinos vão enchendo a rua. Às vezes, fica difícil caminhar pela via sem esbarrar em alguém. Esse é o cenário, quase todos os dias, da rua Osvaldo Aranha.

Raini Maurer, proprietário de comércio há 19 anos, sente a necessidade de instalação de novas lixeiras na via para não sobrecarregar as poucas existentes. “Por ser uma das ruas principais do Centro de Montenegro, o fluxo de pessoas (clientes) é bom, e também pela quantidade de lojas”, acrescenta. Há, também, para ele, bastante vaga para estacionamento. E o espaço do meio-fio não é substituído por garagens, que impossibilitam que o condutor pare.

A imprudência no trânsito é um problema na Osvaldo Aranha. Desde setembro do ano passado, Isabel Millarch Claus já viu dois acidentes em frente à sinaleira na esquina com a Capitão Porfírio. “Mesmo com o equipamento, o pessoal passa voando. Às vezes, parece que nem param”, destaca. Antes, ela trabalhava na Ramiro Barcelos e ficou espantada com o movimento, porque achava que era mais parado na Osvaldo. “Claro que dá uma murchada quando as lojas de maior porte fecham, ali pelo meio-dia, mas depois já começa tudo de novo”, diz. Educação, conforme Isabel, é a melhor saída. “Pedestres, ciclistas e condutores têm de cuidar uns dos outros”, conclui.

Lya Seelig e Rosângela Seelig Hommerding, mãe e filha, da Loja Seelig, que têm o comércio estruturado na Osvaldo Aranha há 90 anos, gostam da rua, mas têm ressalvas. “Melhorou com a sinaleira na esquina da Capitão Porfírio, mas o problema maior ainda permanece: a falta de estacionamento”, afirma Lya. “A rua é movimentada, tanto o comércio quanto a economia são crescentes”, acrescenta. “Há algum tempo, a rua era de mão dupla. É claro que isso facilitava o acesso das pessoas, como cidade de interior – entra e sai em qualquer rua. Mas, com a alteração para mão única, creio que o trânsito ficou mais organizado, porque temos de acompanhar o crescimento da cidade”, complementa Rosângela. “Realmente há pouco estacionamento, principalmente na nossa quadra, porque tem parada de ônibus e entrada para garagem”, finaliza a filha.

O cabeleireiro unissex Adelmo Appel administra o salão há nove anos e recorda que, no começo, naquele local, a via era mão dupla. Depois, só subia no sentido Hospital Unimed. Agora, só desce. “Mas não é uma reclamação, até porque o trânsito não está congestionado”, relata. Ele sugere que o estacionamento rotativo retorne, porque desafoga um pouco o número de carros que permanecem o dia inteiro na mesma vaga. “Têm clientes que já comentaram que não vieram aqui porque não havia lugar para deixar o veículo”, conta.

De acordo com Isabel Cristina Porto Barros, o trânsito está muito tumultuado. “Os carros batem uns nos outros na hora de estacionar”, afirma. “Às vezes, deixo meu carro perto de casa – próximo à Associação dos Funcionários da Viação Montenegro – porque aqui não tem lugar”, acrescenta. “Quando cobravam estacionamento, ainda estava melhor, pois agora os carros querem entrar onde não dá”, complementa. Muitas vezes, Isabel foi obrigada a chamar a atenção dos condutores que tentavam estacionar pela via, por estarem quase batendo no veículo da frente ou de trás. Há 34 anos, ela trabalha em uma clínica e, no quesito comércio, ressalta que é muito difícil algum se estabilizar. “É abre e fecha o tempo todo”, conclui.

O fotógrafo Arnaldo Anderson, de 71 anos, que tem um estúdio de fotografia há 46 anos localizado na rua Osvaldo Aranha, afirma que antigamente a via era melher porque a população cuidava mais da limpeza das calçadas. “Dos matos nas calçadas saem sapo, cobra e elefante”, ironiza. Segundo ele, se fosse direcionada uma equipe para limpeza, sete limpariam tranquilamente. O trânsito, para Arnaldo, não é incômodo, mas os comerciantes da região estacionam os carros em frente às suas lojas e ocupam as vagas dos clientes.

“Estou decepcionada com a sujeira da rua, com o descaso da própria população em relação aos cuidados da cidade que é nossa mesmo”, lamenta Odete Fernandes. Ela morava em Porto Alegre e se mudou para cá há 48 anos. “Montenegro era uma cidade de interior, com pouco lazer. Porém, eu gostei mesmo da forma que o trânsito funcionava, a limpeza da cidade. Tinha vantagens”, conta. Hoje, para conseguir estacionar uma moto, é necessário passar quase cinco quarteirões circulando até encontrar. “Acho, inclusive, que se não dá para descer e/ou subir numa rua, na próxima tem de haver possibilidade desse procedimento e não ter inúmeras ruas contínuas que só vão reto”, analisa.
E a questão do trânsito, para Odete, é educação, ter noção do que é certo e errado, até porque qualquer pessoa leiga no assunto sabe o que é infringir uma lei e o que não se pode fazer.

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