Na Última Ceia, palavras de grande significado

Durante o primeiro dia dos pães ázimos, que no ano da morte de nosso Senhor parece ter caído na quinta-feira, alguns dos Doze perguntaram a Jesus onde deveriam fazer os preparativos para a refeição pascal. Instruiu Ele a Pedro e João para que voltassem a Jerusalém, e acrescentou: “Ide à cidade, e um homem, que leva um cântaro d’água, vos encontrará; segui-o; e onde quer que entrar, dizei ao senhor da casa: O Mestre diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e preparado; preparai-a ali. E, saindo os seus discípulos, foram à cidade, e acharam como lhes tinha dito, e prepararam a páscoa.”

No entardecer, ao cair da noite de quinta-feira, Jesus veio com os Doze, e juntos sentaram-se para a última refeição da qual o Senhor partilharia antes de Sua morte. Pressionado por uma emoção profunda, “disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse; Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vida, até que venha o reino de Deus.” O pronunciamento de uma bênção pelo hospedeiro sobre um copo de vinho que depois era passado ao redor da mesa para cada um dos participantes por sua vez, era a forma costumeira de iniciar-se a ceia da páscoa.

A ceia decorreu sob condições de tensa melancolia. Enquanto comiam, o Senhor pesarosamente comentou: “Em verdade vos digo que um dentre vós, que comigo come, há de trair-me.” A maioria dos apóstolos caiu num estado de introspecção e um após outro exclamaram: “Porventura sou eu?” “Senhor, serei eu?” E agradável notar que cada um dos que assim perguntaram estava mais preocupado com o terrível pensamento de que possivelmente seria um ofensor, ainda que inadvertidamente, do que com a possibilidade de que seu irmão estivesse para tornar-se traidor. Jesus respondeu que seria um dos Doze, naquela ocasião comendo com Ele do mesmo prato, e prosseguiu com a declaração apavorante: “Na verdade o Filho do Homem vai, como dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Bom seria para o tal homem não haver nascido!” Então, Judas Iscariotes, que já havia combinado vender seu Mestre por dinheiro, e que naquele momento provavelmente temeu que o silêncio pudesse levantar suspeita contra si, perguntou com uma audácia “Porventura sou eu, Rabi?” Com prontidão cortante, o Senhor replicou: “Tu o disseste.”

Nova causa de tristeza ocorreu a Jesus durante a ceia. Alguns dos Doze haviam entrado em mal-humorada disputa entre si a respeito da precedência individual, possivelmente em relação à ordem em que deveriam sentar-se à mesa, o que dava frequente motivo de discussão entre escribas, fariseus e gentios, e mais uma vez, o Senhor teve de lembrar aos apóstolos que o maior dentre eles seria o que com melhor disposição servisse seus companheiros. Eles haviam sido ensinados anteriormente. Entretanto agora, nessa hora última e solene, estavam dominados por ambições vãs e egoísticas. Em pesarosa seriedade, o Senhor argumentou com eles, perguntando quem é maior, o que se senta à mesa ou o que serve? E suplementou a resposta óbvia com a declaração: “Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve”. Com sentimento amoroso, acrescentou: “Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações”; e então lhes afirmou que não lhes faltaria honra nem glória no reino de Deus, porque, caso se mostrassem fiéis, ser-lhes-iam designados tronos como juízes de Israel. Para com aqueles, dentre os Seus escolhidos, que Lhe eram fiéis, o Senhor não tinha outros sentimentos que de amor e anseio de que vencessem Satanás e o pecado.

Jesus lava os pés dos discípulos
Deixando a mesa, o Senhor tirou a vestimenta de cima e cingiu-se com uma toalha à guisa de avental. Então, tendo-se munido de uma bacia com água, ajoelhou-se diante de cada um dos Doze, lavou-lhes os pés e os enxugou com a toalha. Chegando a Pedro, o impulsivo apóstolo protestou, dizendo: “Senhor, tu lavas-me os pés a mim?” Que o acontecimento era alguma coisa a mais que simples serviço para conforto pessoal, e mais que uma lição objetiva de humildade, transparece das palavras do Senhor a Pedro: “O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois.” Pedro, não compreendendo, objetou ainda mais veementemente: “Nunca me lavarás os pés”. Respondeu-lhe Jesus: “Se eu te não lavar, não tens parte comigo.” Então, com ainda maior impetuosidade do que antes, Pedro implorou, estendendo-lhe as mãos e os pés: “Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.” Havia ido agora ao outro extremo, insistindo, embora em ignorância e de maneira irrefletida, em que as coisas fossem feitas a seu modo, e não conseguindo ver ainda que a ordenança deveria ser administrada conforme o deseja o Senhor. Corrigindo novamente o Seu bem intencionado, ainda que presunçoso servo, disse-lhe Jesus: “Aquele que está banhado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.”

Havendo retomado Suas vestes e retornado ao Seu lugar à mesa, Jesus frisou o significado do que havia feito, dizendo: “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Ora se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.”

Finalizando, Jesus proferiu o seu grande mandamento: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”.
João 13:34-35

Os fatos que marcam cada dia da Semana Santa

Domingo de Ramos
A Semana Santa começa com o domingo, chamado “Domingo de Ramos”, e que comemora a entrada de Jesus em Jerusalém. Este evento, está presente nos Evangelhos que contam a jornada de Jesus à cidade santa, para celebrar a sua última Páscoa, com os discípulos. À chegada, Jesus foi recebido com grande fervor e entusiasmo, nesta sua “entrada gloriosa” (Mt 21,1-11). Nos dias de hoje, os fiéis levam para a igreja ramos de oliveira, a fim de serem abençoados, como símbolo de sua fé. A procissão que introduz esta celebração, convida todos os cristãos a saudar, e acompanhar, o Senhor que entra em Jerusalém.


Segunda-Feira Santa

De acordo com Mateus 21, Marcos 11 e Lucas 19, Jesus retorna a Jerusalém neste dia e, vendo as práticas comerciais vergonhosas realizadas na área do templo, reage com indignação, expulsando os vendilhões e denunciando que eles transformaram a casa de seu Pai num covil de ladrões. Marcos, em 11,19, escreve que Jesus voltou para Betânia também nesta noite, para a casa de seu amigo Lázaro (a quem Ele havia ressuscitado), e de Marta e Maria Madalena. Enquanto jantavam, Maria tomou um vaso de um perfume muito caro e ungiu Jesus nos pés, e depois enxugou-os com seus cabelos. Tal gesto foi criticado por Judas Iscariotes, que hipocritamente logo alegou que o dinheiro que valia o perfume (valor calculado em 300 denários, o equivalente a um ano de salário de um trabalhador), poderia ter sido dado aos pobres. Jesus, em defesa de Maria, disse: “antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura. Asseguro-vos que, em qualquer parte do mundo onde se proclame o evangelho, se recordará o que ela fez”.

Para o Cristianismo, a Semana Santa é a ocasião em que é celebrada a Paixão de Cristo, sua morte e ressurreição. Pelo que se tem conhecimento, a primeira celebração cristã da Semana Santa ocorreu no ano de 1682. Foi por meio do Concílio de Niceia, convocado pelo Papa Silvestre I, onde os ensinamentos da doutrina católica a tornam religião oficial do Império Romano.

O Concílio de Niceia determinava que a Semana Santa fosse constituída de oito dias. Seu início se dá no Domingo de Ramos, através da entrada do Rei, do Messias, na cidade de Jerusalém, para comemorar a Páscoa Judaica. Na segunda-feira seguinte foi o dia em que Maria ungiu Cristo. Na terça-feira, foi o dia em que a figueira foi amaldiçoada. A quarta-feira é conhecida como o dia das trevas. A quinta-feira foi o dia da última ceia com seus apóstolos, mais conhecida como Sêder de Pessach. A sexta-feira foi o dia do seu sofrimento, sua crucificação. Sábado é conhecido como o dia da oração e do jejum, onde os cristãos choram pela morte de Jesus. E, finalmente, o Domingo de Páscoa, o dia em que Cristo ressuscitou e encheu a humanidade de esperança e de vida eterna.

Terça-feira santa
Jesus retorna mais uma vez a Jerusalém, onde é confrontado pelos dirigentes do templo quanto à sua atitude do dia anterior. Eles questionam a autoridade de Jesus, que responde e ensina usando parábolas como a da vinha e a do banquete de casamento. Há também o ensinamento sobre o pagamento dos impostos e a repreensão aos saduceus, que negam a ressurreição. Jesus faz ainda a terrível profecia sobre a destruição de Jerusalém caso os seus habitantes não creiam nele, afirmando que não restará pedra sobre pedra. Também é o dia, em que, com grande tristeza, Jesus anuncia a sua morte, causando grande sofrimento aos seus discípulos. Anuncia também a traição, e indica o traidor: Judas.

Quarta-feira Santa
É o quarto dia da Semana Santa e é o dia em que se encerra o período quaresmal. Em algumas igrejas, celebra-se ainda, neste dia, a piedosa procissão do encontro de Nosso Senhor dos Passos com Nossa Senhora das Dores. Ainda há igrejas que, neste dia, celebram o ofício das trevas, lembrando que o mundo já estava em trevas quando da proximidade da morte de Jesus Cristo. No evangelho deste dia, é apresentada a traição de Judas, que teria ido aos chefes dos sacerdotes e se oferecido para trair o Jesus. Aceita, assim, 30 moedas de prata como recompensa da sua traição. (MT 26,14-25).

Quinta-feira Santa
É o dia da Última Ceia de Jesus Cristo com seus Apóstolos, onde Jesus humildemente lavou os pés dos seus 12 discípulos. É no momento do lava-pés que Judas sai para entregar Jesus em troca das 30 moedas de prata. Foi ali que Jesus Cristo instituiu o Santo Sacrifício como sua eterna memória e, em seu último discurso, encorajou os discípulos a amarem-se uns aos outros. Na noite em que foi entregue, o Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei isto em minha memória”. Depois Jesus dirigiu-se ao monte de Getsêmani, tomou consigo três discípulos e começou a sua agonia nos jardins, onde foi preso pelos judeus.

Sexta-feira Santa
Também chamada de Sexta-feira da Paixão. Relembra o dia em que Cristo é crucificado. Após sua prisão, Jesus é julgado e açoitado; recebe a coroa de espinhos na cabeça; é levado à presença de Pilatos, e depois de condenado, carrega a sua própria cruz, até ao monte Calvário. Ao meio-dia, é crucificado entre dois ladrões e, por volta das três da tarde, Jesus morre. O seu corpo foi retirado da cruz e colocado num sepulcro cavado na rocha, pertencente a José de Arimatéia (João 18,1—19,42).

Sábado Santo
Também era chamado de Sábado de Aleluia. Jesus permanece no sepulcro. Na Vigília Pascal, os fiéis ainda estão à espera, na esperança da ressurreição. Durante a atividade, o celebrante abençoa o fogo, símbolo do esplendor de Cristo ressuscitado que começa a dissipar as trevas do pecado e da morte.

Domingo de Páscoa
O Domingo de Páscoa é o dia da ressurreição, onde Jesus se levanta de sua sepultura e vence a morte. É o dia do grande milagre! O dia em que Cristo volta à vida. É o dia em que se celebra a vida, o amor e a misericórdia de Deus.

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