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Quando o amor pelo trabalho passa de pai para filhos

Dia dos pais. Escolher a mesma profissão, mais do que uma homenagem, é uma demonstração de inspiração

O amor entre pais e filhos é algo único. Muitas vezes, esse sentimento especial tem reflexo na escolha profissional. Inspirados na dedicação dos pais ao trabalho, é comum filhos seguirem trajetórias parecidas. Neste Dia dos Pais, o Jornal Ibiá traz duas histórias como essas, nas quais transpiram orgulho e carinho mútuos.

Gustavo, 45 anos, e Laisa, 39, perceberam desde pequenos o empenho do pai, o otorrinolaringologista Osmar Orlando Faller, 71, ao trabalho. De uma forma natural, decidiram trilhar os mesmos passos. Gustavo optou pela especialidade do pai e Laisa, pela pneumologia. Os três atuam juntos na clínica da família, no Centro de Montenegro.

Osmar destaca o fato de os filhos terem manifestado interesse pela medicina a partir da pré-adolescência. Mas, se identificaram com o trabalho desde antes. “Surgiu de uma forma espontânea. Eu sou muito entusiasmado pelo que faço e eles absorveram isso quando eram crianças.Tomaram o gosto pela minha atividade”, conta o pai. A decisão pela área de atuação de cada um foi tomada mais ao final do curso.

A medicina é tema constante das conversas entre pais e filhos. Inclusive, nos encontros de final de semana. “Não conseguimos descansar e parar com isso, porque sempre tem alguém recebendo um telefonema ou comentando alguma coisa, um fato. Essas coisas surgem de forma espontânea”, comenta Osmar.
O pai destaca o fato de não ter havido um direcionamento da escolha profissional dos filhos. Poderiam, por exemplo, ter se espelhado na atividade exercida pela mãe, a professora Normélia. “Eles sempre tiveram liberdade para escolher qualquer carreira que quisessem seguir e teriam apoio irrestrito. Tanto é que tenho um outro filho, o Gabriel, que é advogado”. Ainda assim, o sentimento de ter dois herdeiros trabalhando ao seu lado é forte. “É um orgulho imenso ter dois filhos médicos. Além disso, um deles ainda escolheu a mesma especialidade que eu”, frisa.

Osmar salienta a dedicação como fundamental para qualquer profissão. Isso assume atenção especial com as relacionadas ao cuidado das pessoas. “É muito importante gostar do que faz, porque assim, com certeza, vai fazer com coração, com alma, com vontade de fazer o melhor possível, o mais perto do ideal”, aconselha.

Ele tem cinco netos Antônio, 6 anos, Guilherme, 4, Joana, 2, Malu, 2, e Ricardo, 7 meses. Contudo, não há expectativa por também optarem pelo jaleco branco, representando a terceira geração da família dedicada à medicina. “Por mim, eles vão crescer, estudar e seguir o caminho que eles gostarem. O importante é vê-los felizes, com brilho nos olhos”, afirma.

Rafael, Reinaldo e Marcelo em frente ao empreendimento

Dedicação serviu de inspiração
O filho de Osmar Orlando Faller, Gustavo destaca a admiração dele e dos irmãos pela atividade exercida pelo pai. “Sempre tivemos uma impressão positiva, de ser um trabalho legal, no qual ele se satisfazia. Com certeza, isso influenciou”, salienta.

Durante a faculdade, na hora de optar pela especialidade, escolheu a mesma do pai. Também por ter um leque amplo de oportunidades. Perguntado sobre em quais características do pai se espelhava, respondeu sem precisar pensar muito. “A dedicação aos pacientes e ao profissionalismo”, definiu, de pronto.

Laisa também aponta a inspiração no pai para trilhar o seu caminho profissional. “Desde pequenos, sempre acompanhamos o dia dia dele. O pai sempre foi uma figura na qual a gente se inspira e hoje trabalharmos todos juntos” , comemora.

Filhos assumiram a autopeças do pai
Os irmãos Rafael, 37 anos, e Marcelo Nunes Sarmento, 35, cresceram no ambiente de trabalho. Reinaldo Sarmento, 72. A mãe dos meninos Luiza Inês Nunes Sarmento, 60 anos, trabalhava como química na Tanac durante o dia e estudava biologia na Unisinos à noite. Por isso, algumas vezes, ficavam com o pai na Renauto Autopeças. No espaço, havia inclusive uma cama improvisada dentro de um Gol, onde descansavam.

Provavelmente, não notaram naquela época, mas começava a surgir nos dois uma fagulha de interesse pelo ofício do pai. Anos mais tarde, ficariam responsáveis pelo negócio.

A Renauto foi fundada por Reinaldo em 1979, então na rua Ladeira. “Naquele tempo, todo mundo fazia tudo. Mecânica geral, chapeação, elétrica”, lembra Reinaldo. Levou para o empreendimento a determinação e conhecimento de quem saiu de casa aos 12 anos para trabalhar e teve diversas experiências, de tornearia a posto de gasolina. Antes, Reinaldo tinha trabalhado por 15 anos, inicialmente como auxiliar de mecânico, e saiu como gerente de oficina.

Em 1982, a oficina passou para o local onde permanece até hoje na rua Coronel Antônio Inácio, 1199, esquina com a Estrada Maurício Cardoso. Em 1994, a empresa se especializou em surdinas e engates para reboques, por ideia de Reinaldo.

Rafael, desde cedo, ajudava o pai nas cobranças e serviços de escritório. “Mas não ficava sempre. Mais nas épocas de férias”, lembra. Ao 18 anos, após a formatura no Ensino Médio, começou a trabalhar no local oficialmente. Mas, após um desentendimento com o pai, a parceria levou apenas seis meses. Depois da discussão, Rafael seguiu para casa e, no dia seguinte, foi acordado por Reinaldo. “Eu disse, tu não precisa trabalhar aqui, mas então levanta para procurar emprego, tu já tem 18 anos”, lembra o pai. Na ordem, vinha também um conselho de pai preocupado, pois sabia o trabalho ser o melhor caminho para uma vida digna.

Dito e feito. Foi contratado pela Erplast, onde ficou dois anos na expedição e um na programação. Nesse meio tempo, Marcelo teve uma experiência de dois anos na Renauto e depois ficou por igual período na Kranz, em Novo Hamburgo.

Foi quando receberam uma proposta, quase ordem, do pai. Ou eles ajudavam a tocar o negócio junto ou alugaria o prédio. A partir dali, os dois começaram a “meter a mão na massa”, mesmo. Sempre sob os olhos do pai, bolaram estratégias como a de voltar a oferecer o serviço de mecânica geral e autopeças, ampliaram o espaço, informatizaram o negócio. Atualmente, a empresa emprega 21 funcionários. A irmã deles Marina, 27, anos trabalhou ali como caixa por três. Hoje é sócia do espaço e advogada.

O pai montou um negócio de guincho e vê com orgulho o resultado dos projetos desenvolvidos pelos filhos. Os dois são formados em administração para aperfeiçoar a empresa.

O Jornal Ibiá deseja um Feliz Dia dos Pais a todos os leitores

Orgulho e objetivo de seguir crescendo
Ao conversar como os Rafael, Marcelo e Reinaldo, fica evidente a admiração mútua entre os três. O pai parece ter um pouco de dificuldade de traduzir os sentimentos em palavras. Mas a sua expressão, ao olhar os filhos falando sobre a história deles, deixa nítido o carinho, respeito, admiração e amor existente entre eles. “Muito do que a empresa é hoje, é fundamentado nos princípios que ele nos passou de honestidade, primar pela qualidade do serviço, tratar e receber bem o cliente. O pai sempre foi um cara que teve muita visão”, destaca Marcelo. “Até hoje, quando precisamos tomar alguma decisão importante, consultamos ele”, completa o irmão, Rafael.

O pai se mostra feliz e agradecido ao ver o resultado do empenho dos filhos. “Sabendo da dificuldade que é ter uma empresa hoje, não tem como não sentir muito orgulho deles. Na verdade, se ela está deste tamanho hoje, é graças a eles. Eu plantei a semente e eles fizeram crescer.

Reinaldo e Luiza Inês têm quatro netos, todos ainda pequenos. Antônia, 5, Davi 4, Bento, 1, e Sofia, 1. “Queremos que a empresa cresça. Com certeza, o nosso sonho é que algum deles se interesse pelo negócio”, finaliza Rafael.

Meus dois melhores amigos
Meus irmãos e eu nunca chamamos o nosso pai de pai. Nunca. Talvez pelo nome Elpidio não ser dos mais fáceis de ser dito por crianças. Outra opção, essa bem mais provável, é por termos crescido com todos à sua volta se referindo a ele pelo apelido de infância, Pida. É assim até hoje.

Quando questionado se ficava triste por não ouvir “pai” da boca dos três filhos, sempre respondia. “Claro que não, porque antes de serem meus filhos, são meus amigos”, afirmava. Talvez por essas palavras parecerem sair sem muita convicção, a situação me soava como uma tentativa de negar uma certa chateação. Só muitos anos mais tarde entenderia o verdadeiro significado da frase.

Não lembro o dia exato, mas nunca vou esquecer quando senti, realmente, a presença do Daniel. Na primeira consulta depois de eu e a Denise descobrirmos a gravidez, ouvimos o coração dele. Estava a mil, a 126 batimentos por minuto. Foi, e até hoje é, uma das emoções mais fortes da minha vida. Cheguei a tatuar o eletrocardiograma dele na perna esquerda para não correr o risco de perder uma sensação tão incrível no percurso da vida.
Depois disso, procurei ir em todas consultas na obstetra. Nem sempre conseguia. Nessas, o sentimento era como se estivéssemos começando a nos conhecer. Também pairava uma tensão e depois a sensação de alívio por estar tudo bem no decorrer da gestação.

E chegou o tão esperado dia, com um mês antes do programado, o Daniel veio ao mundo em 11 de junho de 2015. Embora, prematuro, com saúde. Ao ver o rosto dele pela primeira vez, foi uma chuva de sentimentos. Alegria, amor, insegurança por alguém depender de mim, tudo misturado. Mas, principalmente, a certeza de nunca mais sentir solidão.

Tive a certeza de ter um parceiro para toda a vida. Até hoje, a gente sempre diz isso um para o outro. “Tu é o meu melhor amigo”. Afinal, só alguém assim poderia proporcionar algo tão especial quanto ser pai e, embora erre bastante, sempre busco fazer o melhor para cuidar dele.

Meu pai, durante a nossa infância e adolescência, tinha dois empregos, um deles à noite. Não conseguiu conviver conosco tanto quanto nós todos desejávamos. Ainda assim, não deixou de transmitir para os três filhos o exemplo de honestidade e caráter. Não lembro, por exemplo, de ver ele negar ajuda a alguém. Não à toa, escolheu a nobre atividade de cuidar das pessoas. Aliás, casando com a matéria dessas duas páginas, o meu irmão Rafael segui a profissão do Pida e também é enfermeiro.

Tendo com base a experiência lá de casa, aproveito cada minuto com o Daniel. Me dedico ao máximo a dividir os cuidados com ele com a Denise desde sempre. E friso o “dividir”, pois a criação dos filhos é função dos dois. Em casa, ninguém se ajuda. E, embora certamente cometa muitos erros, tenho orgulho do meu desempenho até aqui.

Amo muito vocês!
Feliz Dia dos Pais!
Rodrigo Borba
Jornalista

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