Reajuste praticado nas refinarias ainda não foi repassado ao consumidor
Na casa de Maria Sirlei Kael, 67 anos, e Elias Kael, 72, o almoço é sempre em família, e grande, diga-se de passagem. São pelo menos 10 pessoas, entre filhos e netos, que fazem a principal refeição do dia na casa dos dois. Para conseguir dar conta de alimentar tanta gente é preciso, também, muita comida. As panelas já começam a ir para o fogão cedo e o fogo não desliga até o meio dia.

Para cozinhar esse número de refeições diárias, são pelos menos dois botijões de gás P-13 por mês. Com o preço atual, são cerca de R$ 140,00 média de 5% do orçamento da família, de acordo com Elias. “Isso aí, de vez em quando aumenta. Olha, acho que fica uns 5 a 6% do salário da gente. Isso é bastante”, diz ele.
Na última semana, a Petrobras anunciou uma nova política de preços para a comercialização às distribuidoras do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), aquele que é comercializado em botijões de até 13Kg e de uso residencial. De acordo com a estatal, o valor do botijão será corrigido mensalmente, acompanhando a variação do butano e propano no mercado externo.
Para Elias, o novo método vai atingir, principalmente, quem tem renda menor, como o aposentado. “Acho que deveriam dar um percentual de aumento de ano em ano. Acho que dessa forma vai mais subir o preço, que diminuir. Vai arrochar mais ainda, principalmente para o aposentado”, argumenta ele.
Em Montenegro, o reajuste ainda não foi repassado ao consumidor, justamente pelas revendas terem se abastecido antes do aumento. A expectativa é de que o consumidor local deva sentir o novo reajuste no bolso ainda neste mês. Na cidade, a média do preço se mantém entre R$ 62,00 e R$ 70,00.
Aumento médio nas refinarias chegou a 6,7% em junho
Segundo a Petrobras, a partir de agora, o preço do gás será corrigido mensalmente, o que deve ocorrer todo o dia 5. Em junho, o reajuste ocorreu a partir do dia 8, última quinta-feira. De acordo com a estatal, o preço final ao consumidor pode ou não refletir o ajuste feito nas refinarias. Neste mês, o aumento médio nas refinarias foi de 6,7%. O último reajuste foi em março, quando o preço subiu 9,8%, que representou uma variação de R$ 1,00 a R$ 3,00 no preço ao consumidor final.
O ajuste anunciado foi aplicado sobre os preços praticados pela Petrobras sem incidência de tributos. Se for integralmente repassado ao consumidor, a companhia estima que o botijão de GLP-P13 pode subir, em média, 2,2% ou R$ 1,25 por botijão, isso se forem mantidas as margens de distribuição e de revenda e as alíquotas de tributos.
De acordo com o presidente da companhia, Pedro Parente, será seguido o mesmo sistema que rege o reajuste da gasolina e do diesel. “Nós vamos seguir rigorosamente a referência utilizada, assim como pode subir (o preço), também pode cair”, afirma ele.
A nova política de preços não se aplica ao gás de uso industrial e comercial, de acordo com a estatal, mas ao de uso doméstico.