Rotina. Moradores de Vapor Velho se obrigaram a roçar as laterais da principal estrada
“Já que não temos ninguém competente pra fazer limpeza nas estradas, fizemos nós mesmos”. A frase do agricultor Márcio Juldimar de Vargas, 39 anos, resume o sentimento de todos moradores do interior de Montenegro. Sem que a Prefeitura tenha um projeto avançado de manutenção, sentem-se abandonados e obrigados a fazer por conta. Não é o primeiro mutirão em Montenegro. Em 30 de março, moradores usaram seus veículos e o sábado de folga para realizar manutenção na estrada que liga as localidades de Bom Jardim, Sobrado e Serra Velha.
Esta nova ação foi realizada na tarde da segunda-feira, 13, em dois quilômetros da Estrada São Jorge, em Vapor Velho, a partir do acesso pela ERS-411, na Costa da Serra. O trecho foi classificado por Vargas como intransitável e o pior de toda a extensão da via geral. Ele e o vizinho Evandro Tavares usaram seus tratores para roçar as laterais, pois o mato invadiu ao ponto de reduzir a largura à metade. O agricultor calcula que em cada lado havia dois metros (total de 4m) cobertos pela vegetação.
Essa situação impede que caminhões cruzem um pelo outro. Na verdade, Vargas afirma que um automóvel, e até mesmo uma motocicleta, não consegue passar por um veículo de carga. Assim como todas as comunidades da Zona Rural, Vapor Velho tem produção de citros, aves e madeira; o que torna comum o fluxo de veículos pesados. O prejuízo é para todos. Seja em termos de mecânica, seja no emocional de quem faz um “rally” curto, mas muito desconfortável, especialmente para idosos e enfermos. Vargas recordou ainda da queixa do motorista do ônibus escolar que leva sua filha, que diz não saber onde é estrada e onde é barranco.
“Nunca esteve tão ruim”
Segundo afirmou o produtor rural, faz mais de um ano que aconteceu uma manutenção completa, com patrolagem, colocação de material, roçada e abertura das valetas. “Na última, em janeiro, deram só uma tapeada”, garante. Sem valos nas bordas, a água das chuvas escorre pela estrada, contribuindo na deterioração.
“A gente paga nossos impostos. Pedem para tirar nota (de produtor), a gente tira e recebe isso de retorno”, desabafou. Vargas, que nasceu no Vapor Velho e hoje toca a propriedade ao lado do pai idoso, é definitivo ao afirma que a Estrada São Jorge “nunca esteve tão ruim”. Ele garante que o problema já foi levado diretamente à Secretaria de Desenvolvimento Rural. Os vizinhos precisaram finalizar o trabalho ontem, após um dos pneus do trator de Vargas furar na segunda-feira. Até o fechamento da edição, a Prefeitura não havia se pronunciado.