Outubro Rosa: histórias de superação refletem a força das mulheres

Durante o Outubro Rosa, diversas ações ocorrem com o intuito de conscientizar as mulheres quanto ao diagnóstico precoce da doença e a importância do autoexame, além dos exames de rotina. Foi através desta preocupação que as montenegrinas Catia Jocelaine da Rosa da Motta, 38, e Janete Cândido, 47, conseguiram descobrir o câncer precocetemente e obtiveram a cura. As duas estiveram na Rádio Ibiá Web na última quarta-feira, 11, para tratar do assunto, a afim de alertar outras mulheres. É importante relembrar que a doença chega a 95% de chance de cura caso seja detectado no estágio inicial. Por isso, quanto mais cedo diagnosticado, mais fácil será de curá-lo. Ambas mulheres descobriram os tumores no segundo estágio.

Janete Cândido teve o diagnóstico aos 45 anos

Janete conta que sempre realizou exames de rotina e muito se preocupou com uma forte dor que sentia em um dos seios. Mesmo tendo histórico de câncer de mama na família, ela afirma que imaginava que pudesse ter qualquer problema de saúde, inclusive coração, mas não pensou que seria a mesma doença da irmã. Em 2019 realizou uma mamografia em que o médico não visualizou nenhuma alteração. Ainda com muita dor, em 2021, com 45 anos, Janete realizou o exame preventivo. Neste momento, solicitou outra mamografia e após, uma biópsia, que mostrou seu tumor, já em grau II. Ela conta que não ficou em choque quando recebeu o diagnóstico, diferente da família.

Janete realizou duas cirurgias até descobrir que o tumor maligno era invasivo. Mesmo assim, não precisou retirar o seio, já que seu tumor era localizado mais para a lateral. Ela realizou radioterapia e quimioterapia.
Já Catia foi diagnosticada com 34 anos, antes mesmo de completar os 40, quando as mulheres devem iniciar o rastreamento da doença. Ela conta que como seu filho tinha apenas seis meses de idade, se manteve normalmente realizando exames de rotina. Lá, ela alertou o médico de um pequeno caroço no seio que lhe incomodava. De início, como estava amamentando, o médico presumiu que fosse uma consequência. Após mais seis meses, sentindo incômodo, Catia voltou a investigar o caroço. “O que me salvou foi o desencargo de consciência. Dois médicos fizeram o toque e disseram que não era nada. No último, ele disse para mesmo assim fazermos a mamografia e ecografia. Ele ficou na dúvida e pediu a biópsia, onde veio confirmado com grau II e também invasivo”, relembra.

Catia Jocelaine descobriu o câncer aos 34

Catia diz que não tinha historio familiar de câncer de mama, mas de outros cânceres sim. Quanto ao diagnóstico, ela salienta que quando ouviu o resultado, parou de escutar. “Eu só via a boca do médico mexer por uns dois minutos que pareciam uma eternidade. Depois daquilo eu retomei, respirei fundo e comecei a tomar decisões práticas, fazendo o que tinha que fazer”, afirma. “Eu desliguei um pouco meu emocional e parti para a praticidade para tentar suportar o processo que vinha pela frente”, acrescenta.

Catia fez 16 sessões de quimioterapia, não precisando passar pelas radioterapias. Ela conta que teve a chance de escolher como seria sua cirurgia, mas com medo do tumor voltar a se desenvolver, optou pela retirada das duas mamas. “Eu falei para o médico que se eu fosse passar por isso eu ia passar uma vez só”, destaca. Hoje, Cátia tem as próteses das mamas.

Apoio emocional foi fundamental
Tanto Janete quando Catia destacam a grande importância do apoio familiar durante todo o processo de tratamento até a cura. Para as mulheres, é uma grande sorte ter, inclusive, um marido atencioso, em que ambas puderam se apoiar para passar pela doença. “Meus filhos e meu marido, meu Deus, me cuidavam todo dia, 24 horas, nem tem o que falar deles”, diz Janete.

Foto: Freepik

“Minha família me apoiou incondicionalmente, meu marido foi sensacional, porque tem muito marido que abandona a barca, porque muita coisa muda. Meu marido e meu pai foram super homens”, detalha Catia. Por ter filhos pequenos, ela também teve o apoio da mãe, que morou por um tempo em sua casa, tudo para auxiliar durante seu processo.

Também em concordância, as duas comentam que, muitas vezes, amigos próximos acabam se afastando e dão espaço à pessoas que sequer elas esperavam que se importariam tanto, fornecendo uma rede de apoio fundamental. Catia relembra que conheceu muitas pessoas através do Instagram após contar sobre sua jornada.

Mudanças na rotina foram radicais
Janete e Cátia relembram que sempre foram mulheres muito independentes, e com a chegada da doença, cirurgias e tratamento, se sentiram completamente dependentes em diversas ocasiões. Catia, com um bebê pequeno, não pôde fazer o básico como dar colo. Além disso, a convivência com os outros dois filhos também foi modificada. “Isso me pegou muito, porque eu sempre fui uma mãe que estava muito perto dos filhos”, admite. Por ter feito a mastectomia radial, por dias não pôde realizar ações básicas como escovar os dentes e tomar banho sozinha. “Até para levar comida para a boca eu dependia de alguém e essa dependência foi algo que eu precisei treinar muito para aceitar e não ser sofrido”, relembra.

Janete também sentiu as mudanças claras. “Graças a Deus a gente tem quem faça as coisas por nós, mas foi muito difícil para mim”, diz. Com uma lancheria em casa, ela teve que parar tudo. “Parar e não ter condições de varrer a casa, lavar uma louça, passar um pano e ter que esperar pelos outros, coisa que eu nunca fiz, é complicado demais, mas a gente aprende”, afirma.

A fé como aliada
Janete e Catia deixam um recado para as mulheres que estão iniciando o tratamento ou até mesmo recentemente tiveram o diagnóstico. Para Janete, é fundamental que a autoestima seja valorizada, assim como a fé. “Se sinta bonita do jeito que estiver. Não deixe a autoestima cair. Tu vai vencer. Se tu colocar tristeza na tua cabeça, isso te leva para baixo. Se tu tiver uma depressão, a doença piora. Fique para cima, com a cabeça erguida. Eu peço que a família destas pessoas ajudem elas, porque isso para mim contou muito. Deus em primeiro lugar, a fé é tudo”, destaca Janete.

Catia reitera as palavras da colega. Para ela, é preciso força e muita determinação para seguir na luta. “Segura firme na mão de Deus e vai. A doença nos obriga a desacelerar, então por mais louco que pareça, tem que desfrutar o caminho, não tentando acelerar. É uma caminhada dura, mas que tem muita coisa bonita, que às vezes, no desespero de olhar só para frente a gente perde estas coisas. Desfruta do caminho que o final vai ser lindo”, finaliza.

Autoestima em foco
“Eu me sentia muito bonita”. Esta foi a frase de Janete, contando sobre quando estava passando pelo procedimento de perder os cabelos. Segundo ela, a autoestima foi ponto fundamental para seguir realizando o tratamento e não se deixar abalar. Ela lembra que quando foi raspar o cabelo, o marido e os filhos fizeram o mesmo. “Eles choravam e eu estava faceira, me achei muito bonita careca”, sublinha. Ela também assume que não se adaptou com perucas nem lenços, assumiu a careca e não tinha nenhum receio em sair de casa como realmente era.

Já Catia passou a adorar lenços, perucas e ainda se maquiava e utilizava diversos acessórios, diferente do costume. “Eu queria, naquele momento, me olhar no espelho e me sentir bonita”, salienta. Hoje, o cabelo de Janete cresceu completamente diferente do liso de antes da doença. Catia, por sua vez, adorou o curtinho. “Curti tanto o role de ser careca que não consegui mais deixar crescer”, brinca.

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