FORÇA TAREFA encontrou uma suspeita em ave de criação doméstica
A força-tarefa da Secretaria de Saúde do Estado projeta concluir nesta terça-feira, dia 20, a primeira etapa de vistorias em propriedade rurais na Área de Vigilância (raio de 10 km) do foco de Gripe Aviária em Montenegro. Na segunda-feira, 19, este trabalho foi encerrado na Área de Foco (3 km a partir da granja matrizeira de aves comerciais para a Vibra), na localidade Rua Nova. A varredura iniciada no sábado, 17, apontou nova suspeita de contaminação, em pato de criação doméstica na mesma comunidade. Houve coleta para exames, com resultado negativo confirmado nessa segunda-feira pelo Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Henrique Baqueta Fávaro.
O chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal, Fernando Groff, reitera que em casos assim primeiro é realizada coleta de amostra, sendo o sacrifício dos animais necessário somente se o exame der positivo para presença do vírus. Ele esclareceu ainda que pássaros ornamentais de gaiola não são suscetíveis à doença. A segunda etapa da vistoria inicia na quinta-feira, 22, para o limite de 3 km, e no sábado, 24, para os 10 km. Todos os moradores, fazendas, empresas e estabelecimentos visitados.

Mas Groff salienta a realização de avaliações diárias do cenário, que podem alterar o organograma, inclusive no que diz respeito à manutenção das cinco barreiras sanitárias, programadas para ficarem ativas (24 horas) até próxima semana. Uma possibilidade é mudar de lugar aquela junto ao pedágio da BR-386, onde nesta segunda-feira foi registrada lentidão no trânsito. “Ali apenas veículos relacionados, como caminhões de ração, são vistoriados”, específica.
O Rio Grande do Sul publicou o decreto 58.169/2025 que declara estado de emergência em saúde animal por 60 dias no raio de 10 quilômetros do foco: Triunfo, Capela de Santana, Nova Santa Rita, Montenegro, Esteio, Canoas, Gravataí, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Cachoeirinha, Novo Hamburgo e Portão. Nesse caso, a área de emergência (que inclui a totalidade dos municípios) não corresponde à área de interdição, que se resume aos dez quilômetros a partir da coordenada do foco.
O prazo total para considerar o Rio Grande do Sul sem foco de Influenza Aviária é de 28 dias a partir do abate das aves que sobreviveram no aviário da Vibra; tempo que independe da realização das duas vistorias na área. Os 28 dias também são o prazo para a Vibra alojar novamente no aviário, sendo que as primeiras deverão ser aves “sentinela” para assegurar sanidade nos galpões. Já a força tarefa seguirá mobilizada ao menos até dia 30 deste mês.
Estrutura de “guerra” contra o vírus
O chefe do setor estadual recebeu o Ibiá no centro de operações montado no Cetam (Centro de Treinamento da Emater), no bairro Zootecnia, cuja estrutura dá dimensão da crise vivida pelo setor aviário. Cerca de 70 pessoas – entre Secretaria de Agricultura e Pelotão Ambiental da Brigada Miliar – se movimentam no espaço do auditório. Uma rede de comunicação e de informática foi instalada para dar agilidade e divulgação àoperação, transferindo para Montenegro parte das atividades da pasta.
A Prefeitura de Montenegro tem apoiado estruturalmente a operação. No QR Code anexo está entrevista de Fernando Groff a respeito de vistoria em aviários de criação fora dos 10 km do foco (Rua Nova, entre Montenegro e Triunfo), inclusive em outros municípios do Vale.
Equipes envolvidas
Servidores da Seapi: 72 entre fiscais estaduais agropecuários, técnicos agrícolas e outros cargos;
Dois servidores do Ministério da Agricultura (Mapa);
Cinco servidores da Prefeitura de Montenegro;
50 Agentes da Brigada Militar.

Impactos econômicos em longo prazo

Os impactos desta ocorrência sanitária na economia nacional ainda serão sentidos por muito tempo. Desde a confirmação do primeiro caso de vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), China, União Europeia e Argentina suspenderam as importações de carne de frango brasileira (inicialmente, por 60 dias). Apesar de o foco ser regional, as restrições abrangem todo o território nacional, por exigências previstas em acordos comerciais com o Brasil.
O setor no Rio Grande do Sul é afetado também internamente. No final de semana Santa Catarina anunciou ampliação severa nas restrições, emitindo nota técnica que proíbe a entrada de aves e ovos férteis de 12 cidades, incluindo Montenegro, Triunfo e Capela de Santana.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) garante ter rastreado todos os ovos para incubação fornecidos pela granja em Rua Nova. O destino são incubatórios localizados em Minas Gerais, Paraná e o próprio Rio Grande. Também adotou medidas de saneamento definidas no plano de contingência, entre as quais a destruição desses ovos. Isso aconteceu no último sábado, 17, em Minas Gerais, com o descarte de 450 toneladas de ovos fecundados e demais materiais envolvidos, como medida preventiva.
“A iniciativa mostrou-se necessária para manter o controle sanitário, seguindo planos prévios para possíveis ocorrências do tipo, garantindo contenção e erradicação da doença e a manutenção da capacidade produtiva do setor”, informou o governo De Minas. Já o Mapa ressalta que não há comprovação de contaminação nesses ovos, e que adotou “todas medidas necessárias para proteção da avicultura nacional”.
Caso em Montenegro marca nova etapa do vírus
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) acompanha o caso, que define como início de “nova etapa na presença do vírus que, até então, se limitava a aves silvestres e de criação caseira”. De acordo com o comunicado, desde 2022, mais de 4,7 mil surtos de gripe aviária altamente patogênica foram notificados na região da América Latina e do Caribe, afetando desde aves de criação e aves migratórias a mamíferos marinhos e até mesmo animais de estimação.
“A propagação do vírus segue as rotas naturais das aves migratórias, conectando ecossistemas do Canadá até a Terra do Fogo”, lembra a FAO, em nota. Para a organização, além de representar uma ameaça à saúde animal, o vírus gera preocupação crescente em razão do potencial de transmissão de aves vivas para seres humanos e também pelos impactos em sistemas alimentares, na biodiversidade e na saúde pública.
Os avanços recentes da gripe aviária, ainda segundo a FAO, reforçam a urgência de fortalecer sistemas nacionais de vigilância, biossegurança e resposta rápida. Ela sugere atenção especial para pequenos e médios produtores, além de uma abordagem que considera de forma integrada interações entre animais, seres humanos e meio ambiente.

O que é a doença?
A influenza aviária ou gripe aviária é uma doença viral que afeta principalmente aves, mas também pode infectar mamíferos, inclusive o ser humano. A transmissão ocorre pelo contato com aves doentes e também pela água ou pelos materiais contaminados.
Observe se as aves apresentam os seguintes sintomas:
Dificuldade respiratória; secreção nasal ou ocular; espirros; incoordenação motora; torcicolo; diarréia; alta mortalidade em aves domésticas ou silvestres.
*na ocorrência desses sintomas, entre em contato imediatamente com a Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária do seu município, ou notifique por meio do WhatsApp: (51) 98445-2033.
Mantenha seu galinheiro seguro
Adquira somente aves de casas agropecuárias com comprovações sanitárias;
Coloque tela no galinheiro ou galpão;
Mantenha comedouros e bebedouros limpos;
Utilize calçados exclusivos para acesso ao local com aves;
Proteja o alimento e a água, evitando o acesso de aves de vida livre.
Prefeitura oferece suporte
Desde o início da confirmação do foco, a prefeitura de Montenegro tem oferecido suporte aos técnicos do estado e do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Já nas primeiras horas da sexta-feira, equipes locais tiveram uma reunião online com a Secretaria da Agricultura do RS.
Mais de 70 pessoas atuam na cidade e estão alojadas no Centro de Treinamento de Agricultores de Montenegro (Cetam.
Além disso, o poder público local está contribuindo com veículos, acomodações, água, alimentação, banheiros químicos e servidores na organização das barreiras.
O prefeito em exercício, Cristiano Braatz, e o secretário do Desenvolvimetno Rural, Vladimir Gonzaga, além do presidente da Câmara de Vereadores, Talis Ferreira, acompanham as ações realizadas. “Estamos ao lado dos nossos produtores. Tudo que o ministério e secretaria do RS precisarem, estaremos disponibilizando para resolver a questão com a maior brevidade possível”, disse Cristiano.