Você é doador de órgãos? Já avisou sua família dessa decisão? Caso a resposta seja negativa, é bom fazer-se outra pergunta. Se você precisar de um transplante, irá querer que alguém autorize a doação? A disparidade nessas duas respostas leva ao aumento nas filas de espera para transplante, já que as famílias, na hora de decidir pela liberação dos órgãos ou não, acabam optando pela negativa.
Para discutir o assunto e incentivar a doação de órgãos, o Ibiá inicia hoje um projeto de apoio e divulgação. São parceiros da campanha: Fundação Ecarta, Hospital Montenegro, Organização de Procura de Órgãos (OPO) 1 da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Colégio Sinodal e Fundarte. Durante todo o mês de dezembro o Ibiá Saúde abordará o tema da doação de órgãos. Ao longo dos próximos dias, novas parcerias serão confirmadas e os organizadores estão abertos a qualquer organização que tiver interesse em cooperar.
A Lei de Transplantes tem apenas 20 anos de implantação no Brasil e, de lá para cá, avanços aconteceram, com instituições se organizando para que a rede funcione, da captação do órgão até o transplante no paciente compatível. No RS, hoje existem 78 hospitais notificadores, espalhados pelo Estado. Mas poucos têm a estrutura necessária para realizar o transplante.
Nos últimos anos, o RS apresentou aumento de 33% no número de doações. Na média, o Estado tem 25 doadores por milhão de população. Isso representa a quarta melhor taxa do Brasil, acima da média nacional, mas é menos do que o necessário. O principal desafio está na rápida e qualificada ação que precisa ser realizada junto às famílias que tiveram um ente com morte cerebral confirmada. Segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes, balanço de janeiro a setembro de 2017, a taxa nacional de notificação de potenciais doadores persiste aumentando (51,6 doador para milhão de população – pmp), tendo sete estados e o DF ultrapassado o patamar de 60 potenciais doadores pmp. O Paraná alcançou 100 notificações pmp, valor estimado como sendo o teto no país.
Em Montenegro: transplantados e pessoas na fila
Segundo dados fornecidos pela Farmacêutica Vanessa Kerber Miozzo, há atualmente em Montenegro 23 pacientes cadastrados no sistema para retirada de medicamentos utilizados para evitar rejeição em casos de transplantes. Ela cita como “aproximadamente”, porque esses medicamentos não são utilizados de forma exclusiva para estes casos. Os medicamentos são fornecidos pelo estado através de processo administrativo.
Questionada sobre montenegrinos na fila de espera para transplantes, a secretaria Municipal da Saúde informou não ter esse número já que se trata de uma conduta estadual. “Existe uma central de regulação de fila única do estado, situada em Porto Alegre, a qual é responsável pela distribuição de órgãos. No momento em que ocorre a morte encefálica em algum hospital, o mesmo faz contato com a central que vai agilizando a distribuição do órgão de acordo com a fila de espera ou o paciente que esteja em urgência zero, de acordo com o doador em protocolo aberto de morte encefálica”, explicou a secretária de Saúde Ana Maria Rodrigues por meio da assessoria de imprensa. Quem encaminha o paciente é o hospital de referência do serviço onde está o paciente.

Que tipos de doador existem?
Doador vivo: qualquer pessoa saudável que concorde com a doação. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes, somente com autorização judicial.
Doador cadáver: são pacientes em UTI com morte encefálica, geralmente vítimas de traumatismo craniano ou AVC. A retirada dos órgãos é em centro cirúrgico como qualquer outra cirurgia.
Órgãos e tecidos que podem ser transplantados: coração, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, córnea
Como posso ter certeza do diagnóstico de morte encefálica? Esse é um dos grandes temores que levam famílias a negar a doação. Não existe dúvida quanto ao diagnóstico. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar.
Como posso ser doador?
Para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar sua família do desejo da doação. A doação de órgãos só acontece após autorização familiar.