Técnicas simples podem aliviar cólicas em recém-nascidos

As cólicas em bebês, especialmente em recém-nascidos, são uma preocupação comum para mães e pais. Embora sejam benignas e não indiquem problemas graves de saúde, essas dores abdominais podem ser bastante incômodas, levando os bebês a chorarem de forma inconsolável. Essa condição é uma queixa frequente nos consultórios pediátricos, colocando os pais em busca de soluções para aliviar o desconforto de seus pequenos.

Dr. João Ronaldo Krauzer, chefe do Serviço de Pediatria do Moinhos de Vento. Foto: divulgação

O Dr. João Ronaldo Krauzer, chefe do Serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento, explica que a cólica do bebê é multifatorial. Quando ele nasce, o sistema digestivo ainda não está completamente habitado por bactérias clássicas que vão ajudar na digestão, na formação da sua microbiota. Segundo Krauzer, as cólicas, em geral, costumam acontecer a partir do décimo dia e décimo quarto dia de vida. “Então, um dos motivos pelo qual a cólica existe é uma menor maturação desse sistema digestivo. Assim, precisa o intestino ficar mais colonizado com bactérias do bem”, explica. “Além disso, existe um outro mecanismo que é associado a uma certa ansiedade. Por exemplo, bebês de primeiros filhos, em geral, têm mais cólicas que os demais, porque tem uma inexperiência materna, inexperiência paterna, inexperiência familiar e que acaba tendo uma certa dificuldade no manejo”, acrescenta.

É cólica ou outra patologia?
Existem mais alguns fatores que podem aumentar a incidência das cólicas. As crianças que nascem de parto vaginal têm cólicas com menor incidência do que aqueles que nascem de cesariana; e crianças que tomam o leite materno têm uma incidência menor de cólica do que aqueles que tomam a fórmula infantil. Mas Krauzer alerta que é sempre importante diferenciar se o que o bebê está tendo é somente cólica ou está associado com alguma patologia. “Tem que ficar de olho, tem que ser avaliado, por isso serve as consultas de puricultura que o bebê é reavaliado a cada mês no consultório do pediatra”, salienta.

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É justamente nesta avaliação que se averigua afundo os sintomas do bebê. “Será que o bebê está mamando bem, será que as evacuações estão adequadas, ele não está ficando com distensão abdominal após mamada, as fezes não estão muito explosivas, presença de muco ou sangue nas fezes, entre outros. Isso vai chamar atenção para outras patologias, sendo que a principal delas é alergia à proteína do leite de vaca, mesmo que o bebê não esteja ingerindo leite, fórmula artificial, ou seja somente leite materno, ainda tem o contato com a proteína do leite de vaca na dieta materna”, complementa.
De acordo com artigo publicado no portal Drauzio Varella, o choro é uma forma de expressão do recém-nascido e pode indicar uma variedade de necessidades. Por isso, é essencial atender às demandas básicas do bebê, como alimentação, sono e troca de fralda, antes de considerar a possibilidade de cólicas. Quando a criança continua chorando, mesmo após ter suas necessidades básicas atendidas, é natural que os pais suspeitem de dores abdominais.

Krauzer afirma que se o bebê está desenvolvendo algum grau de alergia, por exemplo, é importante que o pediatra fique atento e coloque aos pais esses dados importantes, sendo que o fator mais frequente, é a presença de sangue nas fezes. “Quando isso existe, associado a um neném irritado, desconfortável, mamada conturbada, o bebê começa a mamar e começa a empurrar o seio materno e nas consultas do pediatra o ganho de peso fica inadequado, são sinais de que o que está acontecendo não é somente cólica, tem alguma coisa a mais que deve ser prestada atenção para não deixar passar”, sintetiza.

Como aliviar as cólicas?
Conforme o chefe do Serviço de Pediatria, Krauzer, o alívio de cólica passa por manejos não farmacológicos. Deixar o bebê deitado de barriga para baixo para diminuir a pressão abdominal, fazer massagens no abdômen do bebê no sentido horário, movimento com as perninhas, fazer contrações da perna em relação ao abdômen para ajudar na eliminação de gases. Isso tudo são manobras não farmacológicas que devem funcionar. Tentar manter um ambiente calmo, mais tranquilo, evitar que a criança passe por estresse são pontos cruciais. “A família ficar mais tranquila a partir do momento que sabe que é cólica, não transformar isso numa tragédia é essencial, porque quanto mais ansiogênico ficar o ambiente, mais cólica a criança pode apresentar”, destaca.

Além disso, Krauzer destaca que não há nada muito estabelecido em relação ao que realmente resolve cólica na criança. Mas, tem a possibilidade de uso da simeticona para alívio dos gases, que ajuda quando tem cólica com distensão abdominal com eliminação dos gases, trazendo um certo conforto. A outra terapia que também existe é uma medicação chamada colidis. “Nada mais é do que probióticos, os únicos que são liberados para crianças pequenas, abaixo de seis meses. Então, entrando naquela questão da maturação do intestino e formação de uma microbiota adequada, o colídez pode ser utilizado quando a gente tem esse diagnóstico”, explica.

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Ele ainda diz que alguns pediatras optam até por iniciar preventivamente, usar cinco gotas diária todos os dias. “Na literatura médica, ela é muito fraca em relação a coisas realmente eficazes para a cólica. O que a gente sabe é que é um processo considerado frequente dentro do desenvolvimento, e que na maioria das vezes tem resolução espontânea, sem necessidade de nenhum tipo de medicação. A não ser medicações sintomáticas mesmo, medicação para dor, para algum desconforto, somente isso”, detalha o médico.

Como contraindicação, o médico destaca hipermedicação. Isso vai desde evitar que a ansiedade provoque a necessidade do pediatra ficar receitando múltiplas terapias. Além disso, ele destaca que o leite de vaca pode ser problemático ao bebê se ingerido pela mãe, por isso, a ingestão deve ser moderada. Krauzer também não indica a utilização de chás e remédios caseiros para aliviar as cólicas do bebê. “Não existe nenhuma medicação caseira que tenha efetividade na cólica”, confirma.

Posições e dicas que funcionam
Deite-o sobre seu antebraço
A posição para aliviar cólica de bebê mais recomendada é colocá-lo de bruços sobre o antebraço enquanto realiza movimentos circulares em suas costas. O seu antebraço irá realizar uma leve pressão na barriga da criança, ajudando a soltar os gases. O carinho nas costas vai relaxá-lo.

Apoie o bebê no seu pescoço
Coloque a cabeça da criança entre seu queixo e peito. Enquanto isso, vale balançar seu corpo para frente e para traz enquanto canta uma música monótona bem baixinho. A vibração da sua voz passando por sua garganta irá ajudar a tirar a tensão do seu bebê.

Acerte a posição da mamada
O bebê pode engolir ar junto com o leite materno durante as mamadas. Assim, fique atento à posição do pequeno durante a amamentação. Tente posicioná-lo em um ângulo mais inclinado. Lembre-se sempre de colocar o bebê para arrotar depois de cada mamada.

Faça compressa quente
Passe uma fralda de tecido e aplique-a ainda quente sobre a barriga do bebê. Você também pode usar uma bolsa de água morna (sempre testando a temperatura antes para conferir se não está quente demais). O calor ajuda na vasodilatação, facilita o fluxo do sangue e relaxa os músculos.

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