Setembro chegou e, com ele, um dos meses mais importantes para a saúde, com abordagem de um assunto cada vez mais recorrente na sociedade: o suicídio. A campanha Setembro Amarelo foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e endossada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é chamar a atenção dos governos e da sociedade civil para a importância de falar sobre o assunto. O mês de conscientização pela vida ganha ainda mais força com o dia 10, lembrado como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
O suicídio é um importante problema de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo. Segundo dados da OMS, todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama – ou guerras e homicídios. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa e morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades.
Para Aline Massena, psicóloga e coordenadora do CAPS I Novo Horizonte, em Montenegro, o Setembro Amarelo é a maior campanha de prevenção ao suicídio no mundo. “É de fundamental importância falar sobre a prevenção ao suicídio para que as pessoas que estejam passando por momentos difíceis e de crise busquem ajuda. Além disso, auxilia na promoção da conscientização coletiva sobre a importância do cuidado em saúde mental”, destaca. Os principais pontos abordados no mês são como e onde buscar ajuda quando existe a intenção de suicídio, ou até mesmo quando conhecemos alguém que afirma ou aparenta ter o desejo de tirar a própria vida. Aline afirma que também são abordados os fatores de risco e os fatores de proteção, tudo a fim de auxiliar a pessoa em crise/risco.
Fatores de risco
Existem alguns fatores que aumentam o risco do suicídio. Um deles é a história de tentativas anteriores de suicídio. Este apresenta um risco aproximadamente 100 vezes maior comparado à população geral. Os transtornos psiquiátricos também aumentam o risco, levando em consideração que cerca de 90% dos pacientes que tentam suicídio têm algum distúrbio. Os mais associados são depressão, transtorno bipolar, transtornos de personalidade, abuso de substâncias e esquizofrenia.
Outro fator importante é histórico de abuso físico ou sexual e outros traumas ocorridos na infância, como divórcio dos pais ou até mesmo transtorno psiquiátrico familiar. Pessoas impulsivas também têm o risco aumentando, uma vez que possam ter pensamentos suicidas. A orientação sexual também pode aumentar os riscos da tentativa de suicídio, assim como orientação de gênero. Isso porque, em muitos casos, há dificuldade de aceitação, principalmente com discriminação e preconceito ainda tão frequentes entre a sociedade. Outro fator de risco aumentado é em pessoas com doenças físicas como câncer, diabetes, AVC, entre outras, assim como dor crônica.
Fatores de proteção
Além de identificar um provável comportamento suicida, devemos identificar quais fatores, isoladamente, reduzem o risco de suicídio. Dentre eles, podemos citar o apoio social e familiar; gestação e paternidade e religiosidade, independente de afiliação religiosa. Outro fator de grande importância é o estilo de vida. Os bons hábitos alimentares associados ao uso não abusivo de álcool e drogas podem servir como proteção ao indivíduo, assim como a prática de exercícios físicos. A integração social é, talvez, uma das mais importantes maneiras de proteger o paciente. Nisso, entra o bom relacionamento com familiares, amigos, conhecidos e até mesmo colegas de trabalho. Ainda, bons momentos de lazer são fundamentais para distração e também para proporcionar bem estar para as pessoas em risco.
A ideia de tirar a própria vida é multifatorial
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), cerca de 50% das pessoas que cometeram suicídio tinham algum transtorno mental não identificado, não tratado ou tratado de maneira inadequada. Segundo Aline Massena, pacientes que têm diagnosticado mais de um transtorno mental têm os riscos aumentados para tentar suicídio. Vale lembrar que o processo que leva uma pessoa a pensar em tirar a própria vida é multifatorial, ou seja, são vários fatores envolvidos. “Cada pessoa tem o seu processo, que é único e singular. Por isso a importância de uma escuta acolhedora, sem julgamento, sem crítica, apenas com a intenção de auxiliar cada indivíduo a enfrentar esse momento de crise”, ressalta.
Os principais transtornos são depressão, transtorno de humor bipolar, transtornos de personalidade, esquizofrenia e transtornos mentais relacionados ao uso de álcool e outras substâncias. Os seus principais sinais são a desesperança, desespero, comportamento impulsivo, isolamento social, falta de motivação, perda do prazer em coisas que gostava de fazer, irritabilidade, alteração do sono, alteração do apetite, baixa autoestima, alterações de humor e comportamento de modo geral.
“Se você está vivendo ou conhece alguém que está passando por um momento difícil, de crise, e que está pensando em suicídio saiba que não está sozinho! Busque ajuda com sua rede de apoio, com amigos, com familiares e também busque ajuda com profissionais habilitados para realizar tratamento. Além disso, busque identificar o que lhe dá prazer, satisfação e sentido para sua vida. Invista na sua saúde mental” conclui a profissional.
Esteja atento aos sinais
Os sinais de alerta descritos abaixo não devem ser considerados isoladamente. Não há uma “receita” para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo. Aline pontua que identificando um ou mais sinais, é importante oferecer apoio, escuta acolhedora e buscar ajuda profissional para tratamento. “Lembrando que esta escuta deve ser sem julgamento ou crítica, apenas com a intenção de ajudar o familiar, amigo, colega de trabalho ou quem estiver precisando dessa ajuda”, assinala.
O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas. Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.
Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança. As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.
Expressão de ideias ou de intenções suicidas. Fique atento para os comentários a seguir. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados: “Vou desaparecer”, “Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”,“É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”.
O isolamento também é preocupante. As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer.
Atuação em Montenegro
No município de Montenegro as questões de saúde mental são atendidas diariamente em todos os serviços de saúde, desde a Atenção Básica (Unidades de Saúde da Família) até a Atenção Especializada (Centro de Atenção Psicossocial- CAPS; Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada- AMENT; Centro de Saúde Mental Infantojuvenil – CSMI). “Atendemos a todos que procuram os serviços com algum sofrimento e que precisam de ajuda especializada. Esse atendimento se dá através do acolhimento humanizado, com escuta acolhedora e atenta para entender, avaliar e encaminhar os pacientes para o tratamento indicado de acordo com a demanda de cada paciente”, explica Aline.
Se precisar, ligue!
CAPS (51) 3632-5317
AMENT (51) 3632-1342
CSMI (51) 3632-6691
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