Na minha observação pessoal, dois segmentos no comércio tiveram um grande desenvolvimento de uns anos para cá. Refiro-me a floriculturas e pet-shops. Mas infelizmente, perdem de longe para farmácias.
Em relação às flores, talvez seja assunto para uma crônica no futuro, desde que tenha um mínimo de inspiração.
Quanto aos cães, vem de muito tempo, desde quando o Rio Grande ainda se formava, um forte vínculo entre o gaúcho, o cavalo e o cachorro, na lida do campo e no manejo do gado.
Mas hoje é muito diferente. Animais de estimação tem um outro tipo de status na vida da maioria das pessoas, com situações altamente elogiáveis, mas com exageros também.
Uma primeira impressão minha, é que quem não trata bem os animais também não trata bem os humanos. Tem algum problema emocional ou desvio de caráter.
Vejo também uma importância enorme, terapêutica até, no convívio de cães com pessoas idosas, com restrição de mobilidade e solitárias. Geriatras, neurologistas, psicólogos , psiquiatras e outros profissionais afins, devem concordar com isto.
Apesar destas situações particulares, é na vida comum de pessoas comuns que os cães mais estão presentes. Já tivemos, em nossa família, por bastante tempo, a companhia destes seres tão cativantes. E pelo pouco que escrevi até agora, acho que ninguém pode me acusar de “cachorrofóbico”. Não deve provocar contestação de ninguém.
Mas muito provavelmente o pouco que vou escrever a partir de agora, sim. É que acho que em tudo deve-se procurar um certo senso de medida. Agora devem começar as divergências. Animais, sejam cachorros ou outros, devem ser bem tratados. Não precisa ser um S. Francisco de Assis para isto. Mas penso que devam ser bem tratados como animais. A sua humanização é que pode ser e é questionável. E o que se tem visto são verdadeiros exageros. Um bom veterinário certamente irá relacionar uma série de prejuízos à saúde física e “ emocional” do seu cãozinho. É que eles tem uma anatomia, fisiologia, hábitos, comportamentos e instintos, que são ligados à sua biologia, ao seu DNA. Querer transformá-los em réplicas de humanos é violentar sua própria natureza.
Carrinhos, roupas de grife imitando moda infantil, salões de beleza e cosméticos que podem causar alergias, alimentação exótica para sua constituição, aniversários temáticos, planos de cremação, cemitérios e outras“originalidades”, são, no mínimo, um pouco de exagero. Sem falar na assistência à saúde, mais cara e melhor do que a oferecida a muitos humanos, até mesmo crianças.
Uma consideração final. Quando perdemos algum ente querido, vivenciamos um período de luto, que dura algum tempo e passa. Pois para muitos, perder o seu animalzinho é um luto igual. Ou pior, porque se repete a cada 10 ou 12 anos.
Espero que ser “filhinho de mamãe” ainda continue a ser melhor do que “cachorrinho de madame “.. Perdão aos ofendidos. Não foi a intenção.
Grande abraço.