Você sabia que setembro, além de ser um mês para refletirmos sobre o suicídio e doação de órgãos, é também o mês da campanha nacional e mundial do Alzheimer? No Brasil, a Lei nº 11.736/2008 instituiu o Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, a ser comemorado na mesma data do Dia Mundial, 21 de setembro. A campanha 2023 traz o tema “Nunca é cedo demais, nunca é tarde demais”, visando sublinhar o papel fundamental da identificação dos fatores de risco e da adoção de medidas proativas para reduzir, atrasar e potencialmente prevenir o aparecimento da demência.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1,2 milhão pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas. Segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, os números poderão chegar a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população. Este cenário mostra que a doença caracteriza uma crise global de saúde que deve ser enfrentada.
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, progressiva e ainda sem cura que afeta, majoritariamente, pessoas acima de 65 anos de idade, impactando a memória, a linguagem e a percepção do mundo. Provoca alterações no comportamento, na personalidade e no humor do paciente. A doença é progressiva e os sintomas podem ser divididos em três “fases”. A leve apresenta falhas de memória e esquecimentos constantes e dificuldades em realizar tarefas complexas, como cuidar das finanças. Na moderada, o paciente já necessita de ajuda para realizar tarefas simples, como se vestir. Já na avançada, o paciente precisa de auxílio para realizar qualquer atividade, como comer e tomar banho.
Dez sinais de alerta para o Alzheimerpreven
– Problema de memória que chega a afetar as atividades e o trabalho;
– Dificuldade para realizar tarefas habituais;
– Dificuldade para comunicar-se;
– Desorientação no tempo e no espaço;
– Diminuição da capacidade de juízo e de crítica;
– Dificuldade de raciocínio;
– Colocar coisas no lugar errado muito frequentemente;
– Alterações frequentes do humor e do comportamento;
– Mudanças na personalidade;
– Perda da iniciativa para fazer as coisas.
Fatores de risco
Existem diversos fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da demência, sendo alguns modificáveis, outros não. Ter membros da família com a doença, variações genéticas e o aumento da idade, são fatores não modificáveis. Embora a idade tenha influência no risco de surgimento da doença, a demência não é considerada parte normal do envelhecimento. A Alzheimer’s Disease Internacional (ADI) listou 12 fatores de risco potencialmente modificáveis que podem prevenir ou retardar até 40% dos casos de demência caso haja uma mudança, como a prevenção primária do Alzheimer. Veja a seguir:
Sedentarismo: a atividade física regular é uma das melhores maneiras de reduzir o risco de demência. Praticar exercício é bom para o seu coração, circulação, peso e bem-estar mental.
Fumar: fumar aumenta muito o risco de desenvolver demência. Com este hábito, você também está aumentando o risco de outras condições, incluindo diabetes tipo 2, acidente vascular cerebral, câncer de pulmão e muitos outros.
Álcool em excesso: a ingestão de álcool em excesso aumenta o risco de demência. O consumo nocivo de álcool é fator causal em mais de 200 condições de doenças e lesões.
Poluição do ar: uma quantidade crescente de evidências e pesquisas mostram que a poluição do ar aumenta o risco de demência.
Ferimento na cabeça: as lesões na cabeça são mais comumente causadas por acidentes de carro, motocicleta e bicicleta; exposições militares; boxe, futebol, hóquei e outros esportes; armas de fogo e agressões violentas e quedas.
Contato social pouco frequente: está bem estabelecido que a conexão social reduz o risco de demência. O contato social aumenta a reserva cognitiva e encoraja comportamentos benéficos.
Menos educação: um baixo nível de escolaridade no início da vida afeta a reserva cognitiva e é um dos fatores de risco mais significativos para demência.
Obesidade: particularmente na meia-idade, a obesidade está associada a um risco aumentado de demência.
Hipertensão: a hipertensão (pressão alta) na meia-idade aumenta o risco de demência de uma pessoa, além de causar outros problemas de saúde. A medicação para hipertensão é a única preventiva e eficaz conhecida para a demência.
Diabetes: o diabetes tipo 2 é um fator de risco para o desenvolvimento de demência futura. Não está claro se algum medicamento específico contribui para isso, mas o tratamento do diabetes é importante por outros motivos de saúde.
Depressão: a depressão está associada à incidência de demência. A depressão faz parte do pródromo da demência (um sintoma que ocorre antes dos sintomas verificados para o diagnóstico). Não está claro até que ponto a demência pode ser causada por depressão ou o inverso.
Deficiência auditiva: Pessoas com perda auditiva têm um risco significativamente maior de demência. O uso de aparelhos auditivos parece reduzir o risco.
Dicas para evitar a condição
É possível prevenir o Alzheimer. A primeira dica é: exercite sua mente e a mantenha ativa. Há várias maneiras, em atividades simples, como ler, aprender habilidades e idiomas novos e até mesmo fazer palavras cruzadas. As atividades físicas também são essenciais, pois não só a mente deve estar ativa, mas o corpo também. Fazer ao menos 30 minutos de exercícios físicos por dia ajuda a prevenir diversas enfermidades, inclusive a doença de Alzheimer. Junto a isso, cuide da sua alimentação e manhtenha-a balanceada, com vegetais, frutas e alimentos ricos em Ômega 3. Não esqueça da importância de consumir vitamina D. A falta desse nutriente no organismo pode estar associada a maiores riscos do desenvolvimento da doença. Por isso, seja por meio do sol ou suplementação com indicação médica, é recomendado manter os níveis da vitamina em dia. Também fique de olho em doenças crônicas. Pressão alta e diabetes são exemplos que aumentam o risco de Alzheimer e outros tipos de demência. Aliás, manter os exames em dia e fazer o controle das doenças é fundamental para a prevenção.
Diagnóstico e tratamento
Não existe um simples exame que indique se a pessoa é portadora de Alzheimer. O diagnóstico requer uma ampla avaliação médica, que pode incluir histórico médico da família, exame neurológico, testes cognitivos para avaliar a memória e o pensamento, exame de sangue (para descartar quaisquer outras possíveis causas dos sintomas) e imagiologia cerebral. Apesar de os médicos normalmente conseguirem determinar se a pessoa é portadora de demência, pode ser mais difícil distinguir o tipo da demência. Erros de diagnósticos são mais comuns em Alzheimer prematuro.
Receber um diagnóstico preciso durante a fase inicial da doença é importante, pois permite uma maior probabilidade de se beneficiar dos tratamentos disponíveis, os quais podem melhorar a qualidade de vida; a oportunidade de receber serviços de ajuda; oportunidade de participar de testes e estudos clínicos; oportunidade de expressar desejos pessoais em relação aos cuidados e vida futura e colocar planos legais e financeiros em ordem.
Embora atualmente não existam tratamentos disponíveis para impedir ou diminuir o ritmo dos danos cerebrais causados pela doença de Alzheimer, diversos medicamentos podem ajudar a melhorar temporariamente os sintomas de demência em algumas pessoas. Esses medicamentos funcionam aumentando os neurotransmissores no cérebro.