Câncer renal afeta principalmente os homens

Os rins são responsáveis por eliminar substâncias metabolizadas pelo organismo, manter o equilíbrio de água e sais do corpo e fabricar hormônios que estimulam a produção de glóbulos vermelhos, além de ajudar na regulagem da pressão arterial. O câncer de rim é mais frequente em homens de 50 a 70 anos e, no Brasil, ele já está entre os 13 tipos mais comuns de câncer. Este é o terceiro câncer mais frequente do aparelho genitourinário e representa aproximadamente 3% das neoplasias em adultos. Dentre esses casos, o tipo mais comum é o câncer renal de células claras, que responde por 85% dos tumores diagnosticados. Já nas crianças, o câncer de rim mais incidente é o tumor de Wilm (7% dos casos).

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O dr. Eduardo Bischoff, oncologista clínico da Oncoclínicas no RS, afirma que 98% dos casos de câncer renal são esporádicos, sem uma causa predeterminada. “Entretanto, sabe-se que obesidade, tabagismo e hipertensão arterial sistêmica são fatores de risco modificáveis relacionados à doença”. Além disso, pessoas negras e do sexo masculino são mais propensas ao desenvolvimento desta neoplasia, bem como doentes renais crônicos, especialmente aqueles que fazem diálise. É considerado um dos cânceres urológicos com maior letalidade, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Apesar de mais comum em idosos, também pode acontecer em pacientes jovens. Isto, especialmente, naqueles que têm síndromes hereditárias de predisposição ao câncer de rim.

Estima-se que 6% a 10% dos pacientes com câncer renal apresentam dor no flanco (uma das partes laterais das costas), como uma pancada na região, sem motivo aparente. Sangue na urina, que pode ser cor de rosa, vermelho vivo ou na coloração de “coca-cola” e massa abdominal palpável também são sintomas da doença. Outros sinais e sintomas incluem fadiga, inapetência, perda de peso não justificada, febre persistente que não é causada por uma infecção e anemia. Quando a doença já se encontra em fase avançada, o paciente pode apresentar dilatação das veias do saco escrotal, anemia, dor provocada por metástase óssea, falta de ar e tosse.

Se você apresentar um ou mais dos sintomas acima, não significa necessariamente que tenha carcinoma renal. Eles também são comumente observados em outras doenças benignas, como nos casos de cálculo renal (“pedra” nos rins) ou infecção urinária.

Exame de imagem abdominal auxilia no diagnóstico
O câncer de rim costuma ser descoberto incidentalmente, ou seja, ao acaso, especialmente quando são realizados exames de imagem abdominal por algum outro motivo. Isso acontece porque, em estágios iniciais, os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças. Segundo o dr. Bischoff, geralmente, os exames de imagem, tais como tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética do abdômen já servem como diagnóstico.  No entanto, não são indicativos da necessidade de uma biópsia da lesão. Se for uma doença localizada, os pacientes costumam evoluir diretamente para a nefrectomia, a retirada inteira do rim acometido.

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De acordo com o oncologista, mais recentemente, em casos selecionados e com o avanço de técnicas videolaparoscópicas, como a cirurgia robótica, é possível adotar procedimentos mais conservadoras, as nefrectomias parciais, na tentativa de poupar a função renal do paciente. “Nos casos de doença metastática, com lesões à distância, deve ser realizada biópsia da lesão mais acessível para diagnóstico histopatológico e, dependendo de uma série de fatores, indicar ou não a retirada do rim acometido”, observa.

O diagnóstico do carcinoma renal geralmente é feito pelo exame de ultrassonografia e da tomografia computadorizada do abdômen, que também é bastante útil no estadiamento (onde se determina o tamanho do tumor e se há metástases) e no planejamento do tratamento. Os estádios do câncer renal são indicados por numerais romanos de I a IV (sendo I para os mais simples, restritos ao rim, e IV os mais complexos, com metástases).

Outras abordagens incluem a radiografia de tórax, em que se verifica se há acometimento dos pulmões. Já a ressonância magnética é pouco utilizada nestes tumores, sendo reservada apenas para situações muito específicas. A biópsia renal, quando solicitada, serve para diferenciar lesões malignas de benignas, que não necessitariam de tratamento. Exames laboratoriais de sangue e urina também podem fazer parte do processo diagnóstico.

Tratamento

A cirurgia é o tratamento inicial de escolha para a maioria dos carcinomas renais. O objetivo da cirurgia é remover o câncer ao mesmo tempo em que se preserva a função renal (mantendo o órgão ativo). Os tipos de procedimentos cirúrgicos são nefrectomia, que é a remoção total do rim acometido pelo câncer e a nefrectomia parcial, que se trata da remoção apenas do tumor localizado no rim e é mais comumente utilizada em tumores menores e que não têm metástases.

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Em determinados casos, o câncer de rim também pode ser eliminado por meio de abordagens não cirúrgicas. Dentre as principais está a crioablação, um tratamento que congela as células cancerígenas. Uma agulha especial, guiada por ultrassonografia, é introduzida pela pele até chegar ao tumor de rim. Injeta-se então um gás gelado através dessa agulha para congelar as células tumorais. Mais uma muito importante é a ablação por radiofreqüência. Neste procedimento, uma sonda especial é inserida pela pele, também sendo guiada pela ultrassonografia. Uma corrente elétrica é liberada para o interior das células cancerígenas, fazendo com que elas sejam superaquecidas e, consequentemente, eliminadas.

No caso do câncer de rim avançado ou que voltou (recidivou) mesmo após um tratamento, existem alguns tratamentos que visam o controle da doença. Alguns exemplos incluem a cirurgia para remoção da maior parte possível do câncer, terapias-alvo e imunoterapia. No geral, o carcinoma renal não responde bem aos tratamentos quimioterápicos e à radioterapia.

Como prevenir?

A maior parte dos cânceres é causada por fatores externos, mas a genética também pode contribuir com a doença. Embora o câncer de rim não tenha uma origem definida, alguns hábitos podem ajudar na prevenção contra a enfermidade, incluindo evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas; evitar o tabagismo; consumir a quantidade suficiente de água diária; praticar exercícios físicos regularmente; ter uma dieta saudável e manter os exames em dia.

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