Um dos primeiros memes a fazer sucesso nos primórdios da Internet era sobre um áudio em que uma fonoaudióloga tentava ajudar um sujeito com grandes dificuldades linguísticas a repetir a frase: “Jesus é o jardineiro e as árvores somos nós”. Quanto mais ela tentava, mas o simplório aluno se enrolava na tentativa de escandir corretamente a sentença. E mais engraçada ia ficando a cena!
Brincadeira à parte, a verdade é que o tema da arborização, com a crescente crise climática e com a elevação assustadora das temperaturas médias do Planeta, coloca-se hoje como uma das mais importantes e sérias questões às autoridades mundiais em todos os âmbitos (mundial, nacional, estadual e TAMBÉM municipal).
Tenho a satisfação de dizer que não é de hoje que a preocupação com a questão ecológica, notadamente a arborização urbana está, por assim dizer, enraizada em minha trajetória política. No já distante ano de 2006, então Prefeito Municipal, eu lancei o projeto “Arborizando Montenegro”, através do qual mais de três mil árvores foram plantadas nas ruas da cidade. Lembro como se fosse hoje da mormacenta tarde em que pessoalmente dei à terra uma muda de pau-brasil no nosso Parque Centenário; que enorme satisfação aquele gesto simples me causou… Alguém dirá que é pouco! Para seu espanto, haverei de concordar: é muito pouco. Temos que plantar muito mais árvores em nossas ruas e espaços públicos!
Neste sentido, apresentei recentemente uma Indicação para que a Prefeitura crie e encaminhe ao Legislativo o Plano Diretor de Arborização Urbana, dando diretrizes a um planejamento permanente para a manutenção, plantio e replantio de árvores nos logradouros públicos da nossa cidade. Desde um inventário das árvores já existentes, sua identificação e estimativa de idade, até a escolha de variedades apropriadas à finalidade urbana – com priorização das espécies nativas que apresentam vantagens agregadas a toda cadeia do meio ambiente e da sustentabilidade.
No momento em que escrevo estas linhas me chega a informação, publicada pela imprensa da Capital, de que Porto Alegre acaba de receber o título de Cidade das Árvores da FAO (Organização da ONU para Alimentação e Agricultura) em reconhecimento ao trabalho da prefeitura na expansão das áreas verdes e no plantio inteligente. A certificação foi concedida a 210 municípios em 24 países, com 34 cidades brasileiras agraciadas pelo laurel. Quero que Montenegro seja a 35ª!
A começar pela mata ciliar ao nosso Rio Caí, cujos benefícios dispensam comentários, mormente após as últimas e traumáticas enchentes, a arborização urbana promoverá ambientes mais acolhedores (e ar puro!) para a prática de lazer e esportes ao ar livre. Desta forma, a arborização acaba contribuindo para a qualidade de vida da população com melhoria da saúde física e mental, pois como é sabido, o contato com a natureza é fator de diminuição da ansiedade e do estresse. A tudo isso se soma o conforto térmico (está provado que as árvores absorvem o calor e com isso baixam a temperatura dos seus ambientes), assim como o conforto sonoro, já que a vegetação absorve as ondas de som e bloqueia sua propagação. Além de tudo isso (e muito mais) a arborização urbana traz como benefício indireto, porém significativo, a valorização financeira dos imóveis dessas aprazíveis ruas.
Enfim, como todos sabem, aqui fala um velho entusiasta da questão. Para mim não resta nenhuma dúvida de que Jesus é o jardineiro. Fica à comunidade o convite para que cada um de nós sejamos… as árvores!
