Pequenos apocalipses

1. Quando Hitler escapou do atentado de 1944, disse em discurso que a “mão da providência” o havia salvo para que cumprisse sua missão. A missão se sabe. As semelhanças também.

2. Ah, e todas as atrocidades, todas as maldades que já cometemos só pelo prazer do prazer; pelo beijo doce da maldade gratuita; pelo espírito de sobrevivência.

3. Quando ela disse com dor no coração “…a gente viveu tantas coisas juntos…” é porque parte dela já tinha ido embora sozinha.

4. Nada representa mais um fim do que eu. Do que nós dois. Três… todos os bilhões que já se foram. Como é estar em lugar nenhum?

5. Cada um de nós sonha, de vez em quando, com pequenos apocalipses. Uns pessoais, outros coletivos. Flertamos com cada um deles, até chegar um de verdade. Chegou.

6. Cada vez que dois corpos se convulsionam um sobre o outro, não somos nunca mais os mesmos. Cada vez que te amo, é a vida reagindo contra nossa tendência de permanecer em letárgico repouso.

7. Que delícia ler um livro e perceber seus pequenos apocalipses se interporem entre nós e nossas convicções imperfeitas.

8. Cada vida é um pequeno universo repleto de apocalipses. Todos, para cada um, uma espécie de fim do mundo.

9. Ter 60 anos impõe de cara que meu futuro é menor que meu passado. Como todo vivo, puxo uma carroça carregada de mortos. Até o dia em que o passado e o futuro se encontrarão para trocarem impressões sobre o nada.

10. Depois das sete pragas do Egito, tivemos milhares de outras que ainda esperam um livro santo para serem consideradas uma bênção. Neste intervalo, são só pragas mesmo.

11. Ao fim das contas, só um livro é livre. O resto todo, só tem interpretações únicas; todo o resto não é sequer realidade.

12. Aliás, sob a batuta dos malucos, a verdade real não existe. Para o fascismo, a realidade é uma imagem virtual construída por seu olho doente.

13. O mini Moro, não morô! E se não morô até agora, não mora mais.

14. Quando esta maré insana refluir, suas selvagerias ficarão na areia como dejetos que o mar vomita quando de suas ressacas democráticas.

15. Até pousar em teus ombros
eu era só um pássaro
agora escuta
como ruflam meus sonhos
como alço voo de ti
como voando me torno um pássaro teu.

16. A arte da imitação: Apocalipse, capitulo V, versículos 6 e 7: o Cordeiro inocente consegue abrir o livro que ninguém abria. Como Excalibur de Artur, como o martelo de Thor. A Bíblia, mãe de tantas histórias e tantos apocalipses.

17. Eis o número. O refluxo ao ontem. O fim do amanhã.

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