Numa perspectiva internacional, um terço da produção total de alimentos, ou 1,3 bilhão de toneladas, vai para o lixo. Quantidade que seria suficiente para alimentar dois bilhões de pessoas, de acordo com cálculos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). No Brasil, estima-se que 8,7 milhões de toneladas de comida são desperdiçadas anualmente, o suficiente para alimentar mais de 13 milhões de pessoas (Fonte: Ministério da Cidadania).
Durante a pandemia, a insegurança alimentar afetou também os não pobres, com renda familiar per capita (por indivíduo) superior a um salário mínimo, constatou a pesquisa. A proporção de domicílios em situação de insegurança alimentar leve subiu de 20,7%, em 2018, para 34,7%, dois anos depois, mostrando que a classe média não foi poupada dos efeitos da pandemia. “Nós estamos falando do trabalho informal, do trabalho precário, do trabalho mal remunerado. É uma situação de agravamento que não é sinônimo de fome, mas é sinônimo de alimentação comprometida” (fonte: Agencia Brasil/EBC).
Como podemos ver acima, a fome vem crescendo proporcionalmente ano após ano, os motivos deste crescimento também são muitos, um debate que não caberia nos 3.300 caracteres deste artigo. Um fator que já é consenso entre diferentes meios de pesquisa relacionam a pandemia ao agravamento do quadro atual. O grande problema no enfrentamento a fome é que não pode ser postergado. Cada dia que um ser humano fica sem uma alimentação adequada e nutritiva ele passa a desenvolver várias doenças que afetam todo o seu corpo. O próprio conceito de ser humano é afetado pela fome, um ser sem alimentação é compelido a fazer coisas que jamais faria em um estado de bem-estar.
Na mais recente sessão da Câmara, na quinta-feira, 21, foi aprovado por unanimidade projeto de minha autoria onde os estabelecimentos responsáveis pela produção, fornecimento, comercialização, armazenamento e distribuição de gêneros alimentícios, sejam eles industrializados ou in natura, ficam autorizados a doar o seu excedente a pessoas físicas ou jurídicas, sem necessidade de licença prévia ou autorização do Executivo Municipal.
Estamos a exemplo de governo Federal e Estadual trazendo a segurança necessária para que empresas, hospitais, supermercados, cooperativas, restaurantes, lanchonetes e demais estabelecimentos que forneçam alimentos preparados e prontos para consumo de trabalhadores, empregados, colaboradores, parceiros, pacientes e clientes em geral.
Segundo reportagem do Jornal Ibiá do dia 01/10/20 haviam quase 2.000 famílias vivendo em situação de extrema pobreza em Montenegro, a situação não é muito diferente da nacional. Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania (SMHAD), nos últimos anos houve uma estabilização na insegurança alimentar, porém com a pandemia do novo coronavírus foram cerca de mil inscrições novas no Cadastro Único da cidade. Sabemos que apesar de todos os esforços do executivo, ONGs e voluntariado o problema da fome em nossa cidade está longe de acabar. Novas frentes para combater está mazela se fazem necessárias.
Um grande passo foi dado na direção de trazer segurança para quem quer doar e esperança para quem necessita de um prato de comida.