RPG, o jogo do diabo

Antigamente, muito mais que hoje, eu e meus amigos amávamos uma campanha de RPG. Entrávamos de cabeça e nos esquecíamos desse mundo externo no qual nossos corpos realmente viviam.

Para quem não sabe o que é RPG, vai uma explicação bem simples: RPG significa Role-Playing Game, isto é, Jogo de Interpretação. O clássico “faz de conta”. Só que esse faz de conta vem com planilhas, tabelas, regras e dados. É coisa fina. E, enquanto um do grupo narra a história e dita as regras, os outros são os jogadores, que vivem aquela história, tomando decisões e fazendo ações que levam a narração adiante.

Se, por exemplo, você já ouviu os termos orc, mago e goblin em uma mesma sentença, já deve ter se deparado com esse belíssimo e rico mundo de fantasia que é o RPG. Um lugar onde os amigos podem viajar nas suas imaginações, explorando os mais diversos mundos e histórias tão complexas e detalhadas que nenhum filme poderia, ou teria tempo, para retratar.

O mundo dos RPGistas é um lugar à parte. É uma comunidade muito unida e muito amistosa, onde sempre há lugar para um novo jogador; alguém que vai fazer crescer essas fileiras de exploradores de fantasia.

Jogar RPG e, mais que isso, narrá-lo, possibilitou-me ser um escritor de fantasia muito melhor. Com muito mais jogo de corpo para adaptar os acontecimentos e buscar trazer o que mais emociona ou gera impacto para quem está lendo. Sejam jogos de fantasia medieval, vampiros modernos ou na era das trevas, ou mesmo heróis defendendo Tóquio, participar de uma campanha de RPG sempre representa criatividade. E, já comprovado, com até artigo publicado pelo site da NASA, o RPG estimula mais a inteligência que o próprio xadrez.

RPGistas são exigentes quanto à qualidade de uma aventura. Ela precisa ser, acima de tudo, divertida, mas também concisa, emocionante e inovadora. E é por isso que, sempre que me proponho a escrever, levo em consideração o que um jogador de RPG sentiria se, por acaso, aquele livro fosse uma narração de uma jogatina de sexta à noite, regada a salgadinho e refrigerante – eu sei mamães e papais, nada saudáveis, mas é melhor que bebidas alcoólicas e cigarro, garanto. Seus filhos não poderiam estar mais seguros e em um ambiente mais saudável que o de uma sessão de RPG.

Minha série de livros A Saga Draconiana traz muitos elementos de RPG, não só por ser uma fantasia, mas por levar em conta que o leitor, assim como o jogador de RPG, precisa ir se emocionando e descobrindo junto com os personagens, pontos chaves que mudam toda a aventura. E, esse elemento de imprevisibilidade, muito presente nos meus livros, é característico do RPG. E, é por isso que, assim que for possível, teremos uma versão de RPG de A Saga Draconiana, muito bem construída e emocionante. Esse é um projeto que vai acontecer, cedo ou tarde.

Ah, e sobre o título sensacionalista, desculpe-me, foi só para você ler até aqui. RPG é tudo, menos algo ruim. Muito pelo contrário, ele estimula a criatividade, a amizade, o companheirismo e a união entre os amigos. Estimula a inteligência e, mais que isso, dá aos jogadores momentos de pura felicidade. Por isso, faça um favor ao mundo e incentive as crianças a jogarem RPG. Garanto que serão, no futuro, assim como você, humanos melhores.

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