Segundo caso de cura de paciente com aids anima cientistas

Após 12 anos, o mundo registra o segundo caso de cura da aids da história e reacende a esperança de milhões de pessoas que convivem com a doença. No início dos anos 80, quando surgiu o vírus HIV, o diagnóstico positivo era quase uma sentença de morte. Agora, 40 anos depois, o cenário é mais animador para médicos e cientistas.

De acordo com o tratamento publicado pela revista cientifica Nature, classificada como uma das mais importantes do mundo, um homem identificado como “Paciente Londres”, infectado pelo HIV, recebeu, em 2016, um transplante de medula óssea para recuperar seu sistema imunológico após quimioterapia contra um linfoma (câncer do sistema linfático). Essa era a mesma condição do primeiro paciente identificado como Timothy Ray Brown em 2007, que atualmente tem 52 anos e vive em Palm Springs, na Califórnia.

Como parte das exigências do procedimento utilizado, o doador era um indivíduo com células que dificultam a penetração do vírus devido uma mutação rara na proteína CCR5, a “fechadura” por onde o vírus invade o sistema imunológico. Em 2017, o “Paciente Londres” deixou de tomar remédios contra o HIV, tornando-se a segunda pessoa a permanecer livre do vírus por tanto tempo após cessar o tratamento.

O transplante foi responsável por mudar todo o sistema imunológico do “Paciente Londres”, dando a ele a mesma resistência do doador. O tratamento renova a esperança de cerca de 37 milhões de pessoas portadoras do vírus no mundo, já que os tratamentos antirretrovirais prolongam a vida dos infectados pelo HIV, mas não eliminam o vírus.
No Brasil, entre as 10 cidades com mais de 100 mil habitantes com maior número de casos de aids, seis são estão no Rio Grande do Sul.

Cynara Carvalho Nunes

Procedimento é agressivo
Para a infectologista do hospital Santa Casa de Misericórdia, Cynara Carvalho Nunes, a novidade é animadora, mas as condições do procedimento não. Além de ser considerado extremamente agressivo, é preciso achar um doador compatível e, ainda, que tenha a mutação genética que ocorre em menos de 1% da população mundial.

“Acredito que estes dois casos nos colocam a possibilidade de curar a infecção pelo vírus HIV1, entretanto, a via de transplantes não parece ser a mais promissora”, disse a médica. “Após o caso do paciente de Berlin (primeiro caso), foram realizadas pesquisas com transplante de medula óssea em pacientes HIV positivos, mas os resultados não foram promissores”, completou.

O fato de a infecção pelo vírus HIV-1 estar presente na forma de epidemia no mundo todo, explica a médica, “nos dá a possibilidade de que algum dia cheguemos à cura como aconteceu com a Hepatite C”. Atualmente, há drogas que erradicam o vírus da hepatite C após três meses de tratamento.

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