A campanha do Novembro Azul deste ano está terminando, mas suas reflexões devem ser carregadas no restante dos dias. Isso porque, além do foco principal dado ao câncer de próstata – tema tão importante e que precisa de atenção – o movimento aborda a saúde do homem como um todo. A grande temática do Novembro é o fator preventivo, incentivando a vida saudável e exames médicos rotineiros, mesmo quando não se sinta sintoma algum. Em entrevista recente ao Jornal Ibiá, o urologista montenegrino Waldir João Kerber comentou que, apesar de um aumento considerável de consultas com o passar dos anos, muita gente ainda não faz nenhum tipo de exame preventivo. Em seu consultório, apenas cerca de 30% das consultas assumem esta categoria. Índice considerado baixo.
Nas atividades promovidas pela Secretaria Municipal de Saúde neste ano, o objetivo foi claro. A enfermeira do município, e coordenadora do Núcleo Municipal de Educação em Saúde Coletiva (Numesc), Angelita Moraes, fez a condução dos momentos, que iam além do câncer de próstata. Falavam sobre estresse, doenças cardíacas e AVC, por exemplo. “O homem tem isso de ser ele quem provê e cuida da família, e acaba deixando a saúde dele de lado”, afirma ela. Ainda hoje, deve ocorrer a Caminhada pela Saúde do Homem, que sairá do Sesc as 9h levando estas preconizações.
Ministério confirma necessidade de atenção
Do último levantamento feito pelo Ministério da Saúde, em 2005, foi apontado que 31% dos homens não possuíam o hábito de ir ao médico e, desses, 55% afirmavam que não precisavam. Dos problemas de saúde mais comuns do grupo, destacavam-se a obesidade (57%), o alcoolismo (57%) e o tabagismo (13%). O estudo apontou, ainda, que as principais causas de morte do sexo masculino são externas, como acidentes de trânsito, trabalho e violência; seguidas por doenças do aparelho circulatório, como infarto, e tumores.
Segundo o Ministério, os homens têm também mais diabetes, colesterol elevado e pressão alta do que as mulheres; têm mais medo de descobrir doenças; praticam menos atividades físicas; estão mais expostos a acidentes de trânsito e de trabalho e abusam mais de álcool e outras drogas. Em nota recente, o órgão aproveitou a campanha do Novembro Azul para frisar que a rede pública de saúde oferece uma série de exames e outros procedimentos fundamentais para a saúde do homem.
Curado de um câncer, senhor faz alerta à população
“Se parar pra pensar, estamos no ano de 2017, e ainda tem gente com a mentalidade de 1900 e antigamente”, afirma o senhor Pedro Lopes, de 64 anos. Recuperado de um câncer de próstata, após cirurgia em 2010, ele procurou o Jornal Ibiá para fazer um alerta. “Eu não sentia nada. Procurei a consulta periódica por pedido da minha família. Acaba que, se tivesse esperado mais um ou dois anos, já poderia não estar aqui para contar essa história”, conta.
Morador de Montenegro há 54 anos, ele foi diagnosticado no final de 2009. Com o tratamento cedo, pôde evitar que o câncer se espalhasse por seu corpo e, em cerca de quatro meses, já estava livre da doença após a cirurgia. “Depois que se espalha é muito mais complicado. Tem que estar fazendo quimioterapia e tudo. As vezes até não tem cura”, relata. “Eu quero, com isso, é que as pessoas se alertem e vão procurar um recurso cedo.”
“Eu cuido muito da minha saúde, pesquiso e procuro informação”, explica. Pedro expõe que, especificamente para a situação do câncer, há muito preconceito em relação ao exame de toque. “Quem não tem noção, fica fazendo piada descabida com isso. Mas, se não quiser, não precisa nem contar pra ninguém que fez. O que eu sei é que, com esses meus passos que eu dei, eu salvei a minha vida.” Ciente de sua responsabilidade como paciente curado, o senhor deixa claro que, se uma pessoa que seja se sensibilize com sua história e busque ajuda, a fala terá valido milhares.