Apesar de ser uma campanha de tanta importância quanto o Outubro Rosa, o Novembro Azul ainda não alcança o mesmo número de homens. Seja pelo preconceito da doença ou mesmo pela falta de informação, cerca de 70 mil casos de câncer de próstata foram diagnosticados em 2018 no Brasil.
A campanha, entretanto, não foi criada no País. O Novembro Azul é um movimento que começou na Austrália em 2003. Na época, um grupo de amigos se reuniu para chamar a atenção para o dia de prevenção ao câncer de próstata, 17 de novembro, deixando crescer o bigode, em uma iniciativa chamada de “Movember” (o M vem de “moustache”, palavra em inglês que significa bigode). Hoje, cerca de 30 países realizam atividades de prevenção neste mês.
De acordo com o urologista do Hospital Montenegro, Isachiel Kautz, a incidência do câncer de próstata é grande. “As pessoas sempre me perguntam quais os fatores de risco, o que pode desenvolver o câncer de próstata. O principal fator de risco é histórico familiar. A hereditariedade é importante no surgimento da doença. Ela não tem relação específica com uso de tabaco ou remédios.”
A idade também é um fator importante de risco, visto que a incidência e a mortalidade de homens com câncer de próstata aumentam de forma significativa após os 50 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. Além disso, o fator genético também tem grande peso. Homens que tem casos de parentes com câncer na próstata devem ficar alerta quanto à prevenção.
Sobre os sintomas, Isachiel explica que o câncer de próstata é uma doença silenciosa. “Devemos fazer o diagnóstico antes de o paciente ter algum sintoma. É feito de tudo para fazer o diagnóstico do câncer de próstata o mais precoce possível, quando não há sintomas. Quando há sintomas, o estágio da doença já é um pouco mais avançado.”
O urologista também lembra que a detecção do câncer é feita principalmente por dois simples exames, o toque retal e o exame do PSA (sigla para Prostate-Specific Antigens, ou antígenos específicos da próstata em português). “Os dois podem aumentar a chance de descoberta de tumor em até 80%. O toque retal e o exame de PSA em um paciente que não sente nada servem para dizer que a saúde do paciente está em dia. Quando se há dúvidas, como alteração do toque e do PSA, é necessário outro exame, a biópsia da próstata, sendo a única maneira de dizer que o paciente tem ou não câncer. Com um exame simples, é possível determinar alterações.”
Pensando na prevenção, o urologista afirma que a prevenção começa na realização dos exames preventivos. “Todos os homens a partir dos 50 anos e aqueles que têm uma predisposição genética (pai, tio, irmão) ou paciente da raça negra, a partir dos 45 anos. Em negros, a incidência é maior, por isso que a prevenção se inicia cinco anos mais cedo neste grupo, mas a população geral a partir dos 50.”