Pediatras desaconselham aleitamento cruzado

A novela global das 21hs, “O Outro Lado do Paraíso”, parece ter se especializado em criar problemas com entidades médicas. Primeiro foi a Associação Brasileira de Psiquiatria a reclamar das cenas da protagonista Clara em um hospício. Depois, o Conselho Federal de Psicologia do Brasil manifestou sua preocupação quanto as cenas de sessões de hipnose por uma advogada e coaching. Agora é a vez da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) esclarecer informações médicas transmitidas de forma equivocada.

Na trama, o médico aconselha uma jovem mãe a permitir que outra mulher amamentasse seu bebê, já que o leite dela não daria conta das necessidades da criança. Isso é o chamado “aleitamento cruzado”, desaconselhado pelos médicos. No texto oficial, a SBP “ressalta que a amamentação cruzada é contraindicada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois oferece risco de transmissão de doenças infectocontagiosas, como o HIV/AIDS”. Porém, o mesmo documento destaca que é possível uma criança receber o leite doado por outra mãe, mas, “esse leite deve ser oriundo de doação a um banco de leite humano, onde recebe tratamento que o deixa livre de qualquer possibilidade de transmissão de doenças.”

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Carmem Pereira, pediatra

A pediatra Carmem Pereira detalhou o assunto ao Ibiá. Ela explica que a prática é possível, em alguns casos, muito específicos e com orientação do pediatra que acompanha o bebê. “Nunca uma orientação para todos, de forma indiscriminada. Porque não sabemos o histórico de saúde dessa outra mulher. Num banco de leite é possível apenas porque há esterilização e a garantia de que esse alimento é seguro ao bebê”, explica Carmem.

Melhor alimento até o 6º mês de vida
As fórmulas hoje disponibilizadas pela indústria para complementação da alimentação dos bebês, em cada uma das suas fases de desenvolvimento, são de bastante qualidade. Porém, nada é igual ao leite materno e até o terceiro mês de vida o bebê não precisa receber nada mais. Depois, em dias de muito calor, a criança pode receber água, além de leite. Mas quanto a alimentos, a recomendação é que eles sejam incluídos apenas após o 6º mês. Ajustes específicos podem ser necessários, mas devem ser discutidos com o pediatra.

“Não é o ideal, mas, pela questão do fim da licença e retorno ao trabalho, muitas mães têm dificuldade em seguir apenas no leite materno. Passam para uma fórmula e depois ao alimento. Apesar de termos muita informação a respeito, a dificuldade é grande para muitas mulheres”, detalha a pediatra. Ela destaca, ainda, a importância das escolas de educação infantil seguirem as orientações e não introduzirem alimentos novos aos bebês antes da hora.

Após os seis meses a alimentação do bebê deve ser diversificada, podendo ser complementada pelo leite materno até os dois anos.

Não existe leite fraco
Isso é um mito que faz muitas mães oferecerem outros leites aos filhos. O que ocorre, em alguns casos, é a demora do leite em descer ou a mãe ter em quantidade insuficiente. São casos específicos e em que o pediatra indicará a fórmula para complementação. A pediatra Carmem Pereira defende, porém, que as mães tenham uma alimentação adequada desde a gravidez e, também, durante o aleitamento. “A qualidade do leite começa na gravidez. Amamentar é dar vida”, diz Carmem.

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