No mês do Outubro Rosa, onde as ações de prevenção contra o câncer de mama são intensificadas, estudos mostram que a prática regular de atividades físicas pode ser uma grande aliada na prevenção da doença. De acordo com uma pesquisa divulgada no dia 19 deste mês, em média 12% das mulheres vítimas de câncer de mama – uma em cada dez – falece por causa do sedentarismo.
O estudo, intitulado Mortality and years of life lost due to breast cancer attributable to physical inactivity in the Brazilian female population (1990–2015), publicado na Revista Nature, contou com a colaboração do Ministério da Saúde. Segundo o trabalho, no ano de 2015, mais de duas mil mortes poderiam ser evitadas se as pacientes fizessem ao menos uma caminhada, de 30 minutos por dia, cinco vezes por semana, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar da predisposição genética que influência no surgimento da doença em alguns casos, o ginecologista, obstetra e mastologista, Túlio Farret, explica que essa condição interfere somente em 10% das situações. “Existem fatores que aumentam o risco de desenvolvimento do câncer, tais como a obesidade, o sedentarismo, alcoolismo, uso de terapia de reposição hormonal por tempo indefinido e sem acompanhamento médico adequado”, justifica o médico.
A prática de exercícios físicos reduz a gordura corporal total, o nível de colesterol ruim e, consequentemente, elimina as substâncias que colaboram para o desenvolvimento do câncer. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, as mulheres que praticavam alguma atividade física regularmente apresentavam um risco 25% menor de desenvolver o câncer e isso tem um motivo: quanto mais gordura o corpo possui, mais estrogênio será produzido. As células cancerígenas utilizam a substância como um combustível, já que ela atua nas células mamárias.
Outro hormônio que aparece em algumas pesquisas relacionadas à prevenção do câncer de mama é a insulina, responsável por induzir a multiplicação de células. Por conta disso, uma vez que o câncer se inicia, ter altos níveis de insulina no sangue torna-se perigoso, e se exercitar pode diminuir a quantidade dessa substância que circula pelo corpo.
Embora os números da doença sejam expressivos no Brasil, cerca de 600 mil novos casos por ano em 2018 e 2019 de acordo com Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o mastologista destaca alguns hábitos como fatores de proteção. “Alimentação balanceada e moderada, prática de exercícios físicos, evitar o consumo abusivo de álcool, etc. Além disso, sabe-se também que a amamentação também é um fator de proteção, verificando-se que as mulheres que amamentam apresentam menos câncer de mama que as que não amamentaram”, disse. “Quanto mais cedo for diagnosticado o câncer de mama, maior é a possibilidade de cura e eficácia do tratamento.”