Não deixe a cárie se formar!

Você já sentiu incômodo nos dentes, como sensibilidade, cavidades em formação, manchas e dores fortes? Cuidado! Isso pode ser cárie. A cárie dental só perde para a gripe no ranking das doenças mais comuns do mundo e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de dois bilhões de pessoas têm o problema. No Brasil, a doença afeta quase 90% da população. A clínica geral e ortodontista Amanda de Assis Soares e a especialista em ortodontia Eliane de Oliveira atuam na Odonto Becker, em Montenegro, e destacam que esta é uma doença multifatorial, não transmissível e não infecciosa que acomete os dentes causando destruição dos tecidos dentários.

As dras. Amanda de Assis Soares, clínico geral e ortodontista e Eliane de Oliveira, especialista em ortodontia, atuam na clínica Odonto Becker. Foto: divulgação

Esta doença surge quando há um desequilíbrio na microbiota oral, quando as bactérias naturais da boca produzem ácidos que corroem o esmalte do dente. O açúcar contribui para o desenvolvimento da cárie dentária, pois ele é convertido em ácido pelas bactérias presentes em nossa boca. Este ácido ataca e enfraquece os dentes. Portanto, quanto maior a ingestão de açúcar, maior a proliferação de bactérias, aumentando o risco de cáries.

Os sintomas variam conforme a evolução da cárie. Inicialmente, uma placa bacteriana (espécie de película formada por microrganismos) se forma sobre o dente, provocando manchas esbranquiçadas e opacas. Nesta fase, não há sintomas, mas conforme o esmalte dentário é deteriorado, surgem manchas escuras. Sem tratamento, a lesão progride, a mancha se torna bastante visível e tecidos mais profundos são atingidos. Quando o dano chega à camada abaixo do esmalte, a dentina, o paciente pode começar a sentir sensibilidade e dor ao mastigar ou ao contato com o frio. Quando a infecção chega à polpa, que é o núcleo do dente altamente inervado, a dor é intensa e pode ser contínua.

É importante ressaltar que sem tratamento, a cárie avança para inflamação da gengiva e a infecção pode chegar à raiz, com formação de abscessos, perda do dente e acometimento de ossos e outros dentes próximos. As profissionais Amanda e Eliane acrescentam que as bactérias se proliferam cada vez mais e as agressões ao esmalte dentário se intensificam. “Além de causar muita dor e desconforto, a cárie quando não é tratada vira um risco para a saúde”, diz Amanda.

Diagnóstico
O diagnóstico de cárie é feito por visualização e observação da textura da região com instrumentos pelo cirurgião dentista. É fundamental observar uma série de características para guiar o tratamento. Segundo Eliane, o profissional realizará exames clínicos visuais, táteis e exames complementares, como radiografias. Com o auxílio de iluminação, espelho e sonda ou explorador dental, o dentista pode analisar se há uma cárie no dente, a extensão do dano, se há cavitação (buraco) e até onde ela atinge, além de avaliar se a cárie é ativa ou inativa, ou seja, se a lesão está em progressão ou estagnada. Em casos muito específicos, o dentista pode lançar mão de ferramentas auxiliares, como exames de raios X e corantes que ajudam a identificar as cáries.

Tratamento para cada caso
O tratamento depende da gravidade da lesão cariosa. As profissionais explicam que na maioria das vezes, o tratamento consiste na remoção do tecido cariado e restauração do dente. “Já em casos mais graves, o paciente pode necessitar de tratamento de canal, ou até mesmo a remoção do dente”, complementa Amanda.

Foto: Freepik

Quando a cárie está inativa e ainda não provocou danos ao esmalte, a aplicação de um revestimento fino de resina branca ou transparente chamado selante, na superfície do dente, é suficiente. Quando a cárie já atacou o esmalte e provocou danos à estética ou dificuldades para mastigar, pode ser necessária uma restauração dentária. Dependendo da extensão da cárie, é aplicada anestesia local. Em seguida, o dentista remove todo o tecido destruído.

Na etapa seguinte, após limpar toda a região, é necessário preencher o espaço com uma substância que irá devolver a forma dentária original, em um procedimento conhecido como obturação. Há diferentes produtos que podem recompor o dente e cabe ao dentista esclarecer qual o mais indicado em cada situação.

Durante o procedimento, o dentista pede que o paciente morda para dar forma à restauração, que vai endurecendo ao longo do processo. Alguns tipos de restauração requerem o uso de uma luz especial para que endureçam, então, nesses casos, o dentista irá intercalar a moldagem da restauração com a aplicação dessa luz.

Em estados avançados, em que a cárie já atingiu a polpa do dente, há risco de infecção e formação de abscesso na raiz. Antigamente, nesse estágio a única alternativa era extrair o dente, mas atualmente é possível lançar mão de um tratamento de canal radicular. Embora tenha fama de ser muito doloroso, esse procedimento é feito sob anestesia e não difere muito do tratamento de cáries mais superficiais.

Cárie não tratada traz complicações
A cárie, quando não tratada, pode acarretar diversos problemas, não apenas bucais. O corpo humano é uma máquina e todas as suas funções estão interligadas, não é diferente com a função oral. A saúde do corpo humano começa pela boca. Quando a saúde bucal está deficiente, isso pode interferir em várias funções do organismo e deixá-lo vulnerável a uma série de doenças, que vão muito além da cárie. Boa parte das bactérias do organismo humano está presente na boca. No entanto, quando negligenciamos os cuidados com a saúde bucal, essas bactérias podem se proliferar e migrar para outros órgãos, comprometendo a saúde geral do organismo.

Foto: istock

Quando falamos em problemas causados por falta de higiene bucal, logo pensamos nos problemas ligados com a boca, que atingem os dentes e gengivas, mas a má escovação pode causar ou agravar doenças em diversas partes do corpo. As cáries podem desencadear complicações como pneumonias e até mesmo atingir o tecido nervoso, causando infecções no cérebro. As bactérias das cáries também podem cair na corrente sanguínea, causando uma infecção cardíaca, sem contar nos riscos de desenvolvimento da incapacidade de morder, dor, fratura, sensibilidade e perda dos dentes.

Previna a cárie!
Segundo Amanda e Eliane, a principal forma de prevenção das cáries é a remoção da placa bacteriana, que é composta por restos de alimentos e bactérias. Isso você pode fazer escovando os dentes regularmente, sempre que necessário. Assim, você já está prevenindo lesões de cáries. As profissionais relembram que é de grande relevância que se escova os dentes com flúor, sem esquecer o uso do fio dental. Durante a noite a boca fica por várias horas expostas a ações das bactérias, por isso a escovação antes do sono é fundamental.

Ainda, alimentos que contêm açúcar são digeridos e transformados em ácidos rapidamente pelas bactérias da boca. Estima-se que em 20 minutos após a ingestão, os ácidos já começam a agir sobre os dentes. Portanto, mais importante que moderar a quantidade é evitar consumir alimentos desse tipo várias vezes ao longo do dia, pois você estará aumentando a frequência com que os ácidos são produzidos e o tempo que os dentes ficam expostos a eles.

Freepik

Visitar o dentista pelo menos uma vez por ano também é uma forma de prevenção. Isso porque nem sempre as cáries são visíveis ou causam sintomas, e quanto antes forem detectadas, mais fácil é o tratamento. Além disso, por mais que a higiene seja feita adequadamente, as bactérias da boca são rápidas, e quando a placa bacteriana endurece e forma o tártaro (que só o dentista consegue remover), o ambiente fica mais vulnerável a irritações e ao surgimento das cáries.

Últimas Notícias

Destaques