Você já doou sangue? Provavelmente não. É possível fazer essa suposição porque apenas 1,8% da população já cumpriu esse ato tão nobre e de cidadania. Neste sábado, dia 25 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Doador de Sangue, oportunidade para lembrar que ninguém está livre de necessitar de uma transfusão de sangue e que desse ato de generosidade depende a manutenção de vidas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como meta que pelo menos 3% da população seja doadora.
Porém, aqui no Brasil, muitos não têm essa consciência. O número de doadores regulares de sangue até aumentou no país nos últimos anos, mas ainda está longe de ser o ideal. No Brasil, ao ano, cerca de 3,5 milhões de pessoas realizam transfusões de sangue. No total, existem no país 27 hemocentros e 500 serviços de coleta. A cada doação de sangue estima-se que até quatro pessoas possam ser beneficiadas.
O doador recorrente (e não aquele que doa ocasionalmente, apenas quando um conhecido necessita) é o preferencial dos bancos de sangue. Isso porque a chance de seu sangue apresentar algum problema que exija seu descarte é menor. Daí a importância de fidelizar o doadores, foco de uma campanha recente do Ministério da Saúde. “É importante saber que o sangue não tem substituto, então é de suma importância manter os estoques abastecidos. Queremos reconhecer os doadores e angariar novos voluntários para que possamos transformá-los em doadores regulares”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros, na ocasião da campanha.

Em entrevista recente ao Ibiá Saúde, Tor Onsten, professor do departamento de Medicina Interna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante do setor de hemoterapia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, comentou a respeito da doação na instituição de saúde em que atua e, também, do cenário nacional. Uma das preocupações citadas por ele é que a geração mais jovem parece não estar formando o hábito de doar. “Os doadores recorrentes estão envelhecendo e é preciso que os jovens também passem a doar. Ou faltarão doadores no futuro”, diz Onsten.
Atualmente, no cenário mundial, os hemocentros já sofrem com a falta de doações. Se os doadores já são escassos, o especialista esclarece, ainda, que uma parte representativa do material coletado, por questões de segurança, é descartado e não chega aos receptores. Pelo menos 5% de todo o sangue doado é descartado porque algum problema aparece nos testes. O principal, considerando o material doado no Hospital de Clínicas, é por Hepatite B. Esse descarte – necessário – representa custo e, principalmente, reduz ainda mais o estoque.

O perfil dos doadores de sangue no Brasil é considerado estável. Do total de doadores, 60% são do sexo masculino e 40% do sexo feminino. O maior percentual está na faixa etária a partir dos 29 anos, com 58% do total dos doadores, enquanto as pessoas de 16 a 29 anos representam 42%.
Quem pode doar
No Brasil, pessoas entre 16 e 69 anos podem doar sangue. Para os menores de 18 anos é necessário o consentimento dos responsáveis. Além disso, é preciso pesar, no mínimo, 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não estar de jejum. No dia da doação, é preciso levar documento de identidade com foto. A frequência máxima é de quatro doações anuais para o homem, com intervalo mínimo deve ser de dois meses, e de três doações anuais para a mulher, com intervalo mínimo de três meses.
Requisitos para doação de sangue no Brasil
– Estar em boas condições de saúde;
– Estar descansado e bem alimentado;
– Ter entre 16 e 69 anos (menores de 18 anos precisam da autorização do responsável para fazer a doação);
– Pesar mais de 50 quilos;
– Portar documento oficial com foto;
– Respeitar o intervalo mínimo entre cada doação.