A morte do cantor português Roberto Leal, no último final de semana, em decorrência de um câncer melanoma, atraiu holofotes para um problema grave. O câncer de pele ainda causa muitas mortes do Brasil. Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos desta doença no País, sendo registrados, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos. Leal foi a óbito aos 67 anos, no Hospital Samaritano, em São Paulo, onde ele estava internado. A causa da morte foi uma síndrome de insuficiência hepato-renal, gerada a partir do melanoma maligno, que evoluiu e atingiu o fígado. Ele tinha esse câncer de pele há três anos.
Com o auxílio da dermatologista Themis G. Colla vamos esclarecer sobre a doença, seu diagnóstico e tratamento, sem analisar o caso de Roberto Leal em específico. A especialista começa esclarecendo que são vários os tipos de tumores que atingem a pele, alguns mais graves e outros menos. “Os mais comuns são o carcinoma basocelular, o carcinoma epidermóide e o melanoma”, detalha Themis. O mais comum é o primeiro citado por ela, que geralmente tem crescimento local e não se espalha. O segundo mais comum é o carcinoma epidermóide, que pode se tornar agressivo se não for tratado. “E por último entre os citados está o melanoma, que é o mais agressivo e deve ser removido sempre que se suspeita desse tipo de lesão”, enfatiza a dermatologista.
Obviamente que o paciente não sabe diferenciar um do outro e, por isso, a primeira indicação é procurar um especialista. Mas, é possível observar algumas características desta forma mais grave da doença. “Na maioria das vezes o melanoma é escuro, enegrecido, com vários tons de castanho e, às vezes, com pontos brancos. Não precisa ter sangramento. Muitas vezes ele não coça, não dói e não dá outros sintomas”, detalha Themis. Nos homens este tumor é mais comum no dorso e nas mulheres, nas pernas, porém pode surgir em qualquer parte do corpo, inclusive nas áreas não expostas ao sol. Além disso, tende a ser mais agressivo quando ocorre nas extremidades do corpo, ou seja, nos pés, mãos, nariz e orelhas.
Genética interfere, mas prevenção ajuda
O melanoma é um tipo de câncer que sofre interferência genética. Ou seja, quem tem um parente em primeiro grau (pai, mãe, irmãos e filhos) com manifestação de melanoma deve fazer uma análise dos seus nevos (pintas) uma vez por ano, com algum especialista em pele.
Existe ainda o autoexame dos sinais. É quando a própria pessoa pode procurar indicações suspeitas, como por exemplo, algum sinal que tenha se modificado, crescido, sangrado, sinais novos (que não existiam), sinais com múltiplas cores (vários tons de castanho) e assimétricos. O melanoma, se não diagnosticado precocemente, pode se espalhar pelo corpo, a chamada metástase. “É muito importante a remoção precoce deste tipo de tumor. Quanto menor a espessura dele na pele, no momento do diagnóstico, melhor será o prognóstico”, diz Themis Colla.
Na suspeita de um sinal de melanoma, a primeira etapa é cirúrgica com remoção da lesão. Depois disso, dependendo da profundidade da lesão, se fará a ampliação de margens, ou as margens de segurança. Dependendo das características da lesão, pode-se optar por fazer o linfonodo sentinela, que é quando se procura com comprometimento de linfonodos. Isso tudo complementado por exames de imagem e sangue, além de revisões mais frequentes da pele, com o especialista. Hoje já existem vários tratamentos novos para melanoma, o que tem aumentado a sobrevida dos pacientes. Além disso, existem estudos genéticos que às vezes estão indicados.
Mesmo com a grande evolução da medicina, a melhor situação é sempre prevenir, destaca a médica, que indica fazer o autoexame; uma vez por ano realizar uma revisão com dermatologista; usar filtro solar com mínimo fator de proteção 30; cuidar os horários de exposição solar e, se notar alguma alteração, procurar ajuda especializada.