Hanseníase volta a preocupar no Brasil

Uma doença que para grande parte da população é algo que ficou no passado, na realidade, aflige muitos brasileiros. Até décadas atrás, a Hanseníase – antigamente chamada de lepra – era sinônimo de exclusão de pessoas que, abandonadas, iam tendo o corpo mutilado. Hoje a doença tem cura e um tratamento considerado simples, mas o desconhecimento faz com que ela volte a se espalhar pelo Brasil. A data 31 de janeiro, Dia Mundial da Hanseníase, é preciso lembrar a gravidade da doença, a importância do tratamento e também das famílias que ela destruiu.

Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos novos da doença, atrás somente da Índia. Por ano, são cerca de 30 mil casos nos estados brasileiros, incluindo adultos e crianças. A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen. A transmissão acontece por tosse ou espirro de uma pessoa doente, que esteja sem tratamento, para outra – após “contato prolongado e contínuo”, segundo o Ministério da Saúde.

A doença atinge a pele e nervos periféricos e pode causar incapacidades e deformidades físicas, que alimentam estigma e preconceito. Para que a doença se manifeste, normalmente há um longo período de incubação, ou seja, um intervalo, em média, de dois a sete anos, entre a contaminação e a manifestação dos sintomas. De acordo com o Ministério, já houve, porém, casos atípicos, em que esse período foi mais curto – de sete meses – ou mais longo – de dez anos.

Segregação de pacientes
Apesar de não ser necessário isolar os pacientes para tratar, até a década de 80 era comum deixar os pacientes nos chamados “leprosários”, afastando-os das famílias. Gestantes, assim que davam a luz, eram afastadas das crianças. Estas, mesmo que tivessem famílias interessadas em criá-las eram deixadas em orfanatos porque alegavam precisar esperar para saber se elas manifestariam a doença. Acabavam adotadas por outras famílias. Por isso, atualmente há processos correndo na justiça de pessoas que pedem indenização pela forma como foram tratadas pelo Estado. Elas jamais conheceram seus pais. No Brasil, 40 leprosários já funcionaram. A estimativa é de que, no mínimo, cerca 40 mil crianças tenham sido afastadas dos pais que estavam internados compulsoriamente.

Tratamento
O diagnóstico se faz por meio de exame dermatoneurológico e avaliação neurológica simplificada. Os pacientes que iniciam o tratamento, que leva de seis meses a um ano, não transmitem a doença. O tratamento da doença não exige isolamento do paciente e é ofertado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A terapia é feita por meio de Poliquimioterapia (PQT), por via oral, administrada em associação com medicamentos antimicrobianos. Desde o início dos cuidados, a doença deixa de ser contagiosa.

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