Estado está considerando leitos que não existem no HM para definir bandeiras

Consulta realizada pela reportagem no painel de ocupação hospitalar do governo do Estado mostra o Hospital Montenegro em categoria verde na tarde dessa quinta-feira, 26 de novembro. Tem, segundo o sistema, 56,2% dos leitos de UTI ocupados, o equivalente a nove pacientes internados nos 16 leitos de UTI disponíveis. Apenas um deles tem relação com a Covid-19; o restante está internado por outras causas. O histórico apresentado no painel ainda indica semanas em que os níveis de ocupação flutuaram, prioritariamente, entre as categorias verde e amarela; com baixos índices de ocupação.

Mas a realidade não é bem essa. A reportagem do Ibiá apurou que há mais de um mês, desde 18 de outubro, o Hospital Montenegro não tem 16 leitos de UTI. Ele tem dez. A taxa mostrada pelo sistema do Estado em categoria verde, num percentual de 56,2% de ocupação, está desatualizada. Com nove, dos dez leitos de UTI ocupados, o percentual correto, do que efetivamente acontece na casa de saúde, é de 90%, uma categoria vermelha.

A direção do hospital atribui a falha a uma desatualização de sistema. Já a secretaria estadual de Saúde respondeu que “a habilitação e a desabilitação de leitos de UTI é feita pelo Ministério da Saúde, mediante pedido encaminhado pelo prestador (hospital). Os seis leitos citados constam no Sistema, pois ainda não foram desabilitados pelo Ministério da Saúde.”

A pasta não comentou como a desatualização da taxa vem afetando a definição das bandeiras do Distanciamento Controlado na região, modelo que tem, na ocupação hospitalar, um dos principais critérios para a definição de restrições ou flexibilizações da Economia e eventos. O mesmo questionamento foi enviado à secretaria de Comunicação do Estado. Na realidade, por vários dias, a ocupação hospitalar do Hospital Montenegro esteve em 100% nesse meio tempo, embora isso não aparecesse no sistema do governo estadual.

Ministério da Saúde custeou todo o tempo de funcionamento
Os seis leitos em questão começaram a receber pacientes no Hospital Montenegro em meados de julho. Formaram uma “UTI Covid”, tornando a casa de saúde referência para atendimento de pacientes com a nova doença, ficando apta a receber pessoas de todo o Estado através da Central de Leitos. Eles foram totalmente equipados e funcionaram a um custo de cerca de R$ 1,6 mil ao dia, prevendo equipe multidiciplinar, medicamentos, insumos e afins; através de habilitação e repasses do Ministério da Saúde.

O funcionamento dos leitos, como acertado desde o início, ocorreu por três meses; sendo a UTI Covid fechada em 18 de outubro. Na ocasião, o Estado vivia baixa no número de casos e índices de internações, então não foi feita a renovação da habilitação. Na data, segundo a direção da instituição, os leitos foram desmontados e, desde então, fisicamente não existem. Todo o valor da União, para os três meses, já tinha sido repassado e o hospital deixou de ser referência na Central de Leitos, embora, mais de um mês depois, ainda não seja o que mostrem os dados oficiais da ocupação hospitalar do Estado.

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