Nesse final de semana é concluída a Copa do Mundo de Futebol, o maior torneio de uma única modalidade esportiva do planeta, que mobiliza nações. No início da competição, 36 equipes participavam, exibindo uniformes com as cores que representam o seu país. Nós brasileiros reconhecemos de longe a camisa amarelo canário, símbolo da Seleção. Era fácil identificar nossos jogadores, certo? Sim, se você não é daltônico. No nosso primeiro jogo, por exemplo, contra a Suíça, os adversários usavam camisas vermelhas. Mas, dependendo do tipo de daltonismo, é possível que a pessoa observe apenas distinção do preto, do branco e dos tons de cinza.
Dos 32 uniformes principais dos países do Mundial, 24 têm cores que um daltônico tem dificuldade em diferenciar, considerando os três diferentes tipos do distúrbio. O jogo de abertura do mundial, entre Rússia e Arábia Saudita, é exemplo de como pode ser difícil assistir um jogo nessa situação, considerando que diferenciar o vermelho (Rússia) e o verde (Arábia Saudita) pode ser difícil com o daltonismo.
Acredita-se que 8% da população mundial masculina e 1% da feminina não consegue diferenciar claramente as diferentes cores. São os daltônicos, ou, aqueles com a chamada “cegueira para cores”. A médica oftalmologista Andréia Noal Polett nos ajudou a esclarecer essa alteração que pode trazer dificuldades na rotina de qualquer pessoa, da primeira infância até a fase adulta.
Daltonismo é uma deficiência visual em que a pessoa não consegue reconhecer determinadas cores. Trata-se de uma alteração genética ligada ao cromossomo X. “O que significa que ela é herdada através de genes maternos”, detalha Andréia. Sendo algo de origem genética, é possível afirmar que o daltônico já nasceu com essa deficiência. Porém, em geral, somente quando a criança chega na idade escolar, trocando cores em trabalhinhos, é que será percebida a sua impossibilidade de diferenciar os tons.
O principal sintoma que alerta ao diagnóstico do daltonismo é a dificuldade em distinguir as cores ou a incapacidade de ver tons da mesma cor. Andréia lembra, porém, a necessidade de investigar corretamente qual a deficiência ou doença leva uma criança a ter essa dificuldade, já que o daltonismo não é a única causa possível. “Também existem outras doenças que podem levar a dificuldade para reconhecer cores, como neurites, catarata avançada e tumores, entre outras”, detalha a oftalmologista.
O teste de cores de Ishihara é o principal método utilizado para o diagnóstico da doença. Ele consiste no uso de cartões onde letras, números ou figuras geométricas são pontilhados em várias tonalidades diferentes no centro do cartão. A figura do centro é facilmente identificada pelas pessoas com visão normal, porém um daltônico terá dificuldade em visualizá-las. O teste recebeu esse nome por seu criador ser o médico Shinobu Ishihara.
Daltonismo não tem cura nem um tratamento específico que diminua os sintomas. Porém, ele também não evolui. “Entretanto, existem medidas que podem melhorar as limitações de visão dos pacientes como óculos e lentes especiais que podem melhorar a percepção e distinção de cores semelhantes”, esclarece a oftalmologista Andréia Noal Polett.
Ela destaca, também, que ser daltônico não é empecilho para o desenvolvimento e o aprendizado, sendo assim, o diagnóstico precoce é muito importante para que possam ser feitas as orientações e adaptações necessárias para melhorar o cotidiano da criança.

Conheça os 3 grupos
Monocromacia: Também chamado de visão acromática, restringe os daltônicos à distinção do preto, do branco e dos tons de cinza.
Dicromacia: Redução ou deficiência total de um dos receptores de cor. A dicromacia também pode apresentar deficiência em dois tipos de receptores e causar a distinção em somente uma das cores, em geral, o verde ou o vermelho.
Tricomacia anômala: Redução parcial de um dos receptores de cor, onde a pessoa enxerga as cores, mas com contraste e saturação diferentes.