Nessa semana, a morte de Beto Campos, técnico campeão gaúcho de 2017 pelo Novo Hamburgo, chocou o Estado. Ele tinha apenas 54 anos e sofreu um infarto enquanto dormia, na sua residência, em Santa Cruz do Sul. Beto passou mal na madrugada de segunda-feira, 23, por volta das 3hs. A família chegou a acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas em menos de uma hora ele já estava em óbito. Ele fazia tratamento para pressão alta.
Expressões como “mal súbito” e “infarto fulminante” voltaram a ser muito comentadas, assim como a idade, ainda jovem, do profissional do futebol. Não faltou quem se lembrasse de que está na hora de fazer uma “revisão” com o cardiologista. A reportagem do Ibiá conversou com o cardiologista Paulo Augusto Casani e esclareceu algumas dúvidas sobre o tema, sem tratar, é claro, do caso específico de Beto Campos.
Casani começou esclarecendo que, apesar de muito ouvida nesses casos, a expressão “mal súbito” não diz respeito exclusivamente a um problema cardíaco, ao contrário, é um termo muito abrangente. Pode se tratar de um desmaio, um problema estomacal ou uma crise de labirintite, entre outras questões sem relação a um mal-estar cardíaco. Já infarto é especificamente um problema cardiovascular, ocorrido quando parte do músculo cardíaco morre por não receber sangue. A maior parte dos infartos ocorre por entupimento da artéria que leva o sangue até o coração. Mas pode ocorrer por outras razões, até mesmo de nascença, como uma má formação coronariana.
No caso de Beto Campos, segundo as informações divulgadas, o caso se trata mesmo de um infarto fulminante, quando ele é tão intenso e rápido que, mesmo socorrida logo, a vítima falece. Porém, esses são apenas 10% dos casos. Aos demais, com o socorro imediato e adequado, é possível reverter o quadro. “O mais importante é identificar corretamente os sintomas e buscar por socorro. Palpitações, ânsia de vômito, uma dor intensa, súbita, apertada no meio do peito. A sensação de morte iminente. A dor de um infarto não engana, ela é incomparável”, explica o cardiologista Paulo Augusto Casani.
O infarto pode ocorrer em qualquer fase da vida. Porém, ele é mais comum nos homens quando esses têm mais de 45 anos. Nas pessoas até 50 anos, ocorrem quatro vezes mais infartos em homens que nas mulheres. Porém, numa faixa etária mais avançada, esse quadro se inverte. Isso porque após a menopausa, as mulheres são mais sucetíveis a esse problema cardíaco. Na média dos casos, os homens registram mais infartos, porém, as mulheres têm ocorrências mais graves. A indicação é que todos façam exames preventivoz a cada cinco anos e anuais após os 40 anos.
Tratamento rápido
A identificação correta dos sintomas e a busca por socorro adequada é imprescindível porque o medicamento utilizado no tratamento é aplicado preferencialmente até 3 horas do início do infarto, sendo 6 horas o limite. “Depois disso o músculo cardíaco já morreu e não adianta mais aplicar o medicamento. Mesmo aplicando em 3 horas há uma perda do músculo, que pode deixar diferentes complicações como arritmia, insuficiência cardíaca, rupturas, depende muito”, detalha Casani.
Antigamente, o principal tratamento ao infarto era cirúrgico, a colocação da chamada “ponte de safena”. Hoje, o que é feito na maior parte dos casos é uma angioplastia de resgate, com a utilização do agente anticoagulante enquanto se leva o paciente para o cateterismo. Esse procedimento não está disponível em Montenegro, sendo possível ser realizado em Lajeado, Novo Hamburgo e Porto Alegre. Na prática, o que é feito é a dilatação da artéria entupida e colocação de um “Stent”, conhecida popularmente como “molinha” que permite a passagem do sangue. O paciente deverá seguir em acompanhamento e tomando medicamentos.