A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e as Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e Infectologia (SBI), em parceria com o Ministério da Saúde, lançaram na quinta-feira ,9, a campanha de vacinação focada nas gestantes. O objetivo é sensibilizar as mulheres para a importância de se proteger contra doenças durante a gestação e seus recém-nascidos.
Dados recentes do Ministério da Saúde apontam queda na procura por vacinação de diversas imunizações pelo público gestante em 2017. A adesão à vacina dTpa (difteria, tétano e coqueluche), por exemplo, exclusiva para gestantes, foi de 38,5%, em 2017, enquanto a meta era atingir 95% do público-alvo. Esta vacina é ofertada no Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) há três anos.
Sob a temática “Calendário de vacinação da gestante: um sucesso de proteção para mãe e filho”, a campanha circulará até o dia 8 de junho e foi idealizada com o objetivo de melhorar a cobertura vacinal entre as futuras mães. O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferta quatro vacinas para gestantes: dTpa (difteria, tétano e coqueluche); dT (difteria e tétano); hepatite B; e influenza, esta última oferecida durante campanhas anuais.
Outras vacinas para gestantes com coberturas abaixo do esperado são a dT (difteria e tétano), que imunizou 59% das mulheres em idade fértil de 2013 a 2017; a Hepatite B, com 56% das mulheres protegidas em 2017; e a influenza, com 79% das gestantes vacinadas na campanha do ano passado.
As vacinas para gestantes são seguras e não causam problemas à saúde das mamães porque são de vírus inativados. Em determinadas situações epidemiológicas, vacinas de vírus vivo atenuado podem ser prescritas. É o caso da febre amarela, indicada para as gestantes de cidades onde há circulação do vírus com casos confirmados da doença.
Nesses casos, a avaliação é individual, de acordo com o estado de saúde de cada paciente, e o profissional de saúde responsável pelo pré-natal da gestante deve orientar.
Não se vacinar traz riscos à mãe e ao bebê
Para a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, a baixa adesão das gestantes às vacinas é um risco para a saúde das mães e bebês. “Durante a gestação, as mães e os bebês estão suscetíveis a doenças que podem ser evitadas com a adesão à vacinação. A infecção de doenças como tétano, coqueluche, hepatite B, difteria e influenza na gestação pode ocasionar problemas graves de saúde nas mães e bebês, e até levar a óbito. É importante que as futuras mães procurem as unidades de saúde e se protejam”, destacou Carla.
Além de zelar pela própria saúde, a gestante transfere os anticorpos obtidos com a vacinação — primeiramente por meio da placenta e, depois, pelo leite materno. Essa proteção é fundamental nos primeiros meses de vida da criança, já que o sistema imunológico ainda está se desenvolvendo e fortalecendo. “Aproximadamente 11% dos nascidos no Brasil são prematuros, grupo extremamente suscetível a infecções, em especial às respiratórias. Vacinar a gestante pode reduzir a prematuridade, evitando que as crianças tenham baixo peso aos nascer”, explicou a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai.
A campanha
Serão entregues nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país folhetos, cartazes e material para apoiar os médicos no momento da consulta, além de inserções em relógios de vias públicas.
Um site e uma página no Facebook também foram criados para divulgar o conteúdo informativo. Os internautas terão acesso a um e-book especial. A estimativa é a de que as ações na internet atinjam cerca de 19 milhões de pessoas.
Infecções de especial risco para a gestante e o feto
Gestantes, puérperas (45 dias após o parto) e crianças com até cinco anos responderam por 11,4% dos óbitos por influenza entre pessoas com fatores de risco no Brasil em 2017.
Ainda com relação à influenza, a fase mais crítica para o bebê é nos seis primeiros meses de vida, ou seja, antes da primeira dose da vacina. Estudos apontam que as chances de internação em UTI nesse período são 40% maiores se comparadas às de crianças entre seis meses e 12 meses.
Dos 2.955 casos de coqueluche registrados no Brasil em 2015, 1.850 (62,6%) aconteceram em menores de 1 ano. Das 35 mortes, 30 foram em menores de 3 meses.
Aproximadamente 11,1% dos casos de hepatite B verificados no Brasil, entre 1999 e 2015, ocorreram entre gestantes. A transmissão vertical (mãe-filho), com 6,2% do total, é fonte de infecção importante.
Cerca de 90% dos recém-nascidos que contraem hepatite B durante o parto desenvolvem a forma crônica. Em adultos, o índice é de 10%.
O tétano neonatal matava 6,7 a cada 1.000 nascidos vivos no fim da década de 1980, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Graças às políticas de vacinação, apenas 15 países ainda não conseguiram eliminar a doença. A região das Américas alcançou essa conquista em setembro de 2017.